A Universidade Federal de Alagoas é uma grande construção coletiva
Reitores da Ufal declaram a importância da Universidade em suas vidas e quais as principais conquistas durante as respectivas gestões
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Durante a celebração dos 60 anos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o que mais se destacou foi a colaboração de cada gestão para o fortalecimento e o crescimento da instituição. A Ufal é feita de uma grande diversidade de pensamentos e posicionamentos políticos e sociais, mas o que a caracteriza é o compromisso da comunidade universitária com a produção do conhecimento e o desenvolvimento socioeconômico de Alagoas.
O reitor Josealdo Tonholo é o 11º reitor a tomar posse, desde a criação da Ufal, em 25 de janeiro de 1961, por ato do presidente Juscelino Kubitschek. Entre os reitores que o antecederam, são homenageados, in memorian, Aristóteles Calazans Simões, Nabuco Lopes e João Azevedo. Os demais reitores fazem parte da vida universitária e integram as celebrações destes 60 anos. São eles: Manoel Ramalho, Fernando Gama, Delza Gitaí, Rogério Pinheiro, Ana Dayse Dorea, Eurico Lôbo e Valéria Correia.
Reitor Fernando Gama - uma vida dedicada à Ufal
Impossibilitado de participar das atividades comemorativas por questões de saúde, o reitor Fernando Gama enviou mensagens parabenizando a comunidade universitária, por meio da filha dele, Maria do Carmo Milito Gama. “Eu era estudante na Ufal em uma das duas vezes em que meu pai, Fernando Gama, foi o reitor, e sempre tive muito orgulho de ser sua filha, principalmente porque, além de ser um profissional extremamente dedicado, muito ciente da responsabilidade de sua função, naqueles momentos, meu pai era, e ainda é, acima de tudo, uma pessoa de um coração enorme”, relatou Maria do Carmo.
Fernando Gama é Engenheiro civil de formação e foi reitor da Ufal em dois mandatos, de 1983 a 1987 e de 1991 a 1995. “Meu pai é um administrador nato. Regeu a Ufal não só com muita competência e dedicação, mas principalmente, com um grande amor pela Instituição e com muito carinho, amizade e respeito por todo o pessoal que fazia a Universidade. O lugar da Instituição na vida dele foi vital”, testemunhou a filha de Fernando Gama.
O reitor Fernando Gama fez questão de enviar seu depoimento sobre a importância da Universidade na vida dele e dos alagoanos. “A Ufal desempenhou em minha vida um papel muito importante porque, praticamente, eu vivi para a Universidade durante 40 anos da minha vida. Entrei na Ufal em 1961 e fui aposentado totalmente, em 2002. Isso significa que, praticamente metade da minha vida, eu dediquei à Ufal”, declarou o professor Gama.
Esse compromisso com a Universidade foi acompanhado de perto por Maria do Carmo Milito Gama. “Eu posso confirmar essa dedicação, pois acompanhei a rotina de trabalho dele não só como filha, mas também como discente, e tive o privilégio e a grande alegria de receber o grau de minha formatura em Letras de suas mãos, em 1986. Aposentado já há 18 anos, meu pai tem ainda muitas lembranças e um enorme carinho pela Ufal e eu tenho certeza de que, se possível fosse, ele estaria lá até hoje, trabalhando com grande alegria e com a mesma serenidade que sempre lhe foi peculiar, naquele lugar que ele amava e que, honradamente, ajudou a construir”, ressaltou Maria do Carmo
Como mensagem para a comunidade acadêmica, o professor Fernando Gama, relembra: “A paz, sobretudo a interior, que se traduz pela certeza de haver cumprido, no dia a dia, o dever, a esperança assentada na fé e na ciência, na crença de que o ano que se inicia trará o melhor, suavizando as tristezas do ano que findou, razão e coração confiantes no porvir; e o amor, sim, o amor tudo permeando, pensamentos e ações na execução de um permanente projeto de vida, com a satisfação pessoal construída a partir da premissa de que ninguém é feliz só, e que a felicidade é tanto maior quanto mais partilhada se apresenta.”
Ana Dayse e a interiorização da Ufal
A professora Ana Dayse Dorea exerceu dois mandatos na Ufal, ficando à frente da gestão universitária no período de 2003 a 2011. Essa quase uma década foi marcada principalmente pelo projeto de Expansão do Ensino superior implementada durante o Governo do presidente Lula, com investimentos federais para a ampliação de reestruturação e expansão das universidades federais. “Após um debate intenso, fizemos a adesão ao Reuni [Reestruturação e Expansão das Universidades Federais] e garantimos recursos fundamentais para a Ufal”, relatou Ana Dayse.
Segundo a reitora, nesse período foi possível criar mais cursos no Campus A.C. Simões, em Maceió, além do passo histórico que foi a interiorização da Ufal, com a inauguração do Campus Arapiraca, em 2006, com polos em Viçosa, Penedo e Palmeira dos Índios; e a inauguração do Campus do Sertão, em 2010, em Delmiro Gouveia, com o polo de Santana do Ipanema. “Essa expansão representou um grande marco, abrindo mais cinco mil vagas na Universidade, para estudantes que não teriam condições de vir estudar em Maceió”, destacou Ana Dayse.
Para consolidar essa expansão e interiorização, foi necessário realizar concursos públicos para docentes e técnico-administrativos. “Foram concursos que ampliaram a comunidade universitária com pessoal qualificado e representaram uma oportunidade para profissionais de várias áreas. Muitas coisas aconteceram nesse período, mas creio que essa foi a marca da nossa gestão, a expansão, além de obras em todos os campi. Destaco ainda a parceria com a bancada federal alagoana, que garantiu emendas ao orçamento”, relatou a reitora Ana Dayse.
Nesta celebração dos 60 anos da Ufal, a reitora Ana Dayse enviou a seguinte mensagem para a comunidade universitária: “Neste dia tão especial, a minha mensagem de otimismo apesar dos tempos difíceis, nessa celebração com essa pandemia avassaladora. Mas digo aos que fazem a comunidade: trabalhem, honrem o concurso e a formação que vocês têm, no ensino, na pesquisa e extensão. E que a gente possa continuar sendo essa grande referência para o Estado de Alagoas. Parabéns, Ufal! Fico muito feliz em estar participando dessa celebração!”.
Eurico Lôbo e a expansão física da Ufal
Cada gestão deixa sua marca. Ao professor Eurico Lôbo, que foi vice-reitor na gestão de Ana Dayse, coube, como reitor eleito, dar continuidade ao projeto de expansão, interiorização e reestruturação da Universidade. “Um projeto extraordinário, no Campus A.C. Simões, em Maceió, e também para o interior, que eu reputo como um dos mais importantes programas de democratização do ensino superior público federal. Nós, que trabalhamos junto com Ana Dayse, tínhamos muito claramente em foco como era necessário consolidar essa expansão e estruturar a universidade para o futuro”, destacou Eurico.
Foi um período de muitos investimentos na estrutura física. “Empreendemos um conjunto de obras, que projetamos, construímos e entregamos. Aproximadamente 70 por cento das obras foram entregues durante a nossa gestão: laboratórios, blocos acadêmicos, conclusão do Campus do Sertão, ampliações em Arapiraca. Tudo para maior conforto e qualidade ofertada aos jovens que foram absorvidos nesse movimento de expansão”, relatou Lôbo.
A infraestrutura tecnológica e de comunicação também recebeu uma atenção especial na gestão Eurico Lôbo. "Implementamos um rigoroso e profícuo projeto de inovação tecnológica, com a implantação da rede lógica nos campi, o que possibilitou a modernização dos sistemas gerenciais da Universidade, como o SIG [Sistema Integrado de Gestão], a implantação da web conferência e outros sistemas de acompanhamento acadêmico, com maior estrutura de armazenamento e gerenciamento de dados”, explicou o reitor.
Uma das consequências importantes da tecnologia de informação e gestão foi a possibilidade de aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) com regras que possibilitaram o acesso às vagas aos estudantes do interior, como a inserção do critério regional. “O argumento de inclusão regional, que garantia mais chances na concorrência pelas vagas com estudantes de todo o país, foi consultado por várias universidades, que também se dispuseram a implantá-lo e nos tomaram como exemplo”, ressaltou Eurico Lôbo.
O professor relatou a imensa alegria e a satisfação de participar das comemorações dos 60 anos. “A Ufal é patrimônio do povo brasileiro e alagoano, com a missão extraordinária que é formar e credenciar homens e mulheres a receberem uma formação de qualidade, que nos dê condições de garantir liberdade e sabedoria, através do conhecimento. Durante os últimos 40 anos eu tive a honra de servir à Universidade. Foram 37 anos como professor e, nos últimos anos da minha atividade, estive como vice-reitor de 2003 a 2011, e como reitor de 2011 a 2016. Só tenho a agradecer a cada um dos reitores e reitoras que construíram esse caminho”, comemorou o reitor Eurico Lôbo.
Valéria Correia e a Universidade socialmente referenciada
A reitora Valéria Correia, que esteve na gestão da Ufal de 2016 a 2020, também destacou quais foram os acontecimentos mais marcantes do mandato. “Nossa gestão atravessou o período mais sombrio da sociedade brasileira, desde a ditadura militar, em termos de retrocessos no campo dos direitos humanos, ambientais e sociais. De janeiro de 2016 ao início de 2020, entre tantos acontecimentos marcantes na Ufal, em um período de ataques do governo federal às universidades públicas, destaco a gestão crítica e socialmente referenciada”, pontuou a reitora.
Entre os acontecimentos que se destacaram, estão os avanços na qualidade acadêmica. “Conquistamos o conceito Muito Bom, conferido como resultado da primeira avaliação institucional realizada pelo INEP/MEC. Indicador de qualidade importantíssimo de suas atividades fim -ensino, pesquisa e extensão- para balizar o valor da instituição no cenário nacional da educação superior.
A obtenção do conceito 4 no IGC [índice Geral de Cursos], no final de 2019, antecipou o cumprimento de uma das principais metas da Ufal em relação ao seu planejamento estratégico, o Plano de Desenvolvimento Institucional [PDI 2019/2023], que estava prevista para ser alcançada até 2023”, explicou Correia.
Esse avanço na qualidade acadêmica, segundo a reitora, foi atestado pelos ótimos conceitos nas avaliações do MEC e pela visibilidade da Ufal em rankings internacionais, como o Times Higher Education e a QS World University Rankings. “Além de ser apontada pelo MEC como a universidade que mais reduziu a evasão nos cursos de graduação em 2019. Como primeira assistente social eleita reitora me orgulho de termos alcançado esses índices, graças às políticas estudantis e acadêmicas implantadas”, destacou.
Mas, a principal característica dessa gestão foi a aproximação com os movimentos sociais e populares. “Realizamos o Fórum Popular Universitário para discutir a participação efetiva da Universidade na sociedade na perspectiva de torná-la mais permeável às demandas dos movimentos sociais e comprometida socialmente. Lançamos o edital de extensão universidade popular e criamos o Conselho Consultivo Popular da Ufal, como mecanismo de controle social. A Ufal se tornou mais inclusiva com cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência na pós-graduação. Ofertamos curso de graduação em Agroecologia para assentados pela reforma agrária e inauguramos o ambulatório trans no Hospital Universitário”, pontuou a reitora, entre outras várias ações.
Ela também deixou mensagem para a comunidade universitária: “Os que passam pela Ufal levam consigo a gratidão e o respeito por fazerem parte da maior e mais consolidada instituição de ensino superior do estado de Alagoas. Através do ensino, da pesquisa e da extensão essa instituição transforma vidas, realidades sociais, políticas e econômicas, deixando seu legado na história de Alagoas, do Brasil e, também, internacionalmente. A Ufal é patrimônio do povo alagoano! Viva a Ufal! Viva a Educação pública! Viva a Ciência!”