Equipe de laboratório do IQB usa redes sociais para divulgar pesquisas
Professores, estudantes de graduação e de pós buscam tornar acessível a produção científica
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Remédios, vacinas, técnicas cirúrgicas inovadoras, orientações médicas e nutricionais informadas nos consultórios. Esses são apenas alguns exemplos retirados do nosso cotidiano e que representam os resultados da ciência. No Brasil, grande parte dos responsáveis pela pesquisa científica que tem influência direta na vida da sociedade atua nas universidades públicas. Por isso, a importância de conhecer e valorizar o trabalho desses pesquisadores.
Para se aproximar das pessoas e divulgar a relevância da ciência, a iniciativa da equipe do Laboratório de Instrumentação em Química (Linqa), do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi aderir às redes sociais. Por meio do Instagram e do Youtube, pesquisadores, estudantes de graduação e de pós interagem e buscam tornar acessível a produção científica.
“A ideia surgiu em função da necessidade de divulgação do nosso trabalho, pensando em alcançar o público de maneira geral. Não apenas nossos pares científicos, a comunidade científica dentro e fora da Ufal, de outras universidades e demais centros, mas o povo, as pessoas que não têm contato normalmente com a ciência ou com o que a universidade vem desenvolvendo”, explicou o pesquisador e coordenador do Linqa, Josué Carinhanha.
Os canais de comunicação são novos e ainda apresentam poucos conteúdos, mas a expectativa é ampliar, inclusive, com sugestões dos visitantes. As páginas podem ser acessadas por um público diversificado, pois há conteúdos gerais e mais específicos. “Nossa primeira estratégia foi criar uma conta no Instagram. Colocamos vídeos, material do laboratório, quem são os alunos, projetos e vídeos de trabalhos apresentados em eventos. Recentemente, resolvemos fazer a conta no Youtube para ampliar e tentar alcançar o maior número de pessoas”, contou o coordenador.
Ele afirma que a preocupação principal é desenvolver material com uma linguagem acessível. “O que a Ufal está fazendo por Maceió e por Alagoas. O que esse projeto tem a ver com a vida das pessoas e como ele pode ajudar”, contou o pesquisador. E continua: “Já fizemos alguns vídeos mostrando a importância do laboratório e de trabalhos associados a diferentes projetos. Vamos continuar desenvolvendo e criando vídeos só que, agora, com diferentes estudos em desenvolvimento ou que ainda vamos realizar. A cada mês, pelo menos, um novo vídeo”, adiantou.
O convite da equipe do Linqa é para que as pessoas visitem e se inscrevam nos canais do Laboratório para acompanhar as publicações e interagir. “Pretendemos alcançar visibilidade, compreensão, participação e que vocês possam nos visitar, entender, enviar mensagens, ter esse conhecimento e acesso a esse tipo de informação”, destacou o professor.
Dificuldade x necessidade
Ação relevante e necessária, a divulgação científica ainda é pouco compreendida no Brasil e também enfrenta dificuldades como a falta de financiamento. “Pago do meu próprio bolso a produção dos vídeos, por conta disso, a média de divulgação é de cerca de seis a sete por ano”, explicou o coordenador.
Responsável por toda produção de conteúdo, os obstáculos são grandes para a equipe do Linqa, mas a necessidade de “espalhar” o que vem sendo feito é maior. “Queremos divulgar nossa ciência, nossa universidade, nosso laboratório. Mostrar o que nós fazemos, a aplicação e a importância disso, qual a relação direta para a vida das pessoas”, argumentou o professor.
E segue: “Mostrar, com linguagem acessível, quais problemas da sociedade estamos tentando resolver, o que a gente está fazendo de ciência básica e aplicada que pode ser útil para a sociedade de uma maneira de fácil compreensão”, justificou ao acrescentar que também há material com linguagem mais técnica para os que têm interesse.
Carinhanha acredita que é preciso mostrar para a população a importância da universidade, da ciência e qual a relação disso com cada indivíduo. “A gente precisa trazer as pessoas para a universidade, seja física ou virtual. Estamos sofrendo uma série de políticas que não estão alinhadas ao desenvolvimento da ciência, infelizmente. Por isso, é estratégico mostrar o quão importante é a pesquisa e o quanto ela trabalha pela e para a sociedade. No final das contas, nossa pesquisa é para atender demandas e resolver problemas para o povo”, afirmou.
Ele ainda argumenta que a divulgação científica é essencial para o processo de formação das pessoas. “Hoje, não podemos pensar em fazer ciência simplesmente para nossos pares. Temos que considerar melhorar a forma de divulgar como a universidade está trabalhando, como ela não para, como a limitação de recursos limita a ciência e a tecnologia, e é prejudicial para o desenvolvimento, como determinadas políticas impactam negativa ou positivamente na nossa sociedade e na universidade”, relatou.
Para o pesquisador, essas são questões que passam pela divulgação, uma vez que a informação correta, de procedência confiável, pode “transformar as pessoas, melhorar o entendimento, torná-las mais críticas e, sobretudo, dar subsídios e argumentos para que possam contestar determinadas situações”, enfatizou.