Pesquisadora apresenta na França trabalho sobre jornalismo esportivo e gênero

Estudo de Lídia Ramires foi realizado para o pós-doutorado na Universidade de Tolouse

Por Lenilda Luna - jornalista
- Atualizado em
Professora Lídia Ramires
Professora Lídia Ramires

A pesquisadora em Comunicação Social, Lídia Ramires, da Universidade Federal de Alagoas, concluiu e apresentou, a pesquisa do pós-doutorado na Universidade de Tolouse (França). O tema do trabalho é Deixa Ela Trabalhar: jornalismo esportivo e gênero, sobre o assédio às mulheres jornalistas na cobertura esportiva no Brasil e em outros países.

O estudo foi motivado pela experiência pessoal da pesquisadora e pela observação do relato de outras profissionais sobre as mesmas situações que ela vivenciou, na cobertura esportiva ao redor do mundo. “No final da década de 1990, eu trabalhei como repórter esportiva para a Rádio Difusora e para a Rádio Gazeta, mas não integrei a equipe de cobertura da Copa do Mundo de Futebol na França, em 1998, por ser mulher”, contou Ramires.

Esse impedimento de atuar numa cobertura internacional, fez com que Lídia Ramires escolhesse outras direções para a carreira. “Resolvi pesquisar a relação de gênero e mídia, especificamente, a presença da mulher no mercado de jornalismo. Minha pesquisa de pós-graduação analisa o Movimento Deixa Ela Trabalhar, criado por 52 jornalistas, que sofreram assédios em várias coberturas, em 2018”, relatou a pesquisadora.

Os dados podem ser encontrados nos perfis virtuais da campanha. “É um manifesto de profissionais exigindo respeito. Também fizemos um cruzamento com uma pesquisa inédita, a maior pesquisa realizada no Brasil, intitulada Mulheres na Mídia, que trata da mulher no mercado de trabalho de jornalismo brasileiro, desenvolvida pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com a Google News Lab. Essa pesquisa foi feita em 271 veículos com mais de 400 jornalistas”, informou Ramires.

Segundo os relatos levantados pela professora, as situações revelam um assédio sistemático, que não pode ser ignorado. “Os casos vão desde respostas grosseiras de técnicos, jogadores e até colegas de trabalhos, a outros comportamentos intimidadores, que acontecem na arquibancada, no campo, no pub, sempre na lógica de que aquele não é um ambiente para mulheres”, destacou.

A pesquisadora ressalta que, infelizmente, essa não é uma situação apenas do Brasil. “Fizemos um cruzamento com o cenário internacional, que não difere muito do que temos aqui. Com análise do discurso, sob a perspectiva francesa, ouvindo jornalistas dos EUA, França, Holanda, Suíça e Suécia. É sofrido para essas profissionais, e causa sofrimento também à pesquisadora, quando a gente pensa que esse preconceito está em todos os segmentos, em todos os países”, declarou.

Em breve a pesquisa será disponibilizada em periódicos científicos. 

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