Campus Arapiraca inaugura cantina gerida por agricultoras familiares

Iniciativa inova na gestão dos espaços e incentiva trabalhadoras da Igaci

Por Ascom Ufal
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As oito famílias que atuam na cantina do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) fazem parte do projeto Quiosque Cozinha do Campo. Em agosto de 2017, o projeto teve início como um ponto de comercialização de produtos oriundos da agricultura familiar da cidade de Igaci. Na última quarta-feira (20), o Cozinha do Campo avançou mais um passo, ocupando um espaço destinado à servir de cantina no campus.

Com isso, ampliaram-se as possibilidades de diversificação dos produtos oferecidos à comunidade acadêmica, além do melhoramento significativo das condições de trabalho e produção das agricultoras familiares envolvidas. Coordenado pelo professor Marconi Tabosa, o projeto foi consolidado em 2018, com apoio da Pró-reitoria de Extensão (Proex) e aporte de recursos do CNPq, como parte de um projeto mais amplo, o Economia Solidária no Agreste Alagoano: acompanhamento de empreendimentos incubados de finanças solidárias e comercialização da agricultura familiar.

“A Proex forneceu o quiosque, estrutura física padronizada para comercialização na Ufal, e conferiu o status de Equipamento Cultural ao ponto. Com isso, avançamos na direção de transformar o ponto de comercialização em uma atividade de extensão com um escopo mais amplo. Do ponto de vista acadêmico, passamos a ter três bolsistas dedicados ao projeto, proporcionando sua articulação com o ensino e a pesquisa”, explica o professor.

Neste espaço de comercialização, são oferecidos produtos in natura e lanches preparados segundo princípios de uma culinária eticamente responsável (redução de açúcar, redução de farinha branca, substituição de refrigerante por sucos naturais, utilização de materiais oriundos da agricultura familiar na preparação dos alimentos etc). Em síntese, o propósito é oferecer lanches saudáveis, a um custo reduzido, que os torne acessíveis aos estudantes.

“Além disso, trata-se de uma experiência no âmbito da organização coletiva do trabalho, que visa desenvolver metodologias para o amadurecimento de modelos autogestionários de organização da produção, entre trabalhadores vinculados aos movimentos populares. Constitui, desta forma, uma experiência acadêmica de extensão, que articula também a pesquisa e o ensino”, avalia.

Ao todo, a experiência envolve oito famílias de agricultores, oriundos de um grupo produtivo articulado pela Associação dos Agricultores Alternativos de Igaci (Aagra), que organiza diversos núcleos, que atuam no âmbito da produção agrícola e pecuária de pequeno porte e de caráter familiar. Indiretamente, o projeto também envolve estudantes, professores e técnicos dos três turnos do campus Ufal/Arapiraca, que consomem os produtos comercializados na cantina.

As famílias participam de outras atividades produtivas da Aagra, como a feira semanal que acontece em Igaci e os grupos de produção articulados para fornecer produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Com isso, o ponto de comercialização leva para o interior da Ufal/Arapiraca um conjunto de experiências já amadurecidas no âmbito das organizações populares vinculadas à agricultura familiar, ao tempo que oportuniza à Universidade contribuir com o desenvolvimento de novas metodologias de organização coletiva do trabalho, neste âmbito. 

A incubação desta iniciativa ocorreu sob supervisão da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária (Ites), coordenada pelos professores Marconi Tabosa de Andrade e Leonardo Leal Prates, ambos do curso de Administração Pública. Em conjunto com a direção geral do campus Arapiraca, a Ites está construindo um projeto que visa expandir a experiência para as unidades Penedo e Palmeira dos Índios. Para o professor Marconi Andrade, esta inciativa cria um modelo que pode ser replicado nos demais espaços de comercialização da Ufal.