Gestão se reúne com estudantes PcD para discutir ações institucionais

Coletivo Nada Sobre Nós, Sem Nós realizou manifestação, na última semana, solicitando atendimento do Gabinete

Por Izadora García - relações públicas
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Reitor Josealdo Tonholo em reunião com representantes dos alunos e alunas PcD
Reitor Josealdo Tonholo em reunião com representantes dos alunos e alunas PcD

Na última quarta-feira (28), a gestão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) se reuniu com membros do coletivo Nada Sobre Nós, Sem Nós e representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) para discutir demandas referentes à inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) nas atividades acadêmicas. O grupo reivindica melhorias na infraestrutura e nas ações de acolhimento institucional promovidas pela instituição.

A representação estudantil foi recebida pelo reitor Josealdo Tonholo, pelo pró-reitor Estudantil, Alexandre Lima, além de representantes do Núcleo de Acessibilidade (NAC), da Superintendência de Infraestrutura (Sinfra), do Laboratório de Acessibilidade (LAC) e da Pró-reitoria de Graduação (Prograd).

“Enquanto instituição de ensino superior, nós temos obrigação de enfrentar essas questões que vocês nos apresentaram com a maior seriedade possível. Hoje, mais do que falar, estamos aqui para ouvir, acreditando que nas próximas reuniões já possamos dar ênfase e continuidade ao que está funcionando e reavaliar o que não está, vendo o que podemos fazer para melhorar”, avaliou Tonholo.

Os estudantes pontuaram as maiores dificuldades enfrentadas por eles, como o prazo para a entrega dos materiais adaptados, o acesso ao NAC e o acolhimento dos estudantes PcD desde a entrada na Universidade. Outro ponto apresentado foi a falta de monitores do Mobi Ufal, projeto no qual voluntários auxiliam na mobilidade dos estudantes pelo campus, no período noturno.

“Sabemos que existe uma questão financeira que causa entraves na realização de algumas melhorias. No entanto, tantas outras ações podem ser realizadas sem que seja necessário fazer grandes investimentos. Da mesma forma que existe esse grande problema financeiro, temos os nossos problemas, as nossas necessidades e as nossas urgências. Os estudantes da noite precisam de atendimento, afinal, se a Universidade nos oferta cursos à noite, também deve oferecer a acessibilidade, independente de horário, pois é nosso direito”, disse Reinaldo dos Santos, estudante do 8º período de Serviço Social.

Ato na Reitoria

No último 21 de setembro, o grupo promoveu uma mobilização, em parceria com o Movimento Correnteza e o DCE, em alusão ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Nesse ato, os membros do grupo se reuniram na Reitoria para solicitar uma reunião com o reitor, além de exigir melhores condições para a vivência no Campus A.C. Simões.

“Nós nos unimos com o DCE para que pudéssemos reivindicar a acessibilidade na Ufal, uma vez que essa é uma questão que precisa ser muito trabalhada”, avaliou a estudante de Letras Evilyn Chagas, que é deficiente visual e usuária de cadeira de rodas.

“Há problemas identificados em diversas esferas, como a demora na entrega dos materiais adaptados, a infraestrutura da Universidade, que não está pronta para atender corpos diversos, a quantidade de buracos e obstáculos que podem causar graves acidentes e a falta de sensibilidade da comunidade acadêmica com relação a nossa causa. Então nos unimos para tentar dialogar com a gestão da Ufal e tentar mudar essa realidade”, complementou.

O reitor compareceu ao ato, ouviu as reivindicações e marcou a reunião ocorrida na quarta (28). “É importante estabelecermos um diálogo contínuo com esses alunos para que possamos ir contemplando as demandas, ajustando as necessidades. Vivemos um período crítico de corte de verbas, mas temos muitas ideias boas que podem ser colocadas em prática já”, finalizou Tonholo.

Manifesto de criação

O coletivo Nada Sobre Nós, Sem Nós, criado em julho deste ano, é uma iniciativa que reúne 14 membros, incluindo alunos PcD e ativistas da causa. Em seu manifesto de criação, o grupo se propõe a ampliar as discussões sobre a inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência dentro da Ufal, bem como propor melhorias que possam proporcionar uma vivência universitária digna, pautada na autonomia e no respeito dos diferentes corpos.

O nome do coletivo é inspirado em um lema que ressalta a importância de trazer as PcD para as discussões sobre suas próprias necessidades, para que sejam reconhecidos como sujeitos ativos e empoderados, construindo suas narrativas de maneira autônoma.