Integração é proposta para implementar a curricularização da extensão

Proex vai propor reformulação da curricularização e buscar recursos para preservar equipamentos culturais

Por Manuella Soares – jornalista
- Atualizado em
Clayton Santos, pró-reitor de extensão (Foto: Renner Boldrino)
Clayton Santos, pró-reitor de extensão (Foto: Renner Boldrino)

Uma das diretrizes da Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alagoas (Proex) sob a gestão do professor Clayton Santos busca proporcionar visão e ação extensionistas mais integradoras na Ufal. A ideia é reforçar o trabalho nas diversas unidades acadêmicas e promover maior articulação com os campi do interior, sempre em sintonia com a necessidade de se ter uma universidade mais presente na sociedade.

O diálogo e a vontade de fazer foram os aspectos mais ressaltados pelo novo pró-reitor da Proex para nortear o trabalho que inicia enfrentando problemas nas duas coordenações estratégicas, que conduzem as ações extensionistas e os equipamentos culturais.

Conhecedor da Ufal como estudante, de 1995 até 2000, quando cursou graduação e especialização, até a vivência como docente, com vínculo institucional desde 2004, Clayton é doutor em Ciências Sociais – Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e está à frente da Proex com o apoio dos coordenadores de área, os professores Sérgio Onofre e Cezar Nonato.

Segundo o pró-reitor, as ações extensionistas da Ufal serão continuadas e ampliadas. “Isso pode ser feito a partir do momento em que você estreita o laço com a comunidade externa, diversifica a oferta de programas e busca formas mais abrangentes de custeio. Nós sabemos que há uma realidade orçamentária mais restrita, então, buscando outras fontes de fomento, que não seja somente do orçamento da união, dá pra fazer mais, ampliar”, ressaltou.

Ele destaca, ainda, que a questão da curricularização da extensão precisa ser repensada diante das características dos cursos. A comunidade universitária precisa ser mais ouvida nesse processo. A decisão do Consuni [de aprovar] é soberana, porém, da forma como foi feito, as especifidades de cada curso, de cada área do saber, de cada rotina profissional, das dinâmicas dos cursos, não foram pensadas em suas múltiplas realidades. Vamos propor um novo debate sobre o tema, buscando implementar a curricularização, mas flexibilizando o modelo atual, integrando os cursos da Universidade, aproveitando nosso amplo rol de ações extensionistas já em curso. Sem açodamento, debatendo novos prazos. A extensão precisa ser presente na comunidade e ser vetor de crescimento para nossos estudantes”, alertou Clayton.

Ouvir o Consuni com o intuito de flexibilizar e aperfeiçoar a resolução é uma proposta inicial da equipe para estimular as ações de extensão e evitar o “engessamento” dos projetos que, de acordo com o pró-reitor, podem esbarrar em limitações por não se enquadrar no que já foi determinado.

“Tem cursos onde a prática extensionista já é bastante forte. A gente não pode trabalhar na visão da divisão, tem que ser com a postura da integração. Por que Artes não pode dialogar com Física para propor um projeto de extensão? Por que Física não pode dialogar com Ceca? Por que Ceca não está dialogando com a Comunicação? Comunicação com a Medicina? Por exemplo”, questiona, e propõe: “As áreas precisam dialogar, não é producente a gente pegar um modelo único e aplicar de forma separada, compartimentada em cada área acadêmica. Queremos propor um modo mais flexível de fazer, que prime pela questão da integração, da valorização do trabalho dos docentes e técnicos envolvidos e, especialmente, na formação de nossos alunos”.

Os planos dessa área na Proex estão sendo pensados com a colaboração da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) para melhorar o que foi feito e também estimular a maior participação nos campi do interior. Para fazer uma gestão eficiente, Clayton ainda ressalta a importância de dar atenção ao aperfeiçoamento dos processos internos. Ele salienta que o fluxo de cadastro dos projetos precisa funcionar com mais agilidade.

Preservação do patrimônio cultural

“A situação é de calamidade”, afirmou o pró-reitor de Extensão, Clayton Santos, sobre o estado dos prédios onde abrigam os equipamentos culturais da Ufal. A crítica é devido, especialmente, aos problemas encontrados no Espaço Cultural. “Está caindo aos pedaços, tudo quebrado, destruído”, relatou. “Ali temos que pensar e, principalmente, fazer. Não é um trabalho de um ano só”, disse, ressaltando que está entre as prioridades da gestão, bem como uma análise de infraestrutura para reforma no Museu Theo Brandão de Antropologia e Folclore, melhorias para o Museu de História Natural, Usina Ciência e demais equipamentos.

Santos adianta que uma das propostas é criar uma política cultural da Universidade, estabelecer o que a instituição quer como diretriz e prática no campo da cultura. Fazem parte dos equipamentos culturais da Ufal os museus Theo Brandão (MTB) e de História Natural (MHN), Pinacoteca, as orquestras Sinfônica (OSU) e Pedagógica da Ufal (OPU), Corufal, Corpo Cênico, Núcleo de Percussão, Usina Ciência e o grupo Abí Axé Egbé.

A missão que os novos gestores da Proex assumiram terá alguns desafios, mas Clayton conta que estão aqui para “correr atrás”. Ele afirma que todos estão cientes dos problemas de recursos, mas que buscarão medidas para solucionar. E argumenta:

“O que está lá em nossos museus, além da estrutura física e do saber acumulado, é um patrimônio alagoano e do povo brasileiro. A gente está lá para gerir, o patrimônio está sob tutela da Universidade, então tem que encontrar uma forma para que seja preservado. Não ter dinheiro é um detalhe, o que não pode é não ter atitude”.