Acervo arqueológico do Campus do Sertão passa por digitalização 3D
Objetivo é facilitar o acesso e evitar a manipulação das peças
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O Núcleo de Pesquisa e Estudos Arqueológicos e Históricos (Nupeah), do Campus do Sertão da Ufal, vem usando a tecnologia para preservar a história. Todo o acervo arqueológico do Nupeah está sendo digitalizado por meio da técnica de fotogrametria 3D e, uma vez concluído esse trabalho, o material será de livre acesso para pesquisadores e demais interessados.
“O objetivo é criar um link no próprio site da Ufal para disponibilizar o acervo, possibilitando que pesquisadores do mundo todo possam ter acesso sem precisar se deslocar até nossa reserva técnica”, explica o coordenador do Nupeah, professor Flavio Moraes.
Ele ainda acrescenta que o trabalho também busca evitar a manipulação das peças e, consequentemente, garantir sua preservação. “Apenas em casos excepcionais os pesquisadores sentirão a necessidade acessar e manipular os artefatos para análises”, destaca.
O processo de digitalização do acervo foi iniciado há um ano e vem sendo realizado pelo estudante de História e integrante do Núcleo, Henrique Silva. O discente, inclusive, abordou o assunto em seu trabalho de conclusão de curso.
“O Nupeah dispõe de um rico acervo arqueológico proveniente de pesquisas realizadas em Alagoas e outros estados. Iniciamos o trabalho pelo material do sítio Pedra da Tesoura”, informa o coordenador. Moraes conta que o referido sítio arqueológico, situado no município de Boqueirão, Paraíba, “apresentou uma cronologia de 1.480 anos e forneceu um rico acervo de material osteológico humano, bem como acompanhamentos funerários como adornos elaborados a partir de ossos de aves e dentes de felinos. Esses materiais orgânicos são perecíveis e, portanto, decidimos iniciar o trabalho de digitalização por eles”.
O professor ressalta que o trabalho de escaneamento 3D, além de ser uma ferramenta para auxiliar a pesquisa arqueológica, possibilita uma aproximação dos pesquisadores com objeto de estudo por permitir a troca de informações. “Um modelo digital 3D estreita a interatividade entre a comunidade científica e o público em geral por meio de museus, em escolas por uma plataforma virtual e laboratórios de pesquisa, permitindo que o patrimônio arqueológico se torne mais visível e perceptível para todos de forma livre e gratuita”, argumenta.
Tecnologia para preservar a história
Flavio Moraes explica que, na arqueologia, a técnica da fotogrametria e modelamento 3D “é relativamente recente e passou a ser utilizada a partir de meados dos anos 2000”.
“É uma técnica simples e rápida, sendo necessário noções básicas de fotografia, pois utilizamos apenas uma câmera profissional, computador e o software Autodesk Recap 360. Existem diversos software gratuitos para o processamento dos dados”, informa.
Ao explicar sobre como é feito o processo de transformar o acervo em peças de visualização virtual, ele esclarece que “consiste na elaboração de um banco de dados digital com diversas imagens em alturas e ângulos diferentes de pequenos ou grandes objetos, passando posteriormente por um processo de triagem, excluindo as imagens que estejam desfocadas para que possam ser processadas via software”.Ele destaca que a técnica garante a elaboração de uma foto realista em formato 3D que pode ser acessada por celular ou computador. “Utilizamos essa técnica como ferramenta auxiliar de registro arqueológico no Nupeah salvaguardando, digitalmente, o acervo de impactos naturais ou antrópicos, possibilitando análises futuras sem a necessidade de manuseio direto dos artefatos arqueológicos, visto que a grande maioria do acervo é constituída de matéria orgânica potencialmente suscetíveis a degradação”, reforça.