Pesquisa mostra o aumento do interesse por pássaros de jardim durante lockdown
Comportamento foi analisado em 2020, na Europa; estudo teve participação da Ufal
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Cientistas do Laboratório de Conservação no Século 21 (Lacos21) da Ufal participaram de um estudo recém publicado na revista internacional Frontiers in Ecology and the Environment, que observou mudanças na interação das pessoas com a natureza durante períodos de lockdown na pandemia da covid-19, na Europa. Participaram do trabalho os pesquisadores Richard Ladle, Anna Ludmilla da Costa-Pinto, Bárbara Pinheiro, e Ana Malhado, em parceria com cientistas de outros países, como Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Israel.
Os lockdowns, termo em inglês usado para o confinamento mais restrito de pessoas, decretados em muitos lugares do mundo, como forma de controlar a pandemia, levou a grandes mudanças nas sociedades, desde o início de 2020. Os pesquisadores partiram da ideia de que muitas pessoas ficaram em suas casas, e começaram a realizar novas atividades, ou atividades anteriormente feitas em períodos ou locais diferentes. Esse confinamento de aumentou, também, a necessidade de criar alternativas para expressar liberdade e para se reconectar com a natureza.
Para entender melhor esses padrões, os cientistas analisaram as mudanças no interesse das pessoas por pássaros comuns de jardim em cinco países europeus: França, Alemanha, Itália, Suécia e Reino Unido, em 2020 e nos quatro anos anteriores. Eles conseguiram isso observando as interações online das pessoas com essas aves. As novas fontes de dados digitais estão se tornando valiosas para obter insights sobre as interações das pessoas com a natureza.
Os pesquisadores foram capazes de mostrar que durante o primeiro período de lockdown, nos meses da primavera europeia (março a junho) de 2020, houve um aumento acentuado no interesse em pássaros comuns de jardim, evidenciado por um número crescente de pesquisas no Google, visualizações de páginas da Wikipedia e postagens no iNaturalist, uma plataforma popular de ciência cidadã para essas espécies.
O estudo apontou, ainda, uma curiosidade: mesmo na Suécia, onde os lockdowns formais não foram decretados, o interesse também cresceu durante o mesmo período. Mas, esse aumento foi menos evidente nos lockdowns seguintes.
Os pesquisadores acreditam que esses resultados são interessantes em várias frentes. “Em tempos como esses, de angústia e reclusão, estando restritos à nossa casa, a importância da interação com a natureza - mesmo que seja apenas a observação de pássaros comuns do jardim fora de nossa janela - era evidente”, comentou Uri Roll, da Universidade Ben-Gurion do Negev, e completou: “Essas interações com a natureza são importantes para nós em um nível fundamental e essa lição é particularmente importante para lembrar em face da crise da biodiversidade, extinções de espécies em massa e maior alienação da natureza na era digital”.
Para o professor da Ufal e pesquisador do Lacos, Richard Ladle, “tais fontes digitais sobre interações homem-natureza estão se expandindo a taxas fenomenais e podem se tornar a chave na promoção de campanhas eficazes de conservação, compreensão da eficácia da educação ambiental, planejamento urbano para cidades mais verdes e equitativas e, em última análise, uma compreensão mais profunda da psicologia humana”.
Confira o estudo completo clicando aqui.