LCCV da Ufal tem dois projetos finalistas do Prêmio ANP 2022
O Prêmio tem como objetivo reconhecer a inovação tecnológica no setor de Petróleo, gás e biocombustíveis
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O Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), do Centro de Tecnologia (CTEC), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) teve dois projetos indicados para concorrer ao Prêmio de Inovação Tecnológica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A lista de classificados foi divulgada na última quarta-feira (9) e a solenidade de premiação será no dia 7 de dezembro, no Rio de Janeiro.
O Prêmio ANP de Inovação Tecnológica tem como objetivo premiar os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que representem inovação tecnológica de interesse do setor de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis, Petroquímica, Energias Renováveis, Transição Energética e Descarbonização, desenvolvidos no Brasil por instituições de pesquisa credenciadas pela ANP, empresas brasileiras e empresas petrolíferas.
Os projetos apresentados são contemplados com utilização total ou parcial de recursos da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação (PD&I), de acordo com a atribuição da ANP de estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias para o setor. “Desta forma, o Prêmio tem o objetivo de reconhecer e premiar pesquisas e personalidades que tenham gerado contribuições relevantes para o setor”, explicam os pesquisadores do LCCV Ufal.
Os dois projetos finalistas da Ufal, na categoria da temática específica Indústria 4.0 / Transformação Digital, são: Monitoramento em Tempo Real da Integridade de Poços Marítimos, coordenado pelo professor William Wagner Matos Lira; e Sistema Dynasim: Gêmeo Digital Para Simulação de Sistemas de Ancoragem de Plataformas Oceânicas de Produção, Sistemas de Posicionamento Dinâmico de Sondas de Perfuração e Operações Marítimas de Alívio e Suprimento, em parceria com a Petrobras, PUC-Rio e USP, sendo coordenado, na Ufal, pelo professor Eduardo Nobre Lages.
Monitoramento dos Poços
O projeto coordenado pelo professor William Wagner é desenvolvido em parceria com a Petrobras e com a ESSS Scientific Software. “Visa o desenvolvimento de um sistema computacional para monitoramento, em tempo real, da integridade dos poços que se encontram em produção, objetivando a prevenção de falhas dos mesmos por estarem expostos a condições não admissíveis. O trabalho foi iniciado em julho de 2019 e tem término previsto, inicialmente, para setembro de 2023”, informa o pesquisador.
Na Ufal, a equipe executora é composta por 26 membros, sendo seis professores (quatro do Centro de Tecnologia e dois do Instituto de Computação), 12 pesquisadores, dos quais dois são alunos de doutorado e quatro são alunos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC/Ufal), além de diversos alunos de graduação dos cursos de Engenharia Civil, Engenharia de Petróleo e Ciências da Computação.
O coordenador esclarece que o principal benefício do projeto é a aplicação na indústria de óleo e gás do sistema computacional desenvolvido “Esse sistema é capaz de monitorar, em tempo real, a integridade estrutural de diversos poços de petróleo simultaneamente. Tal sistema serve de apoio para a tomada de decisões durante a produção, fornecendo dados de integridade dos poços, em tempo real, aos responsáveis por suas operações, contribuindo com a manutenção da segurança operacional”, informa William.
O projeto atende às premissas do Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços - SGIP (Resolução ANP N° 46/2016). “A aplicação desta ferramenta melhora a operação de poços de petróleo, em especial os poços marítimos, cujas falhas podem acarretar danos materiais e ambientais catastróficos. A introdução do monitoramento de integridade dos poços na rotina de controle da produção contribui para a extração de óleo e gás de forma mais segura”, enfatiza o pesquisador.
Redução de riscos na ancoragem em plataformas
Já o projeto coordenado na Ufal pelo professor Eduardo Nobre Lages é um sistema computacional construído com o objetivo de realizar simulações computacionais de plataformas flutuantes de produção de petróleo, de unidades de perfuração, de navios aliviadores e de embarcações de apoio com sistema de posicionamento dinâmico operando no ambiente oceânico. “O sistema baseia-se na solução computacional de equações diferenciais que representam os fenômenos físicos da interação de corpos flutuantes com o meio ambiente oceânico”, explica o coordenador.
A equipe executora do projeto é composta por 11 membros, sendo quatro professores do Centro de Tecnologia, dois pesquisadores (um mestre e um doutor) e cinco bolsistas de graduação dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia de Petróleo. “Essa ferramenta computacional fornece uma ampla gama de resultados para a simulação da performance dos sistemas oceânicos visando o projeto de sistemas de ancoragem e a análise de operações de alívio e de abastecimento de plataformas offshore. São recursos avançados para o pré-processamento de dados e sua avaliação crítica para redução de erros, bem como para a análise de resultados das principais variáveis de interesse”, explica Eduardo.
Eduardo esclarece ainda que “o Dynasim é empregado nas análises de condições extremas, operacionais e de fadiga que são obrigatórias para o projeto de sistemas de ancoragem em águas ultra-profundas. Outra área de aplicação é a simulação de operações marítimas com diversas unidades, tais como operações de alívio entre FPSO e navio aliviador, operações com embarcações de apoio e plataformas de perfuração e produção, além de operações de instalação de equipamentos submarinos e pontos fixos de ancoragem”, relata o professor.
Segundo ele, o Dynasim “possui diversos algoritmos físico-matemáticos inovadores tais como forças de deriva não-lineares de ondas, interação de navios com correnteza e ondas, algoritmos de controle para operações de posicionamento dinâmico, tratamento de linhas de ancoragem com material sintético, métodos para análise de fadiga de componentes de linhas de ancoragem, geração automatizada das combinações ambientais de onda, vento e correnteza e tratamento integrado das linhas de ancoragem no solo e na água, constituindo-se em uma ferramenta essencial para o projeto seguro e eficiente de unidades de produção”, finaliza.
O LCCV na Ufal
O Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) começou a ser estruturado a partir de 2006. O prédio onde está instalado foi inaugurado em outubro de 2009. O Laboratório, hoje coordenado pela professora Aline da Silva Ramos Barboza, é um grande orgulho para toda a comunidade universitária. “Os projetos desenvolvidos aqui, do ponto de vista acadêmico, contribuem fortemente na formação de recursos humanos especializados no setor de petróleo e gás, além de apoiar a melhoria da infraestrutura física da Ufal’, destaca a coordenadora.
Aline Barboza ressalta ainda o reconhecimento que o LCCV alcança nacional e internacionalmente. “O Laboratório proporciona o desenvolvimento de diversos trabalhos científicos na fronteira do conhecimento, sendo tais trabalhos publicados em revistas internacionais, além de apresentados em diversos congressos especializados, inclusive naqueles com enorme reconhecimento pela comunidade científica da área, com alguns desses já premiados, mostrando a excelência na qualidade dos projetos”, destaca a coordenadora.
Sobre a indicação dos projetos ao prêmio ANP 2022, Aline enfatiza que é mais uma sinalização do trabalho de excelência de uma equipe que atua na fronteira do conhecimento tecnológico. “É o reconhecimento de que os desenvolvimentos no contexto da transformação digital ganham importância no cenário nacional e internacional, e consolidam o LCCV como um polo de excelência na região Nordeste do Brasil”, ressalta Aline Barboza.
O primeiro coordenador do LCCV, professor Eduardo Setton, também comemorou a indicação dos projetos. “Para chegar até aqui, a concorrência com grandes players que atuam no mercado nacional e internacional nessa área e trabalham com Pesquisa e Desenvolvimento para o setor de petróleo nos coloca no patamar que nunca deixamos de buscar desde o início. Parabéns a todas as instituições que estão junto conosco nesta jornada e sobretudo aos times e coordenadores dos projetos que nunca mediram esforços e, na pandemia, aceleraram e qualificaram ainda mais o nosso trabalho”, parabeniza o pesquisador.
Aline Barboza, finaliza destacando que o LCCV vai continuar com a missão. “Na busca de soluções de problemas de engenharia utilizando recursos da mecânica computacional nas áreas de modelagem computacional, desenvolvimento e aplicações de simuladores numéricos, computação de alto desempenho, visualização e computação científica, principalmente aqueles problemas que envolvem os enormes desafios da exploração de óleo e gás em águas profundas”.
Confira mais informações e os finalistas aqui.