Ufal adere à campanha pelos trabalhadores do campo durante a pandemia
Objetivo é pressionar governo estadual a lançar mão de recursos para famílias camponesas
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A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aderiu a uma campanha a favor da aprovação do plano emergencial para a produção de alimentos e abastecimento popular durante a pandemia de covid-19. A iniciativa tem como objetivo apresentar a situação de famílias rurais no contexto da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus e entregar propostas de ações que ajudem a atenuar o sofrimento em que elas se encontram.
Para isso, organizações sociais de luta pela terra e reforma agrária se reuniram na elaboração de um documento que expõe a necessidade de medidas emergenciais para os camponeses, bem como de ações voltadas a problemas antigos que são um entrave tanto para produção de alimentos, quanto para a qualidade de vida dos trabalhadores do campo. A principal reivindicação é que o governo lance mão de recursos e suporte técnico para essas famílias.
O documento apresenta sete demandas principais, como a criação de um crédito emergencial de fomento; a construção de um programa especial para beneficiamentos; a operacionalização do programa de compra direta da agricultura através da efetivação do Plano Estadual de Aquisição de Alimentos (PAA Alagoas); a definição de uma política estadual de compra institucional de alimentos da agricultura familiar e camponesa por escolas, hospitais e outros equipamentos públicos; a aquisição e regularização de terras; a suspensão das reintegrações por dois anos e a retomada do Comitê Estadual de Mediação de Conflitos Agrários com a atribuição, especial nesse período, para desenvolver e acompanhar ações emergenciais de fortalecimento da produção de alimentos em Alagoas.
Além do texto, vídeos com depoimentos dos mais diversos setores da sociedade alagoana começaram a circular nas redes sociais em apoio à causa. De acordo com Cícero Albuquerque, professor da Ufal, algumas personalidades e autoridades de Alagoas se mostraram sensíveis à causa. “Todos compreendem que é urgente a ação de medidas que possam socorrer emergencialmente as famílias camponesas, por isso, muitas personalidades ficaram sensíveis aos sofrimentos dos que produzem parte expressiva dos alimentos que chegam cotidianamente em nossas mesas em Alagoas”, afirmou.
O plano e a campanha são organizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Unidos pela Terra (MUPT) e Terra Livre. O arcebispo de Metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz, o bispo de diocesano de Palmeira dos Índios, Dom Manuel Oliveira, o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Tutmés Airan, e o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, e os professores Delson Lyra, Cícero Péricles, Alice Araújo e Edna gravaram depoimentos em apoio à iniciativa.
“A universidade tem como papel fundamental contribuir com o desenvolvimento social e a promoção humana. O Plano Emergencial tem grande significado nesse momento de pandemia, haja vista que ela tem impactos negativos sobre quem já tem carências graves. Mas, para além do imediato, o Plano Emergencial apresenta uma série de medidas estruturantes que apontam saídas para os históricos e graves problemas que as famílias camponesas enfrentam em Alagoas”, finalizou o professor Cícero.