Ufal participa de estudo internacional que associa calor à produtividade
Pesquisa publicada na Nature projeta altas temperaturas até o final do século e redução de até 40% no desempenho dos trabalhadores; Estudo tem a Índia como referência
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O professor Humberto Barbosa, do Instituto de Ciências Atmosféricas da Ufal (Icat) participou de um estudo publicado na Nature Scientific Reports que trata sobre o aumento do nível de estresse por calor nos trabalhadores. O artigo intitulado Projections of heat stress and associated work performance over India in response to global warming, foi realizado com dados específicos da Índia, mas o assunto é de interesse e preocupação mundial.
Pela média de 18 modelos estudados, “as projeções futuras de estresse de calor no verão mostram níveis crescentes, sem precedentes, nos cenários de emissão RCP 4.5 e RCP 8.5 na Índia”, cita o artigo. RCP (tradução livre de Caminhos Representativos de Concentração) é calculado com base no número de reflexão de radiação, ou seja, a capacidade de dissipar calor em cada um dos cenários. A escala vai de 2.6 (otimista) a 8.5 (pessimista).
O estudo avalia o verão em três recortes de tempo para projetar as altas temperaturas em função do aquecimento global: 2016-2035, 2046-2065 e 2080-2099. Segundo a pesquisa, até o final do século os verões terão períodos mais longos de dias quentes, com elevação de até 5º C nos termômetros do país asiático.
“O exame do estresse por calor nas regiões costeiras leste e oeste, indicou o domínio de dias de extrema cautela por ano no RCP 4.5 e 8.5 seguido por dias de perigo. Os resultados mostram que, entre as duas regiões costeiras, a costa leste da Índia pode enfrentar um maior número de dias de estresse térmico no futuro em ambos os cenários de emissão. Excepcionalmente na região da costa leste, as pessoas sofrem com estresse por calor mais de 60 dias durante o verão de um ano na categoria de extrema cautela, enquanto excede 40 dias na categoria de perigo, no final do século”, apontam os pesquisadores.
Segundo Barbosa, nos últimos anos no Brasil, impactos das mudanças ambientais como queimadas e desmatamentos, têm tornado as condições climáticas mais propícias ao aumento das ondas de calor. É o caso das altas temperaturas recentemente observadas, principalmente no Centro-Sul do País.
Esta pesquisa resultou de articulações estabelecidas durante a participação do pesquisador da Ufal no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), como autor-líder do capítulo sobre degradação ambiental.
Reflexo no trabalho e na produtividade
Com as frequentes e mais resistentes ondas de calor durante o século 21, a pesquisa publicada na Nature Scientific Reports, com participação do professor da Ufal, mostra uma queda de 30% a 40% no desempenho do trabalho na Índia até 2099.
Para esse estudo, os cientistas levaram em consideração não apenas as temperaturas, mas também a umidade do ar. “A umidade desempenha um papel importante no desconforto devido ao aquecimento e deve ser integrada para estimar o índice de estresse por calor, principalmente em países tropicais”, justificam.
Segundo a pesquisa, são as crescentes concentrações de Gases de Efeito Estufa, por ação humana, que causam esse aquecimento incomum no planeta Terra. O reflexo disso são os danos à saúde e às atividades econômicas de milhões de pessoas que trabalham em ambientes externos ou internos sem controle térmico. Para os pesquisadores, os níveis gradativos de estresse por calor representam um grande desafio para as políticas públicas de enfrentamento.
“A redução no desempenho do trabalho, por calor extremo, na Índia, chama atenção para a adoção de novos protocolos, que evitem doenças causadas pelas altas temperaturas, para reduzir os riscos à saúde, e para manter a produtividade no trabalho, essencial para o bom funcionamento da economia. O assunto interessa a todos os países, pois a crise climática ameaça a produtividade de todo o sistema econômico global”, conclui o professor Humberto.
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