Universidade completa 60 anos de serviços à sociedade alagoana
O reitor Josealdo Tonholo e a vice-reitora Eliane Cavalcanti falam da celebração e dos desafios da instituição sexagenária
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No próximo dia 25 de janeiro de 2021, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completa 60 anos de existência. A data não pode ser comemorada com o brilhantismo que a comunidade universitária sabe dar, com a orquestra, uma grande festa, prêmios e solenidades. A gestão, os pesquisadores, técnico-administrativos, o corpo docente e os estudantes estão imbuídos na missão de salvar vidas, de garantir informação e solidariedade nestes tempos de pandemia.
A Ufal celebra os 60 anos cumprindo a tarefa que assumiu nessas décadas: colaborar com o desenvolvimento científico, econômico e social e com o enfrentamento dos problemas e desafios que se colocam para toda a sociedade. A Universidade tem contribuído decisivamente para o combate à pandemia da covid-19 em diversas frentes: da Saúde à Tecnologia da Informação. Além de colaborar no enfrentamento de outros dramas, como a subsidência em quatro bairros de Maceió por conta da mineração no subsolo de área habitada da capital alagoana.
O reitor da Ufal, professor Josealdo Tonholo, destaca que a colaboração científica e acadêmica da Universidade começou antes mesmo do ato formal de criação. “A Faculdade de Direito, que é uma das faculdades que constituíram com a Ufal no início, está completando 90 anos. Então, temos uma longa história de contribuição ao Estado de Alagoas, formando docentes, especialistas, profissionais de diversas áreas, atuando na gestão, na ciência e no desenvolvimento socioeconômico. Para mim, é um orgulho muito grande ser o reitor dessa grande instituição”, declarou.
A gestão do reitor Josealdo Tonholo iniciou no final de janeiro de 2020, logo após, quando iria iniciar o semestre letivo, a gravidade da pandemia obrigou a suspensão de todas as atividades e foi necessário tomar medidas para proteger a comunidade universitária. “Tivemos que lidar com a insegurança, a incerteza. Foi um ano em que choramos muitas perdas de amigos e de integrantes da Ufal. Um ano que não acabou, continua trazendo desafios. Estamos superando as adversidades com a grande capacidade de reinvenção da nossa universidade”, relatou Tonholo.
O reitor ressalta a capacidade que a Universidade demonstrou para dar respostas rápidas às demandas deste momento dramático. “O Hospital Universitário montou uma Unidade Covid e colaborou para salvar vidas de alagoanos; nossos pesquisadores direcionaram as pesquisas para atuar no combate à pandemia; e adequamos as atividades acadêmicas às condições de isolamento necessárias para esse momento. Mas a Ufal não deixou de funcionar, pelo contrário, atuou decisivamente. Aprendemos muito nesse período e ainda temos muito o que aprender”, destacou.
Embora a pandemia de covid-19 esteja sendo o maior desafio enfrentado pela sociedade mundial neste século, outras grandes questões mobilizaram a competência técnica e científica da Ufal. “Alagoas vem atravessando algumas dificuldades, como a crise econômica com a derrocada da produção de cana-de-açúcar; o derramamento de óleo, que afetou o litoral nordestino, atingindo principalmente o meio ambiente e o turismo; e tem o drama do afundamento dos bairros com um impacto profundo na economia alagoana. Diante desses fatos, a Universidade tem se posicionado e vem colaborando de várias formas”, ressaltou Tonholo.
Mesmo diante de tantas dificuldades, o reitor Josealdo Tonholo destaca algumas das grandes ações realizadas em 2020, como a 3ª Expedição pelo Rio São Francisco, o Circuito Penedo de Cinema, e todas as atividades de enfrentamento à pandemia. “Essas ações que a Ufal construiu para colocar à disposição da sociedade alagoana são lastreadas na competência técnica dos seus servidores, que, por sua vez, está vinculada à qualidade da formação acadêmica oferecida nos cursos de graduação e pós-graduação”, ponderou o reitor.
A Ufal conta atualmente com 102 cursos de graduação e 43 cursos de pós-graduação. “Toda essa estrutura dialoga bastante com a sociedade. Mas precisamos aprofundar cada vez mais esse vínculo. Precisamos interagir ainda mais com as instituições alagoanas, com as representações legislativas, executivas e jurídicas, nas esferas municipais, estadual e federal para enfatizar esse papel da Universidade como vetor de desenvolvimento. Na nossa gestão temos trabalhado muito para fortalecer essa relação”, explicou o reitor.
A interiorização da Ufal
Nesses 60 anos da Ufal, o crescimento da instituição foi quantitativo e qualitativo. A presença da Universidade em todas as regiões do estado foi uma conquista importante e que significou um impacto social e econômico positivo para muitos municípios alagoanos. A vice-reitora Eliane Cavalcanti, que foi diretora do Campus Arapiraca, acompanhou bem esse desenvolvimento da Ufal no interior. “A interiorização da nossa Universidade foi, de fato, muito ousada. Em 2004, quando esse processo começou a ser discutido em nível federal, a Ufal apresentou um projeto bastante inovador. Inauguramos o Campus Arapiraca em setembro de 2006”, relatou a vice-reitora.
A proposta apresentada para o Campus Arapiraca foi de 14 cursos na sede e mais os oferecidos nas Unidades dos municípios circunvizinhos. No Campus Arapiraca, a estrutura administrativa contou ainda com as Unidades de Palmeira dos Índios, Penedo e Viçosa. “O objetivo principal da implantação do Campus Arapiraca foi contribuir com a redução das desigualdades sociais na região e absorver os estudantes oriundos do ensino médio, que não tinham condições de se deslocar para a capital em busca de formação universitária”, ressaltou Eliane Cavalcanti.
A vice-reitora considera que o Campus Arapiraca está cumprindo a meta a que se propôs. “Colaboramos de fato com o desenvolvimento da região. Começamos pequenos, mas hoje somos grandes. Temos atualmente 23 cursos de graduação, dois mestrados, aproximadamente quatro mil estudantes, 280 técnico-administrativos e quase 400 docentes. É uma comunidade universitária de muita relevância, capacidade e compromisso com a região do Agreste”, garantiu Eliane Cavalcanti.
Em 2010, foi inaugurado o Campus Sertão, na cidade de Delmiro Gouveia, com uma unidade no município de Santana do Ipanema. “Com isso, a interiorização passou a ter 31 cursos de graduação, o que significou um avanço muito grande. Colaboramos, de fato, com o desenvolvimento local, devolvendo ao mercado de trabalho os profissionais capacitados, contribuindo com a construção de políticas de desenvolvimento, que influenciaram na melhoria da qualidade de vida de cada cidadão. Tudo isso faz parte do projeto da interiorização da Ufal”, ressaltou a vice-reitora.
Eliane Cavalcanti aponta vários marcos importantes: 60 anos da Ufal, 15 anos do Campus Arapiraca, 10 anos do Campus Sertão. “São avanços que representam mudanças estruturais na sociedade local. Agora estamos regularizando em termos documentais o Campus Rio Largo, que na Ufal já funciona como campus, mas é necessário regulamentar junto ao Ministério da Educação, para ter o ato autorizativo e, então, possa assumir esse peso na estrutura da Universidade”, destacou.
A celebração dos 60 anos
Eliane Cavalcanti está há 15 anos como servidora pública da Ufal. “Para mim, é uma grande satisfação celebrar esses 60 anos da nossa instituição na condição de vice-reitora, assumindo esse compromisso com a gestão desta grande Universidade. A Ufal é consolidada por vários braços, vários corações e muitas mentes inteligentes. Temos uma comunidade que se dedica ao desenvolvimento do Estado. Buscamos, com o nosso trabalho, reduzir as desigualdades sociais. Por isso, que venham mais 60 anos, porque com isso crescemos e o povo passa a ter o que lhe é de direito”, celebrou a vice-reitora da Ufal.
A gestora também ressalta a importância do Hospital Universitário, que completou 40 anos em 2020. “Parabenizo o empenho de toda a equipe do HU, único hospital de 3ª complexidade do estado que é cem por cento Sistema Único de Saúde (SUS). A qualidade e a relevância social desse trabalho para o povo alagoano se deve ao compromisso de todos os servidores, sejam eles do RJU [Regime Jurídico Único], Ebserh ou prestadores de serviços. Também parabenizo toda a equipe de gestão, comandada pelo superintendente Célio Fernando de Sousa Rodrigues”, destacou a vice-reitora.
O reitor Josealdo Tonholo ressalta que, apesar de sexagenária, a Ufal é uma universidade jovem. “Estamos semeando uma estrada muito bonita, cuja colheita vai se dar quando alcançarmos um estado mais desenvolvido e com mais igualdade social. Essa comunidade universitária de quase 45 mil pessoas, entre técnicos, docentes, estudantes e terceirizados, está comprometida com essa missão. Eu acredito que a educação transforma a sociedade e a Ufal é um ente transformador”, celebrou o gestor.