Estudo mostra descontrole da transmissão do vírus e aumento de novos casos
Por outro lado, queda nas notificações de óbitos e na procura por leitos de hospitais públicos
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O novo boletim do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o enfrentamento da covid-19 aponta para aumento na transmissão do novo coronavírus, sugerindo descontrole da situação no Estado. Na 31ª Semana Epidemiológica (SE), referente aos dias entre 26 de julho e 1º de agosto, foi registrado o segundo maior número de casos de infectados.
“Ao longo da 31ª SE tivemos um aumento de 22% no número de novos casos de infecção pelo novo coronavírus em relação ao período anterior”, destaca o boletim, indicando que a maior alta havia sido registrada na 25ª Semana Epidemiológica, no final do mês de junho.
De acordo com o documento, seis das 11 regiões de saúde de Alagoas apresentaram aumento no número de novos casos. A 2ª Região, que compreende os municípios do litoral norte obteve os dados mais expressivos e preocupantes, quadruplicando os números de infectados de uma semana para outra. Nestes municípios “houve avanço de fase do plano de distanciamento controlado adotado pelo Governo do Estado após ter apresentado evidências de controle nas semanas anteriores. Já Maceió, que iniciou a fase amarela no último dia 20, também voltou a apresentar um aumento no número de novos casos ao longo da 31ª semana”, destaca o boletim, mostrando 15% a mais de infectados na capital.
As 3ª e 6ª regiões de saúde também revelaram aceleração da transmissão, onde os casos triplicaram e duplicaram, respectivamente.
O professor Gabriel Badue destaca os gráficos em anexo mostrando a situação geral no Brasil, a específica de Alagoas e, a título de comparação, as curvas de novos casos na Espanha e na Itália: “Vejam a diferença de comportamento. Lá [nesses países europeus], eles iniciaram a flexibilização das atividades em maio depois de quarentena severa. Aqui, nós estamos patinando há mais de 130 dias. O desencontro de informações das autoridades, somada às péssimas condições de vida de grande parte da nossa população, além do desrespeito às medidas de segurança, podem provocar um agravamento da situação”, lamenta o professor da Ufal que assina o boletim com outros cinco pesquisadores.
Mais doentes e menos procura por hospitais
Apesar do avanço do número de infectados, o boletim do Observatório mostra que os hospitais estão mais esvaziados. Houve redução na ocupação dos leitos exclusivos para tratamento da covid-19 na rede pública de saúde alagoana, conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
Até o último domingo (2), tanto Maceió quanto o interior estavam com 50% de ocupação. O ideal, segundo indica o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus no Nordeste (C4NE), é que os hospitais tenham, no máximo, 70% dos leitos ocupados. “Já para os leitos classificados como UTI intermediária, a ocupação é de 12%, sendo que nenhum leito deste tipo está sendo utilizado no interior do estado”, descreve o boletim, sobre a folga no número em relação à semana anterior.
A queda também foi registrada no número de óbitos. Segundo o documento, a 31ª Semana Epidemiológica resultou em 10% menos notificações de mortes por covid-19 no território alagoano, mantendo a tendência do período anterior.
Alívio por um lado e sinal de alerta por outro. Assim, os pesquisadores reiteram a vigilância de autoridades e população: “Reforçamos a necessidade de efetivar a fiscalização de estabelecimentos comerciais e religiosos, os quais se configuram como pontos críticos de aglomeração de pessoas. Alertamos quanto a necessidade da rigorosa adoção das medidas previstas nos protocolos sanitários dedicados a cada uma das atividades que estão sendo liberadas, sob risco de recrudescimento das medidas de isolamento social caso a tendência de aumento de novos casos se mantenha o que, invariavelmente, causará um aumento de casos graves e óbitos, pressionando a demanda do sistema de saúde”.