Pesquisadores da Ufal ganham capa da Advanced Engineering Materials
Essa é uma das revistas mais bem-conceituadas na área de engenharia de Materiais
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A comunidade científica da Universidade Federal de Alagoas comemorou a publicação de um artigo produzido por um grupo de pesquisadores, que foi publicado com destaque na capa de outubro da prestigiosa revista Advanced Engineering Materials (Wiley-VCH). “Esse trabalho foi um esforço conjunto dos grupos de Acústica Física (GAF) e de Nano-Fotônica e Imagens (GNFI), ambos do Instituto de Física da Ufal, e do Laboratório de Farmacologia e Imunidade (Lafi), do Instituto Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Ufal”, informou o pesquisador Glauber T. Silva, do GAF.
A publicação de artigos científicos em revistas de renome internacional é muito importante para divulgar novas descobertas, destacar a relevância da produção científica de um grupo de pesquisadores e divulgar também a instituição onde a pesquisa foi desenvolvida. “A Advanced Engineering Materials é uma das principais revistas sobre avanços em engenharia de materiais e novos materiais, com foco em novas técnicas de fabricação. Em 2020, ela teve um fator de impacto de 3,862”, ressaltou o professor Glauber.
O artigo intitulado 3D-Printed Acoustofluidic Devices for Raman Spectroscopy of Cells (Adv. Eng. Mater. 23 (2021) 2100552) foi produzido pelos pesquisadores Harrisson Santos, Amanda Silva, Giclênio Silva, Everton Lima, Alisson Marques, Magna Suzana Alexandre-Moreira, Aline Queiroz, Carlos Jacinto, Henrique Lopes, Uéslen Rocha e Glauber Silva. “Utilizando técnicas de impressão 3D, o estudante de doutorado, Giclênio Silva [GAF] começou a fabricar dispositivos de acustofluídica para levitação de células e micropartículas em microcavidades com volumes menores que 10 μL”, narraram os pesquisadores.
Quase que imediatamente, os professores Uéslen Rocha e Carlos Jacinto viram o enorme potencial do dispositivo para espectroscopia Raman. Através do espectro Raman, é possível descrever as ligações químicas presentes em um material ou amostra. “Foi realmente incrível ver, pela primeira vez, partículas de poliestireno de 10 μm levitando perfeitamente estáveis dentro da microcavidade”, relembrou Uéslen.
“Com a amostra levitando, evitamos a interferência do substrato na espectroscopia Raman e assim pode-se conseguir resultados mais confiáveis e de melhores interpretações”, comentou Carlos Jacinto.
Os pesquisadores continuam narrando a relevância da descoberta. “Faltava provar que o dispositivo funcionaria com células vivas durante as medições espectroscópicas. Foi aí que os dois grupos iniciais se associaram ao grupo da professora Magna Suzana Alexandre-Moreira, do Lafi. Os ensaios foram feitos com macrófagos de linhagens J774, que são utilizados no estudo de infecção com Leishmania. A preparação do material biológico foi feita pela doutoranda Amanda Evelyn, também do Lafi”.
Harrisson Santos, doutor em Nanotecnologia, juntou-se ao grupo como pós-doutorando do GAF em 2020. Amanda, Harrisson e Giclênio ficaram responsáveis por demonstrar a viabilidade da técnica utilizando células vivas. “Não foi uma tarefa fácil. Estávamos no começo da pandemia no Brasil. Aos poucos e respeitando as normas sanitárias vigentes, a perseverança e a competência do grupo geraram os resultados que confirmaram que as células permanecem vivas durante as medições”, disse Harrisson.
O coordenador do estudo, professor Glauber Silva, do GAF, explica que dispositivos de acustofluídica, fabricados por impressão 3D, têm um enorme potencial para ensaios celulares em um ambiente hermético e controlado com monitoramento em tempo real. “Estudos sobre novos fármacos, diagnóstico de doenças e engenharia de tecidos podem se beneficiar significativamente com os resultados dessa pesquisa”, destacou Glauber, que coordena um grupo com mais de dez estudantes dos programas de pós-graduação em Física, Ciência de Materiais e Informática, voltados para desenvolvimento de dispositivos de acustofluídica e microfluídica.
Parte dos resultados dessa pesquisa foram apresentados ao primeiro Simpósio de Ultrassônica do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) para a América Latina. O simpósio foi realizado nos dias 4 e 5 de outubro, com o objetivo reforçar as redes existentes e promover oportunidades emergentes para a comunidade de engenharia ultrassônica na América Latina em conexão com o resto do mundo. A Professora Magna reforça que a colaboração entre os grupos da Biologia e da Física nasceu há quatro anos com a indicação de um trabalho ao prêmio da Newton Fund (UK) e, hoje, toma forma por meio de projeto aprovado no PPSUS, coordenado pela Proffessora Aline Cavalcante, do Campus Arapiraca, com uma bolsa de pós-doutorado aprovada no Dimensions Science, além de outras publicações.