Ufal exporta tecnologia para monitoramento nas eleições da Paraíba

Ferramenta criada por laboratório do Instituto de Matemática vai ajudar Ministério Público a monitorar redes sociais dos candidatos

Por Manuella Soares - jornalista
- Atualizado em
Professor Kreley Oliveira na reunião on-line com MPPB
Professor Kreley Oliveira na reunião on-line com MPPB

Explorar a internet, por meio das redes sociais, para difundir uma campanha eleitoral é um artifício que deixou de ser tendência e está cada vez mais forte e concreta. Em meio à pandemia, os candidatos têm esse recurso como aliado, mas para fiscalizar abusos e combater notícias falsas, o Laboratório de Estatística e Ciência de Dados (LED), do Instituto de Matemática (IM) da Ufal, tem feito grande contribuição.

Numa parceria firmada com o Ministério Público da Paraíba (MPPB) foi criada uma ferramenta que preserva as informações publicadas nas redes sociais e servem como provas digitais em caso de descumprimentos das leis eleitorais. O Monitora77, em alusão ao número de zonas eleitorais do Estado, auxilia na investigação de condutas dos candidatos e iniciou o trabalho de varredura dos dados publicados em perfis-alvo no Instagram.

O secretário de Planejamento e Gestão, promotor Leonardo Quintans, agradeceu o compromisso da Ufal com esse projeto. “A gente sabe que a Universidade tem uma missão muito importante; tem o papel de contribuir com a sociedade não só com a propagação do conhecimento, mas com a aplicação dele e, nessa aplicação, na mudança da realidade social, como o Ministério Público busca também. Então, a parceria com a Universidade é um caminho muito frutífero”, destacou, enaltecendo o trabalho do LED, coordenado pelo professor Krerley Oliveira.

Os dados não são monitorados em tempo real, mas podem registrar todas as informações com datas retroativas e o acesso é restrito ao MPPB. Em uma semana de trabalho, já foram atualizadas milhares de postagens com as referidas mídias, entre fotos e vídeos.

Mesmo que os posts sejam apagados, a ferramenta consegue rastrear pelo código gerado na internet. Mais detalhes sobre o funcionamento do Monitora77 não serão disponibilizados ao público por uma questão de segurança nas investigações. O recurso vai facilitar o trabalho dos promotores envolvidos com as eleições municipais na Paraíba.

“Estou grata por ter firmado essa parceria com a Ufal, agradeço ao professor Krerley. Esse ano é atípico para nós que trabalhamos no eleitoral porque praticamente toda eleição é feita na internet por causa da pandemia, então é muito difícil, e dessa dificuldade temos esse fruto. Eu agradeço ao professor e aos alunos que trabalharam de uma forma célere para transformar o que para nós é difícil numa ferramenta fácil”, ressaltou a promotora Dulcerita Soares Alves, enfatizando ainda a participação dos estudantes do Laboratório, maioria oriunda de escolas públicas e medalhista em olimpíadas de matemática.

Apresentação da ferramenta

Numa reunião on-line na manhã desta terça-feira (10), o professor Adriano Barbosa, membro do LED e chefe de desenvolvimento da equipe, apresentou a ferramenta Monitora77 e explicou todas as possibilidades de uso para a checagem de conteúdo. Ele também reforçou o empenho dos alunos José Augusto Silva, do curso de Engenharia de Computação, e Maurício Maciel, de Matemática, que trabalharam no projeto de parceria com o MPPB.

O professor Krerley falou sobre a oportunidade de abrir espaço para talentos como esses estudantes e salientou que a experiência que o laboratório já tem com questões do judiciário em Alagoas serviu de ponte para a parceria firmada com o MP da Paraíba.

“A gente tem um projeto de inteligência artificial com o judiciário de Alagoas, mas no de internet é o primeiro projeto de monitoramento e acho que ele vai dar muitos frutos, porque é muito interessante e está bem alinhado ao que a gente faz. Esse é só o primeiro passo na colaboração em prol da sociedade. Só temos a agradecer a oportunidade e a confiança”, finalizou.