Em novo estudo, professor destaca impactos da pandemia na economia

Cícero Péricles fala sobre o cenário de Alagoas nos primeiros meses de 2021

Por Ascom Ufal
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Cícero Péricles, economista e professor da Feac
Cícero Péricles, economista e professor da Feac

A economia de Alagoas, em 2021, continua sofrendo os impactos da covid-19, agora com a “segunda onda” que levou à continuidade das medidas de isolamento e de restrições. No estudo Os impactos da pandemia na economia alagoana - notas sobre a conjuntura econômica - janeiro a maio de 2021, publicado no portal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), o professor Cícero Péricles Carvalho discute como a economia alagoana foi afetada pela queda em suas atividades, com a ampliação do desemprego e a redução da renda média.

Para Péricles, os mecanismos de estímulo à economia continuam sendo decisivos para o funcionamento das atividades regulares no Estado. A perda do Auxílio Emergencial por quatro meses cortou a renda que garantia o consumo dos segmentos mais pobres. Por outro lado, a suspensão do programa de manutenção do emprego afetou milhares de contratos de trabalho, principalmente nas micro e pequenas empresas, e o corte nas linhas emergenciais de crédito pesou no funcionamento dos empreendimentos na área do comércio e de serviços, mais afetados pelas medidas de isolamento social.

Segundo ele, a suspensão desse conjunto de iniciativas governamentais reflete diretamente na redução do consumo. “As taxas mensais dos setores de comércio se mantiveram negativas nestes primeiros meses em decorrência da queda da renda e pela aceleração da inflação que tem penalizado os segmentos mais pobres. Outro efeito desse ambiente econômico foi o aumento do desemprego, tanto o formal, dos trabalhadores com carteira assinada, como o desemprego geral, da força de trabalho mais ampla, que chega à taxa recorde de 20%, a terceira mais alta do País”, declarou, acrescentando que já são mais de 250 mil desempregados buscando emprego e 280 mil trabalhadores “desalentados”, os que desistiram de procurar uma ocupação.

E como identificar os efeitos da pandemia? Bem, de acordo com Péricles, esses efeitos ocorrem de maneira diferenciada. “A agricultura sofre menos pela sua forma isolada de produzir; o pequeno setor industrial é menos afetado pela pandemia e mais pela inflação e queda do consumo. Os setores urbanos de serviços e o comércio são aqueles mais afetados pela queda da renda e pelas medidas de restrição, coincidentes com os meses de menor movimento da economia estadual, que ocorre, tradicionalmente, no período de chuvas, a partir de março. Alguns segmentos, como o comércio de varejo, os setores do turismo e da alimentação, ficaram com as demandas mais expressivas, atendidas, parcialmente, pelo Estado e prefeituras”, respondeu.

Para reverter essa situação desfavorável da economia alagoana, a aceleração da campanha de vacinação e a diminuição do número de casos de covid-19 são fundamentais. Mas, na visão do professor, a economia depende também dos mecanismos de estímulo governamentais, que voltaram com grau de cobertura e valores menores, do desempenho da economia nacional e nordestina e do ritmo dos setores importantes da economia estadual.

O estudo do economista dá sequência a uma série histórica com outros trabalhos, publicados pela Ufal no ano passado. Clique neste link para ler o artigo.