Em 20 anos, 40% da cobertura vegetal do País se tornaram degradadas

Mapeamento é coordenado por pesquisador da Ufal e faz alerta sobre velocidade da destruição

Por Diana Monteiro - jornalista
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Um mapeamento com análises de tendências – índices de queimadas, precipitação e biomassa vegetal, importantes para estimar os principais fatores de degradação no território brasileiro – mostrou que cerca de 40% da cobertura vegetal do País se tornaram degradadas em duas décadas. A situação ambiental que constata a alta velocidade da degradação está descrita em um recente relatório de monitoramento por satélite, realizado pelo Laboratório de Análises e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), coordenado pelo professor Humberto Barbosa.

Conforme o relatório de monitoramento, por outro lado, houve um crescimento de 33% de cobertura vegetal agrícola, situadas em áreas da Amazônia, Centro-Oeste, parte do Sudeste e Sul do País. “Grande parte das áreas degradadas estão situadas no Semiárido brasileiro, na Amazônia e em áreas da região Sudeste do País. Nas últimas duas décadas a redução nas chuvas na região Centro-Norte do Brasil foi crítica, aumentando as pressões humanas sobre a biomassa vegetal dessas áreas”, alertou o meteorologista Humberto Barbosa.

Recentemente, professor Humberto coordenou uma pesquisa internacional sobre a Amazônia, cujos resultados do estudo mostraram que cerca de 757 mil km2 da bacia amazônica tornaram-se terra degradada, o que corresponde a uma estimativa de 12,5% do total, nas últimas duas décadas. Segundo o pesquisador, o principal fator de degradação identificado foi o desmatamento, intensificado pela seca.

“Associado à questão climática, como é o caso de uma maior frequência dos eventos extremos de seca, houve aumento do desmatamento e dos incêndios florestais. Esses fatores explicam a velocidade de degradação da vegetação nessas áreas”, destacou Barbosa. Para saber mais sobre a pesquisa, acesse aqui .

O relatório do Lapis também mostra que somente no período 2018-2020, o Brasil perdeu 1,6% de cobertura florestal, correspondendo a 12,9 milhões de hectares. Segundo Humberto, no levantamento, foram desenvolvidos três tipos diferentes de produtos de satélites, para monitoramento dos principais vetores da degradação ambiental no Brasil.

Queimadas

O Laboratório Lapis também realizou o mapeamento das áreas de recorrência de incêndios florestais no país, no período 2001-2021, onde ficou constatada intensificação da recorrência de queima da vegetação em Matopiba, nova fronteira agrícola do Brasil. Conforme o mapa do monitoramento, o Centro-Oeste também é uma área onde houve maior frequência de incêndios florestais, durante o período.

Humberto Barbosa destaca ainda: “A elevação das temperaturas e da frequência de secas tornaram os incêndios florestais mais recorrentes, disseminados, graves e com efeitos biológicos que modificam o tipo de cobertura vegetal, afetando a diversidade das espécies, levando à perda da biomassa e à erosão do solo. O fogo é amplamente utilizado para limpeza de terras de áreas cultivadas, com impacto direto nas emissões de gases de efeito estufa”.

Para saber mais sobre a situação, acesse incêndios florestais

O Laboratório Lapis avaliou a recorrência de focos de incêndio, em escala anual, para o período 2001-2021. O índice de recorrência do fogo foi calculado a partir do número de eventos de queimadas [anos em que estava queimando], dividido pela série temporal, neste caso, por 21 anos.

No mapa, valores próximos do numeral 1 indicam o registro de, pelo menos, um evento de queimada, para todos os anos, e valores de 0,1 indicam registro de um evento de queimada, a cada 10 anos. No território brasileiro, algumas áreas com maior frequência de incêndios estão associadas à biomassa em declínio, ou seja, à perda da cobertura vegetal.

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