Pesquisa da Ufal é destaque internacional por alto e imediato impacto científico
Trabalho recebeu menção honrosa da revista Animal Conservation
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Um artigo científico feito a partir de um projeto de pesquisa do mestrado em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (Dibict) da Ufal recebeu menção honrosa da revista inglesa Animal Conservation. De acordo com dados de citação registrados pela Clarivate Analytics para esta revista, o artigo esteve entre os mais citados durante o período de 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 e gerou impacto imediato em sua comunidade.
O trabalho, publicado no volume 23 do periódico, foi realizado pelo egresso do Dibict, Janisson Willames dos Santos, sob orientação dos professores Richard Ladle e Ricardo Correia. Em tradução livre o artigo é intitulado Impulsionadores de viés taxonômico em pesquisa da conservação: uma análise global de mamíferos terrestres.
“Ver este artigo que foi fruto do meu mestrado receber tamanha notoriedade me traz muita alegria. Este tipo de reconhecimento realmente prova que nossa pesquisa tem qualidade, impacto científico e importância; pilares que todo pesquisador almeja alcançar em sua pesquisa”, comemorou Janisson.
A pesquisa de mestrado de Janisson teve financiamento da Capes. Ele destaca que a premiação é um reconhecimento à dedicação ao trabalho. “Esse estudo foi resultado de dois anos de trabalho árduo, com muitas noites mal dormidas e finais de semana de estudo, mas que, ao final, me entregou uma bagagem repleta de satisfação pessoal e profissional. Além disso, ele também é reflexo da ótima formação que tive, oferecida pelo PPG-Dibidc, meus orientadores e por todos que faziam parte do Lacos21”, reforçou, citando o Laboratório de Conservação dos Trópicos do século 21 (Lacos 21), do qual fez parte.
Sobre o trabalho
O artigo traz à tona o tema viés de pesquisa científica para todos os mamíferos terrestres do globo, abordando importantes fatores que impulsionam a pesquisa dentro deste grupo taxonômico.
“A pergunta científica que moveu este estudo nos direcionou a tentar entender o que impulsiona o esforço de pesquisa para o grupo dos mamíferos e o que faz com que ele não seja distribuído uniformemente entre as espécies [viés taxonômico], pois tais vieses restringem a capacidade de identificar riscos de conservação e implementar respostas efetivas”, destacou.
Para entender melhor, viés de publicação é a tendência em publicações científicas de evidências positivas terem maior probabilidade de serem publicadas do que evidências negativas, tornando tendenciosos os resultados disponíveis para confronto.
Janisson explica que lidar com tais vieses requer uma compreensão dos fatores que promovem ou restringem a realização de projetos de pesquisa sobre uma determinada espécie. “Para isso, quantificamos o conhecimento científico da conservação das espécies de mamíferos não marinhos existentes no mundo com base no número de documentos publicados em periódicos indexados na plataforma Web of Science™, da Clarivate Analytics, e usamos uma abordagem inovadora para avaliar a importância dos vários fatores ecológicos, biogeográficos e culturais para explicar a variação na presença/ausência e no volume de pesquisa entre as espécies”, contextualizou.
Entre os resultados, o volume de pesquisa foi fortemente associado ao número de anos desde a descrição taxonômica daquela espécie, seguido pela capacidade de produzir pesquisa científica nos países que estão dentro da área de distribuição da espécie, alta massa corporal e invasividade, ou seja, se uma espécie é invasora ou não. O status de ameaça das espécies ameaçadas de extinção foi pouco associado para explicar a presença/ausência e o volume de pesquisas em conservação.
“Esses resultados podem ser interpretados como consequência da interação dinâmica entre a necessidade percebida de pesquisa de conservação sobre uma espécie e sua adequação como alvo de pesquisa. Conforme previsto, a capacidade científica dos países onde uma espécie é encontrada é um forte impulsionador do viés da pesquisa em conservação, refletindo a alta variação no financiamento da pesquisa em conservação e recursos humanos entre os países”, concluiu sobre a pesquisa.
O estudo sugere, portanto, que esse viés pode ser reduzido de forma mais eficaz por uma combinação de investimento em “pesquisa pioneira, financiamento direcionado e apoio à pesquisa em países com baixa capacidade científica e alta biodiversidade”.
Confira aqui o artigo na íntegra