Escola Técnica de Artes promove confecção de EPIs contra a covid-19
Com trabalho voluntário, alunos e professores estão unidos, de casa
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Apesar das atividades letivas estarem suspensas, a Universidade Federal de Alagoas continua se movimentando para servir à sociedade alagoana. Dentre as várias ações, a diretoria da Escola Técnica de Artes (ETA) da Ufal, junto ao curso de Produção de Moda, se mobilizou para a ação “ETA Solidária”. O grupo tem confeccionado de casa e doado Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para seis instituições.
Os beneficiados são lares de idosos, um abrigo para moradores de rua, dois postos de saúde e o Hospital Universitário. Ao todo mais de mil unidades de materiais já foram produzidas e distribuídas pela equipe de voluntários.
Elizete Menezes, atual coordenadora do curso de Produção de Moda, explica que, uma vez lançada a proposta, os voluntários, que são alunos e ex-alunos, assim como alguns professores, começaram a trabalhar de casa com o apoio de profissionais de saúde e alguns empresários locais, para conseguir as doações de material e confeccionar centenas de máscaras de tecido e aventais cirúrgicos.
Ela esclarece que um transporte próprio da universidade está levando a matéria prima e buscando os produtos já prontos nas residências de cada um dos envolvidos. Algumas máscaras foram distribuídas junto com instruções para o uso correto e recomendações de saúde. Dentro da coordenação do projeto está também a Professora Bruna Marques que, recém efetivada no curso de moda, ainda não teve contato em sala de aula por causa da pandemia. Mesmo assim, abraçou a iniciativa e está orientando os trabalhos.
“A gente está servindo a sociedade. Eu fui empossada no mês passado, não tive contato ainda com os alunos, com a ETA, mas me disponibilizei a colocar a mão na massa e dar vida a esse projeto. De fato, ajudando no mínimo, atendendo a pessoas que precisam desse apoio e prestando esse serviço que é o nosso papel como servidor público”, salienta a professora. Ela ainda afirma que agir dessa maneira acaba também se tornando terapêutico para os envolvidos nesse tempo de preocupações. “A gente vai trabalhando e recebe uma mensagem, um agradecimento, isso impulsiona. E tudo aquilo que a gente vivencia acaba sendo mais tranquilo de superar”, completa.
O sentimento de utilidade é compartilhado pelos alunos voluntários. A estudante Jeysse kelly observa que a união é necessária nesse momento, e que está feliz enquanto aluna de moda em dar a sua contribuição. “A moda está mostrando a sua importância nesse momento, sendo útil e funcional na ajuda ao combate do vírus. Estamos levando proteção e segurança para todos”. A estudante ainda destaca que em uma semana o projeto produziu cerca de 1000 máscaras e 90 aventais.
Segundo o diretor da Escola, Davis Farias, um dos principais articuladores da ação, foi essa intenção de contribuir que norteou a ideia. “Artista não consegue ficar parado. Então nos questionamos o que fazer para, além de movimentar a escola à distância, também colaborar ao combate da Covid-19. A Ufal compreende a necessidade do isolamento social. Mas não significa que estamos acomodados e que não estejamos inquietos e saudosos”, ressalta. Ele também afirma que a ação poderá inclusive ser absorvida pela escola como uma atividade de extensão para os alunos que praticam as atividades de criação, modelagem e costura durante a confecção das peças sob a orientação online das professoras.
Já tendo concluído algumas entregas, a equipe continua os trabalhos para recolher ainda mais material e continuar alimentando a demanda de equipamentos de proteção durante esse período. Para contribuir, basta procurar o perfil da Escola no Instagram (@eta.ufal) para ter acesso à lista de materiais e às informações sobre como doar.
Doações para o Hospital Universitário
Quanto a arrecadação das máscaras “caseiras”, Thaísa Mirelle, enfermeira da Oncologia do Hospital Universitário, iniciou no começo do mês de abril uma série de pedidos no seu Instagram pessoal para conseguir doações desse material para os pacientes em tratamento no Hospital.
Ela explica que essas máscaras não podem ser usadas pelos profissionais de saúde em exercício, que precisam guardar as máscaras cirúrgicas descartáveis para seu uso diário. A enfermeira observa que, desse modo, as pessoas que precisam se deslocar quase que diariamente ao hospital, não podendo suspender as sessões de quimio e radioterapia, ficam totalmente desprotegidas.
“Elas já possuem a saúde fragilizada e estão muito expostas. Como são muitas e é pedido pelo menos duas máscaras para cada um, seria um montante muito grande para solicitar ao hospital”, explica. Ela ainda afirma que, à medida que as postagens foram sendo compartilhadas, também foi recebida ajuda no hospital para higienizar, embalar e armazenar essas máscaras e distribuí-las, e que outros setores como a nefrologia e a maternidade também já tem a intenção de arrecadar para proteção dos seus pacientes.
Das pequenas doações de unidades, até a maior doação recebida, que foi o montante produzido e doado pela ETA Solidária, Thaísa já contabiliza 226 pacientes atendidos. “Nessa escassez nós viríamos a sentir falta desse equipamento. Essa ajuda já nos salva muito na atual situação da demanda por esses objetos, se torna muito significativo”, ela enfatiza. Além das máscaras, a ação da Escola de Artes também doou noventa aventais cirúrgicos, os chamados “capotes” que cobrem o corpo todo, para as equipes do HU.