Arquitetura promove Nós: 1º Congresso Internacional Estudos da Paisagem
Evento acontece de forma virtual nos dias 2 a 4 de junho
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O grupo de pesquisa Estudos da Paisagem, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas, realiza nos próximos dias 2 a 4 de junho o Nós: 1º Congresso Internacional Estudos da Paisagem. O evento acontece de forma virtual e será transmitido via Doity Play. Para participar, é preciso realizar inscrição no site.
Nesta primeira edição o evento vai tratar de patrimônios em silêncio. Segundo a professora Maria Angélica da Silva, organizadora do Ciep, esses patrimônios em silêncio são aqueles que possuem um potencial de destaque, um manancial para animar as nossas vidas, mas que não são acionados enquanto tal ou são impedidos de assim o fazerem. “Estamos falando tanto do caso de um monumento reconhecido, tombado, mas que perdeu a vitalidade ou se encontra em ruínas. Também constituem patrimônios em silêncio práticas vinculadas a grupos ditos minoritários, situados na periferia das cidades que, por vezes, além de não serem considerados, reiteradamente são rechaçados”, explicou.
“Em Alagoas, onde temos terras que foram de Caetés, morros onde se ergueram quilombos, uma capital onde houve a quebra de Xangô e que na atualidade vê uma parte expressiva do território afundar devido a um crime socioambiental, temos muito o que discutir sobre patrimônios em silêncio”, enfatizou a professora. Outras abordagens tratarão de questões mais específicas, mas sempre na intenção de refletir sobre caminhos futuros, sobre novas formas de habitar que considerem a arte, a cultura e a estética como bens a compartilhar e a dar significado às nossas existências.
Angélica conta, ainda, que o congresso também trará uma versão transdisciplinar e uma intenção de buscar novas formas de discutir e socializar o conhecimento que universidades públicas, como a Ufal, estão produzindo. “Quando se fala paisagem, queremos tratar do mundo que está à nossa volta e, por conseguinte, da condição de estarmos vivos. Diferente de conceitos como território ou lugar, paisagem implica considerar poeticamente a existência, buscando um interagir pleno com o meio. A paisagem entra pela janela, mas pode ser o interior de uma casa ou de nós mesmos. Ela pode ir para além do nosso corpo, mas é fundamental para que o corpo exista. Portanto, vincula-se com a sustentabilidade social e ambiental e se coloca crucial para o futuro que está por vir. Em tempos de pandemia, podemos sentir a paisagem implicada na condição do mundo que nos faz adoecer”, disse.
A professora explica que o patrimônio, surge quando algumas partes da paisagem são destacadas. Pode ser pela desenvoltura ou beleza de um edifício, pode estar relacionado a algumas áreas especiais de uma cidade, pode se vincular a atos comunitários como uma celebração, um item da culinária. Guarda relação com a produção de uma música ou uma máscara para um ritual. “Entendemos que a paisagem, como também o patrimônio, apesar de demandarem, em certos casos, uma proteção, nunca estão estáticos e sempre se relacionam com a vida presente”, afirmou.
O debate segue para além de Alagoas. “A expectativa é termos debates sobre o tema vindos de várias partes do Brasil e do mundo. Especialmente, alguns dos palestrantes convidados como Ailton Krenak, Rita Mendonça, Madalena Romanelli e Jorge Luiz Lopes vão tratar da dimensão ampliada e implicada do patrimônio que nos considera irmanados no universo, na terra, nos nossos corpos”, concluiu.
Confira a programação completa e mais informações no site do evento.