Projetos da Ufal na área de monitoramento ambiental captam mais de R$ 800 mil

Recurso será utilizado para pesquisas em ambientes aquáticos de Alagoas

Por Thâmara Gonzaga – jornalista
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Pesquisadores durante Expedição do Rio São Francisco em 2019
Pesquisadores durante Expedição do Rio São Francisco em 2019

Três projetos aprovados e recursos captados no valor de mais de R$ 800 mil. Financiamento conquistado por pesquisadores da Ufal e que serão revertidos em ações de monitoramento de alguns dos principais ambientes aquáticos de Alagoas, como o Rio São Francisco e demais regiões estuarinas.

Por meio desse acompanhamento científico, o Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), em conjunto com outros departamentos e institutos da Universidade, pretende montar um banco de dados com informações atualizadas para auxiliar na gestão dos recursos hídricos do Estado. “São projetos que, embora não estejam totalmente interligados, fazem parte de uma grande iniciativa que é o biomonitoramento ambiental das regiões aquáticas alagoanas”, informa o coordenador, Emerson Soares.

O docente detalha que o objetivo do trabalho de observação contínua é ter informações em tempo real, incluindo monitoramento autônomo por meio do uso de robótica ambiental. “Queremos ter uma historiografia, uma radiografia da situação desses ambientes e ter dados para discutir quando aparecer questões polêmicas, tal como foi a causa óleo no litoral alagoano, e problemas com contaminantes em geral”, afirma.

Ele lembra que, apesar de Alagoas ser conhecida por suas águas, não há um programa específico que ateste as condições desses locais. “Precisamos, realmente, criá-lo para ajudar nos assuntos de turismo, pesca, qualidade do pescado, entre outros temas. Com os projetos aprovados, cobrimos uma parte da região estuarina e de água doce, com seus grandes e importantes rios, e poderemos ajudar nas políticas públicas ambientais no Estado”, explica.

Os recursos captados serão destinados, em parte, para compra de equipamentos. Mas o maior uso será para custeio de reagentes, realização de análises e para ajudar pesquisadores que vão atuar nos trabalhos. Juntando todas as frentes de atuação, são cerca de 54 pessoas envolvidas, entre pesquisadores do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e Ceca.

“Foram várias reuniões e inúmeras horas de trabalho para apresentar às instituições financiadoras e aos parceiros os nossos intuitos. É um esforço de quase de três anos de dedicação para que a gente crie esse grande programa de biomonitoramento”, destaca Emerson.

Projetos aprovados para execução em 2020

Realizada desde 2018, a Expedição Científica do Rio São Francisco tem mais uma edição garantida. A previsão é de que ocorra em outubro deste ano. Por meio de projetos como o da expedição e de monitoramento de ambientes, são realizadas atividades que poderão mitigar problemas como mortalidades de peixes, impacto dos efluentes nos ecossistemas e nas comunidades ribeirinhas.

O projeto reúne mais de 40 pesquisadores e conta com recursos de R$ 250 mil anual. O financiamento é do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Além de servir para financiar as expedições, os recursos são utilizados no biomonitoramento do Baixo São Francisco. “Realizamos trabalho envolvendo limnologia [análise da qualidade da água], poluentes, desmatamento, assoreamento, educação ambiental, mapeamento, batimetria, pesca e parte socioeconômica das comunidades”, detalha Soares.

Mais um projeto com financiamento conquistado pela equipe de pesquisadores da Ufal visa monitorar o ambiente estuarino como a lagoa Manguaba e alguns afluentes, contando com recursos de cerca de R$ 100 mil para execução.

A outra iniciativa também já aprovada contempla o Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba e é a que tem o maior valor. No total, R$ 500 mil serão repassados por emenda impositiva do deputado estadual Cabo Bebeto. Assim como os anteriores, o foco é o monitoramento ambiental. Além de Soares, o pesquisador Carlos Ruberto (Ctec/Ufal) integra a coordenação do projeto. 

“Estamos negociando e esperando a possibilidade do recurso sair em 2020. A expectativa é que, assim que passe essa fase, o dinheiro seja destinado ao trabalho e consigamos implementar as ações”, relata o professor.

Outras iniciativas

Atuando em pesquisas que têm como foco principal os ambientes aquáticos, o docente Emerson Soares, com o apoio de vários pesquisadores da Ufal, tem participado de uma série de iniciativas voltadas para a preservação desses ecossistemas no Estado.

Uma delas é a força-tarefa do óleo, que monitora o derramamento ocorrido no litoral de Alagoas e demais estados nordestinos, com atividades até 2021 financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), no valor de 200 mil reais.

Além dos projetos já aprovados e em andamento, ele adianta sobre um que foi submetido à Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e que contempla o Baixo São Francisco. “Estamos aguardando a resposta de um possível apoio para que a gente consiga efetivar outros trabalhos nessa região”, diz.

Ele cita, também, um termo de cooperação que será firmado com um Centro de Tecnologia da Informação (CTI) de Campinas, São Paulo, vinculado ao MCTIC, para parceria no monitoramento aquático em Alagoas. “É um convênio que já está em fase de finalização e vai gerar grandes trabalhos entre as duas instituições. Ele ocorreu devido ao programa de monitoramento que teremos aqui na Ufal”, conclui.