Ufal firma parcerias para inovação tecnológica no setor produtivo de Alagoas
De forma associada a governos e representantes de setores, Universidade submete projetos à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
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Pesquisadores da área de inovação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) têm estabelecido parcerias com o setor produtivo do Estado para criar oportunidades de desenvolvimento local por meio de estratégias digitais.
Parece assunto complicado e distante da realidade, mas, na prática, o que os docentes da Ufal buscam, por meio de pesquisas atuais e corpo técnico qualificado, é cooperar para superar o atraso tecnológico que ainda impede o crescimento de grande parte dos negócios alagoanos.
De forma associada a órgãos do governo municipal, estadual, entidades que representam indústrias e pequenos empresários, a Ufal obteve projetos aprovados pelo edital Digital BR, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) do Governo Federal, que tem como objetivo selecionar propostas de transformação digital para o setor produtivo.
No total, 24 projetos foram submetidos, todos da região Nordeste, e 17 foram classificados em uma primeira etapa. Desses selecionados, dois contam com participação da Ufal, sendo que um deles, o Construção Alagoas em Rede, ficou em primeiro lugar. O outro projeto que também tem a parceria da Universidade é o Indústria Digital – Rede InovaAlagoas, que ficou na sétima colocação.
De acordo com o cronograma do edital, os projetos selecionados têm até o dia 27 de outubro para serem aperfeiçoados. Em setembro, os parceiros alagoanos se reuniram para avaliar os próximos passos para submissão das propostas consolidadas, com mais detalhes da execução, que deve ser feita até o dia 28 de outubro.
O resultado final só será divulgado em novembro, mas é grande a expectativa dos pesquisadores da Ufal para aprovação das propostas, por conta dos benefícios que poderão promover nos negócios locais.
Professor do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Ufal e responsável técnico titular do Indústria Digital, Edmundo Accioly aponta para o papel preponderante da Universidade na disseminação e utilização do conhecimento a favor da sociedade. “A nova proposta da instituição, representada pelo reitor Josealdo Tonholo, tem uma visão voltada além do ensino e da pesquisa de qualidade para a extensão com ênfase no empreendedorismo e na inovação, procurando aplicar esses conhecimentos em projetos voltados para o desenvolvimento de Alagoas”, ressalta.
O pesquisador Davi Bibiano, do Instituto de Computação (IC), integrante suplente da proposta, acrescenta que, com os dois projetos aprovados, “a pretensão é criar um ecossistema de inovação em Alagoas, unindo forças para promover o desenvolvimento local, considerando o atraso tecnológico nas micro, pequenas e médias indústrias maceioenses”.
Bibiano ainda argumenta que é necessário criar uma estrutura de interlocução da empresa com o ambiente externo e ressalta a importância de integrar academia e setor produtivo para alavancar a inovação industrial de Alagoas e do país.
“Precisamos criar um modelo durável e cooperativo que permita às empresas firmarem parceria com a academia, de uma forma que lhes permita permanecer continuamente conectadas à pesquisa em estágio inicial e acelerar a tradução dessa pesquisa em novos produtos ou serviços que impulsionam o crescimento econômico”, ressalta.
Mais sobre os projetos
O projeto Construção Alagoas em Rede tem como responsável técnico pela Ufal a professora Aline da Silva Ramos Barboza (Centro de Tecnologia - Ctec) e como suplente o professor do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) e atual reitor da Ufal, Josealdo Tonholo.
A iniciativa conta com a participação da Federação das Indústrias do Estado do Alagoas (Fiea), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Prefeitura de Maceió e do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscom – AL).
O objetivo do Construção Alagoas é criar uma marketplace (loja virtual que reúne itens de diferentes vendedores) para o setor da construção civil. O formato seria de um portal de e-commerce colaborativo, funcionando como uma espécie de banco de dados para construtoras, prestadores de serviço e fornecedores da cadeia da construção civil de Maceió.
Já os responsáveis técnicos do Indústria Digital – Rede InovaAlagoas são os professores José Edmundo Accioly de Souza (IQB) e Davi Bibiano Brito (suplente). O projeto é uma parceria entre Ufal, Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional de Alagoas (IEL), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação do Estado de Alagoas (Secti).
“A idealização surgiu da necessidade de suprir a carência das indústrias alagoanas em relação, principalmente, à transformação digital. Neste período de pandemia, a inovação tecnológica é de suma importância para manter as empresas no mercado”, afirma Accioly.
O professor Bibiano acrescenta que a proposta busca “criar mecanismos de suporte para empresas do setor industrial, de diferentes segmentos da economia, para superar o atraso tecnológico, garantindo o posicionamento como centro de difusão de novas tecnologias, acelerando o desenvolvimento do Ecossistema de Inovação”.
Ele ainda relata que o projeto é “focado na necessidade de empresas identificadas como 'Imigrantes Digitais', que precisam se adequar às mudanças de mercado e da sociedade”. O projeto, acrescenta o pesquisador, busca “implementar uma metodologia abrangente de aceleração da transformação digital das indústrias, que contemple todas as fases do processo de gestão da inovação e que aumente o patamar tecnológico das empresas no ambiente da Indústria 4.0”.
Resultado da seleção
O resultado final do Digital BR deve ser publicado em novembro. Os projetos selecionados vão receber um aporte financeiro da ADBI, a partir de R$ 500 mil até R$ 3 milhões, para executar um piloto por seis meses a partir de janeiro de 2021.
“A seleção será feita com a ajuda de uma consultoria contratada pela ABDI. Os recursos serão utilizados para implantar projetos-piloto com 10 empresas”, informa Bibiano.