Saber Ufal: revistas especiais apresentam capítulos da história da Universidade
As revistas produzidas pela Assessoria de Comunicação reúnem as contribuições da Ufal para a sociedade na pandemia de covid-19 e com a problemática do afundamento do solo em Maceió
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Um presente para a Universidade Federal de Alagoas e para toda a sociedade! A Assessoria de Comunicação da Ufal lançou mais dois produtos de relevância científica e histórica. As edições números 3 e 4 da revista Saber Ufal já estão disponíveis para download e trazem temas que impactaram o Brasil e o Estado nos últimos anos.
A terceira edição da revista aborda o lugar de representatividade da Universidade frente ao combate à pandemia de covid-19. O trabalho foi conduzido pela coordenadora da Ascom, Simoneide Araújo, que abraçou a missão dada pelas pró-reitorias de Gestão Institucional (Proginst) e de Pesquisa e Pós-graduação (Propep), por meio de Jarman Aderico e Pierre Escodro. Mais do que a compilação de todas as ações realizadas pela Ufal, a revista Saber Ufal 3 é um documento para as próximas gerações.
“Eu acredito que é um registro que vai ficar para daqui a alguns anos - quando passar essa situação terrível que a gente está vivendo - as pessoas consigam entender que no meio desse turbilhão, dessa agonia que todos vivenciamos, a Universidade realmente não parou. E isso não é um discurso. Essas revistas são a prova de que mesmo diante de tantas adversidades, perdas e angústias, a Ufal continuou produzindo e fazendo seu papel: fazendo ciência”, destacou Simoneide.
Para resgatar onde a Ufal esteve durante a pandemia, a Ascom contou com o trabalho de compilação de todo o material produzido, feito pela servidora da Ascom, Raniella Lima. Já a edição de número 4 relembra o fenômeno geológico que ocasionou o afundamento de cinco bairros de Maceió, atingindo uma área equivalente a 500 campos de futebol, obrigando 14 mil famílias a deixarem suas casas. A Universidade esteve atenta e prestativa nessa problemática.
Para conceber as revistas, o servidor da Ascom Daniel Aubert, que assina o projeto gráfico, a diagramação e as artes, apostou numa edição moderna e visualmente atraente. “A ideia do projeto foi trazer elementos gráficos e uma diagramação simplificada, elegante, moderna e que possibilitasse uma leitura leve, sem muitos elementos poluidores. Portanto, uma das diretrizes foi usar e abusar de imagens grandes, que trouxeram o equilíbrio junto com o texto”, explicou Daniel, e completou:
“Com a escolha de uma família de fonte moderna, agradável e de fácil leitura, determinei os pesos dos tipos de texto, identificando título, chapéu, bigode e demais estilos; procurei balancear texto, imagem e cor ao longo das páginas, de uma maneira que não se tornasse monótono, mas seguindo uma ordem, uma composição geral”.
Daniel contextualiza que “com esses elementos e escolhas o projeto busca equilibrar a importância e o peso de passar informações da melhor instituição de nível superior do estado de Alagoas, de base científica, com uma leitura leve e de fácil acesso a todos da sociedade”, e finaliza: “Foi uma honra ter participado do desenvolvimento gráfico da revista Saber Ufal”.
Fazem parte do Conselho Editorial dos dois novos produtos da Ascom: Jarman Aderico, Pierre Barnabé Escodro, Raniella Lima, Márcia Alencar e Simoneide Araújo. Essas últimas que também são responsáveis pela produção e edição do material, com revisão de Mauricélia Ramos.
Destaque e conteúdo
A reportagem de capa da terceira edição da revista Saber Ufal, assinada pelo jornalista Deriky Pereira, destaca a foto de Renner Boldrino e aborda o esforço conjunto dos pesquisadores para ajudar a população alagoana. A Ufal passou a auxiliar o governo do Estado e apresentar dados relativos à curva de contaminação.
Outros trabalhos conjuntos também foram contemplados na revista, a exemplo de produção de insumos direcionados aos profissionais da saúde, e a parceria com instituições como o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas(TJ-AL), os ministérios públicos do Trabalho (MPT-AL), e Federal (MPF), além do Ministério da Educação (MEC), da bancada Federal de Alagoas e órgãos como a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Sindicato dos Trabalhadores (Sintufal) e da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal).
Todo o processo de luta e intervenções realizadas pelo Hospital Universitário também ganhou espaço nas páginas da revista. O HU cuidou do povo alagoano e foi solidário com os pacientes vindos de Manaus. O hospital multiplicou sua capacidade de olhar o outro e lá do interior do Estado começou mais um trabalho dos profissionais da saúde da Ufal: O Campus Arapiraca foi certificado para realizar testagens de covid-19 em vários municípios. Somente no interior, foram quase quatro mil testes.
“A Ufal mostra sua grandeza nas ações que faz. E esse enfrentamento da pandemia foi isso, mostrar a grandeza que ela tem. A gente conseguiu fazer e eu tenho muito orgulho disso, de conseguir dar uma resposta a essa população que está aí fora, que sofre tanto e que passa por tantas coisas”, disse a vice-reitora Eliane Cavalcanti, que coordena o trabalho.
A Universidade investiu mais de R$6 milhões por meio de Termos de Execução Descentralizada e crédito da Lei Orçamentária Anual (LOA-2020). Outros R$5 milhões foram destinados para assistência estudantil com pagamento de auxílio emergencial auxílio alimentação e necessidades que atenderam às demandas da nova modalidade de ensino.
Mais do que importante, a Ufal era necessária. Nesse período, houve apoio à saúde mental de servidores e estudantes. Tentou-se a calmaria, mas também teve pressa. Quase três mil profissionais foram diplomados em meio à pandemia. E só o curso de Medicina entregou mais de 150 novos médicos para ajudar no enfrentamento do vírus.
“O desempenho do papel da Universidade demonstra para a sociedade alagoana a importância das instituições públicas, tanto as de educação superior como da área de saúde, como a rede SUS, imprescindíveis para a vida e o desenvolvimento da sociedade”, citou o professor Cícero Péricles, que assina a coluna Opinião.
Imprescindíveis e sob pressão. Os cortes orçamentários são detalhados numa entrevista com o reitor Josealdo Tonholo, em tom de preocupação e de esperança: “Eu não acredito que a Universidade vá fechar. A gente já passou por vários desgovernos, por várias situações de crise econômica, e sobrevivemos”. Tonholo ainda fala sobre uma das maiores expectativas: “A gente vai voltar ao presencial. O ‘como’ é complicado e o ‘quando’ também. A Ufal briga pela vida, não contra ela, por isso a gente tem que fazer um planejamento bem-feito, com responsabilidade e um mínimo de incertezas possível. É fundamental que a gente utilize dessa capacidade de entender, de interpretar o próximo no sentido de que a gente tenha uma solução coletiva”.
Cenário de guerra marca história de Maceió e da Ufal
Uma imagem impactante, de Jonathan Lins, ilustra a capa da quarta edição da revista Saber Ufal, com reportagem de destaque assinada pelo jornalista Eduardo Almeida. Desde 2018 Maceió enfrenta um dos maiores desafios urbanos do Brasil neste século 21: o afundamento do solo decorrente de atividades de mineração, que atingiu cinco bairros e afetou a vida de cerca de 55 mil pessoas.
Todo o espaço da revista é dedicado para contar além do que já aconteceu e de como a Ufal esteve engajada no problema. “A ideia não é a gente apontar culpados, apontar erros, é mais uma perspectiva de futuro. O que a gente discutiu enquanto conselho editorial foi justamente mostrar essa realidade, mas, e agora? Quais são as ações efetivas e no que a Universidade pode contribuir ainda mais para mitigar essa situação terrível que tantas famílias estão passando?
Numa reportagem, a professora e pesquisadora Regla Toujaguez la Rosa Massahud, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), avalia a situação e responde algumas das principais dúvidas da população envolvida. Já na coluna Opinião, a professora Luciana Santana, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) é enfática em dizer: “Torna-se primordial a participação cidadã. Mas não apenas nesta etapa, em todas as etapas, inclusive para definir estratégias e políticas que minimizem os impactos causados à população e ao meio ambiente”.
A quarta edição da revista também mostra o que sobrou por trás dos escombros. As memórias das pessoas estão sendo preservadas com trabalhos desenvolvidos pela Ufal. Um documentário já foi gravado, vários artigos escritos serão transformados em livros e um inventário participativo, coordenado pelo grupo Representações do Lugar (Relu) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), vai catalogar todo o patrimônio material e imaterial dos bairros Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Mutange.
Quem também abraçou o problema vivido nos bairros foi o curso de Medicina Veterinária, por meio de um projeto de apoio aos animais abandonados por seus tutores durante as mudanças, o que aumenta os riscos de proliferação de zoonoses. Só no primeiro ano foram mais de 5,5 mil atendimentos, mais de 2,8 mil vacinas aplicadas e cerca de 1,5 mil castrações.
“Quando a gente começou o levantamento, tinha 50% dos animais ficando na região, principalmente gatos. Esse é o trabalho mais difícil que eu já realizei em termos de extensão, porque você tem ONGs envolvidas, tem o Ministério Público, tem a universidade e precisa da participação da sociedade”, lembrou o professor Pierre Escodro, coordenador do projeto.
Estender a mão foi o que a Ufal mais conseguiu fazer para apoiar as vítimas e reduzir danos. Professores da Faculdade de Direito de Alagoas preparam obra que será publicada pela Edufal para abordar aspectos jurídicos do afundamento de solo em Maceió que será referência sobre o tema.
A quarta edição da revista Saber Ufal ainda destaca a Universidade como integrante do comitê que vai definir políticas públicas para compensar danos extrapatrimoniais e os pesquisadores que já estão atuando em projetos de cooperação com a empresa Braskem em temáticas que visam precaução.
Prestes a completar três anos da tragédia, a revista lançada nesta terça-feira (25) traz uma Linha do Tempo que mostra desde o início do processo de extração de sal-gema, em 1976, até a reativação das atividades da indústria Braskem, em 2021. Daniel Aubert elaborou a ilustração para facilitar a compreensão do processo de subsidência de solo em Maceió.
O tempo continua correndo. As próximas páginas devem ser escritas por várias mãos. “A gente consegue fazer uma leitura do passado, porque são experiências que a gente viveu, e consegue construir a poucos e pequenos passos o presente. O que esperar daquela região ainda é uma incógnita muito grande, porque a área não está estável. Ela está em movimento. (...) O futuro é algo muito incerto”, disse o reitor Tonholo, reforçando ainda que a Ufal deixa sua contribuição incessante para todos os envolvidos.