Semana Mundial sobre uso de antibióticos discute cuidado na prescrição
Evento acontece no HU até 24 de novembro
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O uso indiscriminado de antibióticos é uma realidade em que o medicamento se torna parte da doença, ao invés da cura. Há o risco de que o foco de infecção não seja atingido e o paciente apresente aumento da resistência bacteriana. Além da população estar atenta, é necessário que os prescritores sejam criteriosos na administração de antimicrobianos. Tendo em vista essa realidade, o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) participa da Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antibióticos, que ocorre de 18 a 24 de novembro, abordando a questão do ponto de vista dos médicos.
Na escolha do antimicrobiano, o profissional precisa definir qual medicamento atinge o foco da doença. Depois é avaliada a dosagem ideal para que o paciente resolva a sua doença. Em seguida, é necessário a definição de quantos dias o antimicrobiano poderá ser utilizado, normalmente entre 7 e 10 dias. Depois dessa avaliação, o profissional de saúde faz uma reavaliação do quadro do paciente em, no máximo, 48 horas, tanto exames clínicos quanto radiológicos. Se, no fim desse período, o paciente não tiver melhora, será necessário a definição de outro esquema. Nesse momento, faz-se necessário o laboratório.
O prescritor precisa pedir culturas no possível foco. O laboratório as libera no menor tempo possível, pois no caso de demora, quando o paciente for avaliado e não houver o resultado de qual bactéria está produzindo a infecção em 48 a 72 horas, o médico corre o risco de colocar de forma empírica (sem conhecer o agente causal, seja bactéria ou fungo) um novo esquema. Soma-se o primeiro, em que não se conhecia a bactéria, e um segundo, caso não haja melhora. “O laboratório é o melhor indicador, nesse momento, se houver solicitação de cultura, para definir se é um gram positivo, negativo ou um fungo”, explica a médica infectologista e consultora do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares do HU, Raquel Guimarães.
O Hospital Universitário possui, há mais de um ano, um protocolo de avaliação de uso de antimicrobianos restritos e de alto custo. Tal medida é somada ao tripé do controle de infecção, composto pelo médico prescritor, exames de cultura e farmácia, impactando significativamente nos aspectos financeiros e procedimentais, através da prescrição, reavaliação do paciente e a introdução de um novo esquema a partir da descoberta, no laboratório, de qual bactéria se trata para um diagnóstico assertivo, e assim definir o tempo de uso do antimicrobiano. Algumas situações a administração normal e requerem de 14 a 21 dias. “De modo geral, uma proposta bem conduzida já é significativa para que se possa suspender gradativamente, seja passando do uso venoso para o oral, preparando, de uma forma geral, quando possível, uma alta segura do paciente”, esclarece a infectologista do HU.
Gestão compartilhada
Existe, desde 2017, um projeto de trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostrando a gestão de antimicrobianos como fator importante dentro dos hospitais, aplicando os conceitos da Stewardship, uma forma de gestão responsável e planejada de recursos. Há cinco anos, o Ministério da Saúde preconiza que hospitais terciários, que tratam pacientes com alta gravidade, possam aplicar tais princípios para melhorar a prescrição, envolvendo pacientes, prescritores, serviço de controle de infecção hospitalar, tecnologia da informação, farmácia, laboratório, sistemas de avaliação do uso e da resistência. “As ações envolvem também o gestor porque ele precisa entender que um paciente bem avaliado, bem tratado, diminui a possibilidade de óbito, volta para a sua residência mais cedo, com uma alta segura, melhora a rotatividade de leitos hospitalares e diminui a letalidade. Além disso, tem um cliente satisfeito com o atendimento”, esclarece Raquel Guimarães.