Cientistas analisam ações dos governos estaduais para enfrentar pandemia

Análises têm sido publicadas no jornal digital Nexo e na página da ABCP

Por Lenilda Luna - jornalista
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A pandemia do covid-19 exigiu respostas rápidas dos governantes ao redor do mundo. No Brasil, os governos estaduais organizaram-se de diversas formas para conter a disseminação da doença, com estratégias que foram algumas vezes contestadas pelos setores empresariais e econômicos e até mesmo por autoridades do Governo Federal. “Não é difícil compreender que o protagonismo dos governos estaduais durante a pandemia está relacionado à ausência de uma coordenação federal para a crise”, destaca Luciana Santana, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Cientistas políticos das Universidades públicas brasileiras direcionaram as pesquisas para acompanhar e analisar essas ações governamentais e os impactos político-sociais da pandemia e das medidas tomadas para enfrentá-las. “Pesquisadores procuraram entender as mudanças que estamos enfrentando neste momento, com reflexos em vários outras situações que já vinham sendo pesquisadas, como as desigualdades sociais, a violência doméstica, entre outras”, relatou a professora.

A primeira publicação especial, em 10 de maio, na revista Nexo, um jornal digital dedicado a análises mais aprofundadas e interpretativas dos fatos,  fez um apanhado de todas as medidas tomadas pelos governos estaduais, reunindo reflexões de mais de 40 cientistas políticos, que produziram 27 ensaios, um para cada estado e Distrito Federal.  A professora Luciana Santana falou sobre esses artigos em entrevista ao vivo no canal do youtube da Ufal, em 27 de maio. “Em termos de Brasil, subestimaram muito a crise e o Governo Federal não se preparou em tempo hábil para conter a pandemia”, questionou a cientista política durante a entrevista.

No dia 8 de junho, os artigos dos pesquisadores produzidos para esse boletim especial sobre a pandemia foram publicados no site da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), uma entidade sem fins lucrativos, que reúne pesquisadores, professores e estudantes da área de Ciência Política. “Se há um mês analisávamos as medidas adotadas pelos governadores para frear o avanço da doença, especialmente o isolamento social, agora estamos diante de novos cenários. Alguns prefeitos e governadores já começam a adotar medidas de reabertura do comércio, flexibilizando o isolamento”, contextualiza a pesquisadora Luciana Santana no editorial da publicação

Mais recentemente, no dia 11 de junho, o site da ABCP publicou mais um artigo sobre o tema, intitulado As ações de Alagoas no enfrentamento à pandemia, assinado pelos pesquisadores Luciana Santana, Emerson do Nascimento e Esdras de Lima Andrade. “A situação da pandemia do novo coronavírus no estado de Alagoas ainda é bastante preocupante e o cenário não é nada otimista. Especialmente porque trata-se de um estado que possui indicadores sociais perversos e alta concentração de renda. Estes aspectos não somente dificultam a gestão do problema como amplificam os desdobramentos de ordem epidemiológica sobre a população, ampliando os desafios por parte do poder público, em todas as suas esferas”, refletem os pesquisadores neste artigo.

Os cientistas políticos vão continuar acompanhando e analisando esse momento dramático que estamos vivendo no país e no mundo, e produzindo textos com análises contextualizadas de cada um dos estados, sobre políticas públicas dos governos no enfrentamento à pandemia, diante das pressões sociais, econômicas e da evolução dos casos de contaminação, capacidade de atendimento da rede hospitalar e velocidade de disseminação do vírus. “Precisamos persistir nesse tema para contribuir com o processo de tomada de decisão das autoridades governamentais nesse momento”, conclui a professora Luciana Santana.