Campus Arapiraca recebe peças anatômicas para aulas de cursos da Saúde

Cessão foi feita pelo ICBS, por meio do Setor de Anatomia, do Campus A. C. Simões

Por Ascom Ufal
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Comissão de professores da area da saúde em visita à Arapiraca
Comissão de professores da area da saúde em visita à Arapiraca

O Campus Arapiraca da Ufal recebeu, mês passado, peças anatômicas que serão utilizadas em atividades de pesquisa e ensino do curso de Medicina e de outras graduações da área da saúde. A cessão foi feita pelo Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), por meio do Setor de Anatomia do Campus A. C. Simões, em Maceió.

De acordo com o professor Rodrigo Freitas, responsável pelo Setor do ICBS, mesmo com todos os avanços tecnológicos nas práticas de ensino, o estudo com partes humanas reais “é insubstituível”. O docente argumenta que  “o cadáver é o primeiro paciente com que o aluno se depara”. Ele explica que, por meio dessas aulas, o graduando pode “visualizar as diferentes estruturas corpóreas e onde os órgãos estão localizados”.

O diretor do Campus Arapiraca, Arnaldo Tenório, e o vice-diretor do ICBS, Renato Rodarte, também confirmaram a importância dessa cessão. “Essa medida contribuirá para o ensino da anatomia humana nos cursos de Medicina, Enfermagem, Educação Física e Ciências Biológicas”, afirmam. O vice-diretor do ICBS ainda acrescenta que muitas parcerias são realizadas com o curso de Medicina no Agreste no intuito de trocar experiências de gestão. “Por ser um curso mais recente, o objetivo do nosso Setor de Anatomia é também compartilhar o modus operandi para que o campus possa fazer colaborações com órgãos locais, a exemplo do Instituto Médico Legal”, afirma.

Origem

Os cadáveres não reclamados, ou seja, não procurados por familiares ou representantes legais, são cedidos a instituições de ensino por força de lei. Além da legislação federal 8.501/1992, que trata dessa cessão, em Alagoas também há o decreto estadual 61.573/2018 que criou a comissão permanente de doação de cadáveres para fins de pesquisa e ensino no estado, com representantes do Instituto Médico Legal (IML) e de instituições de ensino superior com cursos de Medicina. Da Ufal, os representantes são o professor Rodrigo Freitas, titular, e o superintendente do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU), Célio Rodrigues, na condição de suplente.

“A partir do momento que a instituição tem a posse desse corpo, qualquer pesquisa ou trabalho científico que alunos e docentes queiram fazer utilizando-o como sujeito de estudo, é preciso submeter projeto para apreciação do comitê de ética institucional”, esclarece Rodrigo Freitas, docente do ICBS, ao destacar que, além disso, é preciso seguir outras orientações legais e cuidados com a exposição para evitar a prática do crime de vilipêndio.

O professor do Setor de Anatomia ainda explica o número de profissionais da saúde que podem ser formados e as pesquisas realizadas por meio dessa doação. “Existem trabalhos publicados que fazem esse cálculo. Em uma instituição de ensino, um cadáver, se preservado de forma adequada, dura em torno de 8 a 15 anos”, informa. No ICBS da Ufal, ele cita que a disciplina de anatomia, em dados de 2019.2, contava com 574 alunos. “Imagine esses números ao longo de 15 anos? Um corpo ajuda a formar muitos profissionais. Sem precedentes é a importância para o estudo e a pesquisa”, enfatiza. 

Protagonismo do ICBS Ufal

A Ufal é pioneira na oferta do curso de Medicina em Alagoas, formando profissionais há mais de 70 anos. São décadas de experiência que colocaram a instituição no protagonismo de parcerias com vários órgãos públicos. Uma dessas ações colaborativas é com o Instituto Médico Legal de Alagoas. Pelo acordo firmado com o IML, a Universidade, por meio do Setor de Anatomia do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), é a instituição responsável pela guarda de cadáveres não reclamados em Maceió.

Um trabalho delicado, que lida com histórias de pessoas que não tiveram direito ao rito funerário, mas que é realizado com respeito e ética pela equipe do ICBS. “De acordo com a legislação, os corpos não reclamados são transferidos para a Ufal, onde é feito o tratamento de formalização (formol) e a guarda pelo período de um ano, que é o exigido pela legislação. Se após esse período, depois de publicizado em jornais, divulgado, não for feita nenhuma reclamação, esse corpo pode ser direcionado para atividades acadêmicas”, explica o vice-diretor do ICBS, Renato Rodarte. O docente ainda informa que somente as faculdades que têm o curso de Medicina estão habilitadas a receber peças anatômicas, ainda que outros cursos também façam uso. 

Com o surgimento de mais graduações formando médicos em Alagoas, a responsabilidade do Setor de Anatomia do ICBS também passou a englobar o processo de transferência de corpos para outras unidades de ensino a fim que possam realizar atividades de cunho científico. “Por conta dessa colaboração com o IML, em acordo com as várias universidades que ofertam o curso e seguindo critérios já definidos, a Ufal, por meio do ICBS, passou a ser a instituição matriz para fazer essa distribuição”, explica o vice-diretor. Renato informa que essa decisão foi tomada devido à estrutura maior e com mais capacidade de armazenamento do ICBS, além das décadas de experiência e parceria com o IML. 

“O Setor de Anatomia já vem há bastante tempo trabalhando para ajustar essa doação de corpos que recebia do Instituo Médico Legal, adequando-se às legislações vigentes. Enquanto gestão, sempre demos apoio, participando de reuniões junto à Promotoria Estadual para regularizar todo o procedimento no intuito de atender às demandas de todas as universidades que têm Medicina e outros cursos da saúde em Alagoas”, informa o vice-diretor ao ressaltar que “toda tramitação legal foi feita em comum acordo, com a participação das outras universidades, mas quem sempre esteve à frente do processo foram os professores de Anatomia da Ufal”.