Fotos e relatos ilustram histórias de mulheres cis e trans na pandemia
Projeto da Ufal incentiva a reflexão sobre as desigualdades de gênero e classe no uso e função dos espaços da cidade
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“Exaustão define meu cotidiano”! “O sentimento era de caos total!” As frases são de mulheres da comunidade acadêmica da Ufal que relataram para um grupo de pesquisadoras como estão atravessando o período de pandemia. “Tive dias de esperança, dias de tristeza, dias de desespero, dias de calma e dias de muita faxina”, descreve uma delas sobre a mistura de sentimentos compartilhada por muitas pessoas. E foi olhando para a experiência do próprio grupo, onde cada uma das pesquisadoras foi impactada de forma diferente, que surgiu a ideia de lançar uma mostra fotográfica.
Mulheres nas universidades: retratos em tempos de pandemia intitula a iniciativa do grupo de pesquisa Interseções entre Design e Ambiente Construído (Idea), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal (FAU). O Trabalho é organizado pelas professoras Eva Rolim Miranda, Angela Nolasco, Thaisa Sampaio, Diana Helene e Flávia Araújo, com apoio das estudantes Líriz Rocha e Amanda Castelo Branco. Elas convidam mulheres cis e trans a enviarem fotos e relatos para o e-mail gp.idea@fau.ufal.br e, semanalmente, até dezembro, as histórias serão publicadas no Instagram @gp.idea.
“O desejo é de levantar discussões, baseadas nos relatos das participantes e imagens acerca desta nova rotina que se estabeleceu desde o início da pandemia em duas frentes. A primeira é a de discutir sobre as desigualdades sociais amplificadas pela pandemia. O segundo vem do fato de que o lar acumulou funções e atividades humanas que pertenciam a outros espaços, tais como a escola, o local de trabalho, as instituições e espaços comerciais”, destaca a professora Eva.
Segundo a docente, o grupo quer mostrar, mesmo que de forma anônima, preservando a identidade das participantes do projeto, como o confinamento e o distanciamento social adotado para preservar a saúde das pessoas acentuaram desigualdades que são estruturais e atingem gêneros, raças e classes de maneiras distintas.
“Parte-se da compreensão de que a cidade contemporânea não é vivida e acessada da mesma maneira por homens e mulheres - cis e trans, brancos e não-brancos, hetero e homoafetivos. O confinamento traz à tona questões teóricas sobre a estrutura, uso e função destes espaços que podem ser pensados a partir das interseções entre Design, Arquitetura e Urbanismo”, reforça.
Enquanto “papel de trabalho, migalha de arroz e roupinha de boneca se acumulam no chão”, como relatou uma participante da mostra, muitos lares serão escolas e escritórios, em vários ambientes da casa. E esses momentos poderão ser registrados e enviados para ilustrar a jornada diária das mulheres que formam a comunidade acadêmica, sejam docentes, estudantes, técnicas ou terceirizadas.
“O uso da fotografia vai além do registro do cotidiano destas mulheres, mas diz sobre ela sob seu próprio olhar; interpretando uma realidade, seja pelo enquadramento, pela decupagem, pela captura da luz, seja, enfim, pelo uso de filtros e recursos gráficos que refletem suas realidades”, comentou Eva, incentivando a participação das cis e trans que desejam compartilhar esses olhares.
Para conferir a exposição, clique aqui.