Ufal divulga relatório de pesquisa sobre sociedade civil e pandemia

Documento ressalta a importância do engajamento comunitário para a efetiva comunicação dos riscos e do controle da epidemia em contextos locais

Por Jacqueline Freire - jornalista
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Em junho, quando a pandemia do Coronavírus ainda era uma incógnita para muitos pesquisadores, a Universidade Federal de Alagoas iniciou um levantamento que resultou no relatório intitulado “Sociedade Civil em Maceió /AL: respostas solidárias à crise da pandemia de covid-19”. A importância desta pesquisa se deve ao cenário nacional, onde o Coronavírus tem continuamente se agravado e, por isso mesmo, requerido ações dos diferentes setores da sociedade (Estado, Mercado e Sociedade Civil). 

Organizada pelos professores Leonardo Leal, Maria Amélia Corá, Luciana Santana e Emerson Oliveira do Nascimento, juntamente com a gestora social Renata Amorim Malta, os resultados da pesquisa apresentam um conjunto de informações, na perspectiva das lideranças comunitárias, sobre as ações e desafios da sociedade civil e as políticas públicas desenvolvidas ou em desenvolvimento voltadas à mitigação das consequências sociais e econômicas da pandemia de covid-19 na cidade de Maceió/AL.

Os dados apresentados foram extraídos de entrevistas on-line dirigidas a representantes de 100 organizações da sociedade civil alagoana. Durante o estudo foram debatidos os principais problemas enfrentados por essas populações, diante do avanço da pandemia. Segundo o professor Leonardo Leal, a identificação e acompanhamento desses problemas permitem a antecipação de crises e o gerenciamento de riscos, tanto pelo poder público, quanto pelas próprias comunidades.

“As lideranças e representantes comunitários são fontes estratégicas de informação, pois estão em posição de centralidade nas comunidades e cotidianamente mobilizados no enfrentamento dos problemas mais graves que atingem suas localidades”, explica o professor.

“Em diálogo constante com a população, recebem demandas, gerenciam conflitos e possuem um olhar mais integrado sobre os territórios em que atuam. Cabe registrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta a importância do engajamento comunitário para a efetiva comunicação dos riscos e do controle da epidemia em contextos locais, principalmente em comunidades de alta vulnerabilidade socioeconômica”, revela. “Por seu conhecimento do território, por sua experiência e pela capilaridade de suas redes pessoais, as lideranças comunitárias exercem papel estratégico na disseminação de medidas de prevenção ao vírus e na construção de soluções alternativas aos danos sociais da pandemia”, afirma.

A pesquisa conta com oito dimensões analíticas: Perfil e características das OSC; Relações com governos e políticas públicas; Percepção dos líderes comunitários sobre as medidas de proteção social; Ações de segurança alimentar e nutricional; Trabalho e renda; Percepção dos líderes comunitários sobre os impactos na educação e acesso à informação; Percepção dos líderes comunitário sobre violência e segurança pública; Desafios e perspectivas das organizações da sociedade civil.

“Finalmente, é extremamente importante não somente o estudo das ações da sociedade civil no período, mas, também, as percepções das lideranças comunitárias acerca dos efeitos destas ações visando a mitigação dos efeitos sociais, políticos e econômicos gerados pela pandemia. A crise sanitária instaurada pelo novo Coronavírus tem realçado as desigualdades sociais e amplificado a vulnerabilidade de muitas comunidades. Apoiada por esta perspectiva, a pesquisa tem o potencial de revelar a importância das ações das organizações da sociedade civil no contexto da pandemia e explorar a percepção das lideranças comunitárias quanto aos custos e a eficiência de muitas das medidas adotadas”, conclui Leal.