Professor da Ufal recebe convite para integrar mestrado na Índia

Humberto Barbosa participará do programa do SRM Instituto de Ciência e Tecnologia Kattankulathur

Por Diana Monteiro – jornalista
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Professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis
Professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis

A parceria da Universidade Federal de Alagoas, por meio do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), com a Índia tem rendido diversas ações na área de ciências atmosféricas e com consolidados benefícios à sociedade. Por conta dessa parceria, recentemente o professor Humberto Barbosa recebeu convite para integrar o Programa de Pós-graduação em Pesquisas em Ciências Atmosféricas do Departamento de Física do SRM Instituto de Ciência e Tecnologia Kattankathur. Humberto já tem interação acadêmico-científica com a instituição indiana como orientador de trabalhos e participação em bancas de doutoramento.

Ao destacar a parceria técnico-científica, firmada há mais de uma década com pesquisadores indianos, Humberto cita como resultados a realização de diversos estudos e a publicação de vários artigos científicos em diferentes países. “Este ano, ainda estamos em março e já houve a publicação de três artigos, em periódicos de vários países. As pesquisas realizadas se concentram em aplicação e validação de imagens de satélites, relacionadas a questões climáticas e ambientais, na Índia e no Brasil, com uso de geoprocessamento”, enfatizou.

Segundo Barbosa, o intercâmbio Brasil-Índia tem enriquecido metodologias científicas e projetos conjuntos na área de Sensoriamento Remoto, inclusive, com a possibilidade de atividades em parceria dentro do Brics, bloco dos países em desenvolvimento, como China, Brasil, África do Sul e Índia. Com essa finalidade, o professor tem atuado em cooperação para elaboração de projetos, submetidos a editais, no âmbito do Brics. “Com isso, os estudantes de ambas as instituições, Ufal e SRM Instituto, são beneficiados por contarem com pesquisas e metodologias já validadas, publicadas em periódicos científicos, que podem ser adaptadas às suas pesquisas”, disse.

Como resultado das ações científicas empreendidas e em desenvolvimento com a universidade indiana, de 6 a 8 de abril, o professor Humberto participará, como palestrante, da Reunião do Grupo de Trabalho de Convenção (CWG), promovida pela Organização Europeia para exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat) e seus estados-membros e do Laboratório Europeu de Tempestades Severas (ESSL).

O pesquisador da Ufal faz parte do Grupo CWG e, durante o evento, em formato on-line, apresentará resultado de pesquisa e validação de produtos de satélites, gerados no Sistema Eumetcast, cuja infraestrutura de recepção dos dados está instalada no Lapis da Ufal. A reunião abordará temas como novos canais e produtos, imagens; visualização de dados para os satélites de nova geração; perfis verticais de satélite; observações de relâmpagos do espaço; pesquisas - conversas de operações; e abordagens multissensores e integradas.

Humberto Barbosa acrescenta que, desde o lançamento do primeiro satélite Meteosat de Segunda Geração (MSG), em 2002, muitas das aplicações na área de detecção de tempestades convectivas severas e previsão a curto prazo foram desenvolvidas por vários usuários. “O foco do grupo de trabalho é estabelecer um inventário abrangente das aplicações disponíveis neste campo, com o objetivo de obter uma visão mais profunda das diferenças e semelhanças das técnicas e produtos disponíveis e suas áreas específicas”.

Avanço científico

A Ufal foi a primeira universidade a montar o sistema de recepção de dados de satélites no Brasil, cuja estação está instalada no Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat), unidade acadêmica do Campus A.C. Simões. “Desde 2007, recebemos os dados, processamos e analisamos as informações que são disponibilizadas no site do Lapis. A estação de recepção de imagens do satélite Meteosant-11 montada é fruto da cooperação do Laboratório com a Alemanha”, destacou Barbosa sobre o pioneirismo da instituição alagoana e a contribuição à ciência nessa área.

No dia 28 de fevereiro deste ano, o Lapis da Ufal transmitiu o lançamento do primeiro, de três satélites de observação da Terra, projetado, construído, testado e operado cem por cento pelo Brasil. Tendo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), como protagonista de um marco na história da ciência e da tecnologia do país, o satélite, denominado de Amazônia- 1, foi lançado a partir do Centro Espacial Satish Dhawan, no sul da Índia.

Segundo Humberto Barbosa, o satélite, que tem vida útil estimada em quatro anos, foi lançado para gerar dados de observação da Amazônia brasileira, atendendo também a outras finalidades estratégicas, a exemplo do monitoramento das áreas da agricultura do país.

O Amazônia-1 é dotado de um sistema de visualização ótica de imagens amplas, que consiste em uma câmera com três bandas, no espectro visível e uma banda no infravermelho próximo. O satélite tem a capacidade de registrar imagens que cobrem uma largura de 860 quilômetros, com resolução de aproximadamente 60 metros.

“Na missão espacial, fizeram companhia ao Amazônia-1 mais 18 satélites, de demonstração de tecnologia da Índia, dos Estados Unidos e de outros países. Tem, no espaço, como companhia, os satélites Cber-4 e 4A, construídos numa parceria entre Brasil e China. Apesar dos obstáculos de financiamento da ciência brasileira, o marco histórico mostra a importância dos resultados de investimentos na área de ciência e tecnologia”, afirmou o professor.

A transmissão do lançamento do Amazônia-1 foi feita pelo Youtube e pode ser acessada pelo Facebook do Lapis da Ufal.