Estudo na Ufal cria resina enriquecida com própolis para restauração dentária
Produto inédito foi resultado de tese de doutorado no Instituto de Química e Biotecnologia
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Patente depositada e trabalho defendido! Todos os dias a Ufal faz ciência e história. O aluno do doutorado em Química e Biotecnologia, Marcos Oliveira, contribuiu para mais um avanço na qualidade do ensino da Ufal e, principalmente, para oferecer à sociedade um produto novo na área de saúde bucal.
A partir de vários experimentos, o pesquisador chegou a uma formulação de resina composta, utilizada em restaurações dentárias, que é anticárie e com citotoxidade menor do que a comercial. “Significa que ela vai dificultar o aparecimento da cárie e vai agredir menos a mucosa da gengiva e da bochecha”, explicou Marcos.
O novo produto foi conseguido graças à adição de própolis vermelha, extrato da vegetação encontrada nos manguezais de Alagoas, que permitiu a resina enriquecida, revelando resultados inéditos.
De acordo com o trabalho, ao incorporar a própolis vermelha às resinas experimentais, houve “aumento da resistência técnica dos compósitos” e das “regiões de ligações cruzadas na estrutura do compósito”. O resultado mostrou que a atividade antibacteriana frente ao Streptococus mutans - bactéria causadora de cáries – foi “capaz de eliminar 90% das unidades formadoras de colônia após uma hora de contato direto, enquanto que a resina comercial não apresentou atividade antibacteriana significativa”, com menos de 0,05 de referência.
Esses números foram apresentados na banca de defesa da tese científica de Marcos Oliveira, no último mês de fevereiro. Com orientação do professor Josealdo Tonholo e co-orientação de Ticiano Nascimento, as especificidades do trabalho exigiram o apoio de vários laboratórios.
“Sozinho eu não ia conseguir. Estão envolvidos ICBS [Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde], Farmácia, Química, Física, Ctec e Ifal [Instituto Federal e Alagoas], além de um laboratório de Piracicaba [São Paulo]. Essas colaborações foram de extrema importância pra o nosso trabalho ter chegado a esse resultado. Chegamos a uma formulação hoje que tem essas características, mas o trabalho não para por aqui, ainda tem muita coisa a ser aproveitada. Ainda tem muita coisa a se fazer”, ressaltou.
Foco e dedicação
A conclusão da pesquisa deu a José Marcos dos Santos Oliveira o título de doutor em Química e Biotecnologia, aos 28 anos de idade. O incentivo veio dos irmãos mais velhos e o apoio ele encontrou na Universidade Federal de Alagoas, onde estuda desde 2009. Emendando graduação, mestrado e doutorado, Marcos conta que a semente para a pesquisa foi plantada durante as experiências no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), já no segundo período do curso de Farmácia.
“Desde 2009 o professor Ticiano me deu o projeto de própolis para tocar. Essa oportunidade foi primordial, porque eu aprendi a entrar num laboratório, fazer perguntas, pesquisar e lutar para responder essas perguntas. E com o professor Ticiano e o professor Tonholo eu aprendi a aplicar o conhecimento dessas perguntas para o desenvolvimento de produtos”, comentou orgulhoso e agradecido.
Filho de um vendedor de Palmeira dos Índios e de uma costureira de São Miguel dos Milagres, Marcos Oliveira tem seu nome assinado em três patentes depositadas, duas patentes publicadas e sete artigos científicos, só com os resultados do trabalho durante o doutorado. Um deles, na revista Scientific report, do grupo Nature, referência mundial em ciência.
O jovem doutor não esconde a felicidade em ter chegado até aqui e é enfático em dizer que esse é só o começo do caminho, porque com toda a sabedoria de cientista, pretende usar seu conhecimento à favor da população:
“Eu quero me colocar à disposição da sociedade alagoana para contribuir, porque eu recebi esse investimento, então, me coloco a disposição para contribuir com o maior empenho para formação de pessoas, seguir a docência, pesquisa e desenvolvimento de produtos”.