Novo Laboratório de Química busca desenvolver simulações ambientais
Qualificação de recursos humanos é uma das contribuições dos estudos que contam com internacionalização institucional
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O Laboratório de Materiais Luminescentes e Estudos Ambientais (Lumiam) do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) tem a proposta de associar o desenvolvimento de pesquisas científicas envolvendo a Química de Materiais, com foco em aplicações tecnológicas, e a Química Ambiental envolvendo ecossistemas de grande relevância em Alagoas.
De acordo com as coordenadoras do Lumiam, Cintyan D Angeles do Espírito Santo Barbosa e Daniela Santos Anunciação, os frutos que resultarão dos estudos científicos ampliarão a projeção da Ufal no cenário local, nacional e internacional. Isso porque parcerias com pesquisadores de universidades no Brasil, Portugal e Espanha estão bem estabelecidas e com perspectivas de ampliação.
Inaugurado em dezembro de 2021, o laboratório consiste num grupo de investigação multidisciplinar e conta também, com a participação do professor Josué Carinhanha, pesquisador do IQB, como colaborador. O grupo de pesquisa também conta com sete estudantes de iniciação científica, que desenvolvem trabalhos de conclusão de curso (TCCs) e projetos dos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e de Iniciação Tecnológica (Pibit). São pesquisadores também do Lumiam dois alunos do mestrado e cinco do doutorado pertencentes ao Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia da Ufal.
“O novo laboratório representa um marco na nossa trajetória profissional na Ufal, por nos trazer a possibilidade de orientar e gerenciar nossas pesquisas de forma mais independente ainda que, mantendo as essenciais colaborações com outros grupos de pesquisa. A importância do Lumiam para os estudos nas áreas de química de materiais luminescentes e química ambiental está relacionada à formação de recursos humanos capacitados com foco no desenvolvimento social e na inovação tecnológica”, afirmaram Cintya e Daniela.
Elas aproveitam para anunciar que já no semestre 2022.1, como frutos do laboratório, serão concluídas uma dissertação de mestrado e quatro trabalhos de conclusão de curso. No calendário de atividades científicas para esse ano, segundo as coordenadoras, estão também previstos estudos de simulação ambiental envolvendo contaminantes potencialmente tóxicos e experimentos in vitro e in vivo para posteriores aplicações no tratamento de feridas em pacientes diabéticos. Novas colaborações estão em fase de discussão e implantação para otimizar cada vez mais as ações do Lumiam em prol da Ciência e da sociedade.
Amplos estudos
Situado no andar superior do IQB, no Campus A.C. Simões, em Maceió, o Lumiam ocupa duas salas da unidade, cujos espaços se destinam ao preparo de amostras e simulações ambientais envolvendo as matrizes água, sedimento e biota, com destaque para o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, importante ecossistema do estado de Alagoas.
“Desenvolvemos e aplicamos métodos analíticos e materiais a fim de avaliar a distribuição de contaminantes e nutrientes no ambiente e em alimentos de amplo consumo, por meio de técnicas espectroanalíticas. Além disso, sintetizamos e avaliamos nanopartículas de selênio funcionalizados com potencial biotecnológico”, destacou Daniela.
O outro espaço do Lumiam é dedicado à síntese e avaliação de propriedades fotofísicas de materiais luminescentes com diversas aplicações. “Sintetizamos carbono dots, quantum dots, polímeros de coordenação contendo íons lantanídeos e nanocompósitos para aplicação em dispositivos eletroluminescentes (WLEDs e OLEDs), terapia fotodinâmica, nanotermometria óptica, construção de sensores químicos e biológicos”, explicou Cintya.
Espaço estruturado
Tornar realidade um laboratório de relevantes estudos de contribuição à ciência e à sociedade, segundo as coordenadoras, foi fruto de empenho e dedicação de pesquisadores, parcerias, doações e apoios recebidos. Da liberação de duas salas, em fevereiro 2020, pelo Conselho do IQB, foi realizada uma ampla reforma para que o Lumiam funcionasse com estrutura e dinamismo na realização dos estudos científicos propostos e em andamento.
A reforma contemplou redimensionamento das redes elétrica e hidráulica com as especificações e segurança adequadas ao desenvolvimento dos trabalhos de investigação científica, descupinização, ajustes de alvenaria, novas bancadas, dentre outros aspectos estruturais. Cyntia e Daniela destacam o apoio recebido da atual gestão da Ufal, com esforço pessoal da equipe da Superintendência de Infraestrutura (Sinfra).
As pesquisadoras complementam dizendo que o incentivo se deu, também, mediante doação de equipamentos e materiais pelas professoras Cristina Caño e Isis Figueiredo, do IQB, laboratórios do Instituto de Ciências e da Saúde (ICBS), bem como, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Recursos do Projeto Procad – da Capes Pró-forenses, coordenado pelo professor Josué Carinhanha, e que conta com a participação das coordenadoras, também foram destinados ao laboratório para aquisição de equipamentos e reagentes.
Cintya e Daniela reconhecem e agradecem o grande incentivo recebido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), por meio de editais de financiamento de projetos como o Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e Universal (Fapeal-Fapesp) dos quais fazem parte das equipes executoras. “A Fapeal tem um papel essencial no desenvolvimento das pesquisas científicas a serviço da sociedade alagoana”, declararam.
Mulher e Ciência
As atividades no Lumiam vêm se desenvolvendo, atualmente, conforme os protocolos sanitários definidos de enfrentamento à pandemia adequados à rotina da Ufal. Aproveitam para destacar que a valorização de participação de mulheres na ciência é uma das condutas adotadas por elas de forma que, o laboratório de pesquisa seja um ambiente seguro, coletivo e inspirador para quem busca realizar seu sonho na carreira acadêmico-científica com esforço e dedicação para colheita próspera em tempos futuros E deixam uma mensagem:
“Compreendemos a grande responsabilidade de coordenarmos um laboratório na área de Química, cenário ainda pouco ocupado por mulheres que vem sendo expandido com abordagens de incentivo e, particularmente, com a conduta pessoal em nosso espectro de atuação profissional. Entretanto, ainda se faz necessário o estabelecimento e maior expansão de políticas públicas para uma maior equidade de gênero e valorização da mulher na ciência”.
Quanto às políticas públicas mencionadas, elas completam: “O potencial de pesquisadoras e estudantes precisa estar associado ao incentivo financeiro e de infraestrutura com vistas ao desenvolvimento de estudos científicos de qualidade”.