Ministro da C&T visita Ufal e conhece programas de pesquisa
Fortalecimento da pesquisa e ampliação das ações foram o destaque da reunião realizada com o ministro Paulo Alvim
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O reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo, a vice-reitora Eliane Cavalcanti e toda equipe de gestão receberam o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, na última sexta-feira (26). A reunião, realizada na Sala dos Conselhos Superiores, na Reitoria, contou com várias autoridades, representantes dos Poderes Executivo e Legislativo do estado, e professores que atuam como coordenadores de programas de pesquisa de ponta, Tudo isso representa o empenho da gestão da Ufal em, cada vez mais, tornar a Ufal referência em estudos diversificados.
Durante três horas, a comunidade científica da Ufal teve a oportunidade de falar diretamente para o ministro Alvim e discutir o fortalecimento e a ampliação de cinco programas na área de ciência, tecnologia e inovação. De acordo com os pesquisadores, a parceria com o MCTI torna-se de fundamental importância para o dinamismo e o crescimento das atividades.
O Núcleo de Excelência em Tecnologia Sociais (Nies) da Ufal, vinculado ao Instituto de Computação (IC), esteve presente à reunião e sua equipe teve a garantia que terá, o mais breve possível, uma reunião específica com o ministro. Na oportunidade houve, também, a apresentação do Programa Rede Bionorte, sediado no Pará, coordenado pelo professor Sandro Percário, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Como convidado a estar no encontro, ele destacou os grandes desafios em curso para manutenção das atividades do programa de sua instituição.
A escassez de recursos foi um ponto em comum entre os coordenadores dos programas de pesquisa da Ufal. Para eles, a situação tem se tornado um grande desafio para o andamento e a evolução dos estudos realizados em prol da ciência e da sociedade.
O ministro Paulo Alvim agradeceu o convite recebido que proporcionou a oportunidade de conhecer com mais detalhes programas de tanta relevância para a ciência e para a sociedade. Colocou-se à disposição, enquanto representante do MCTI, para o debate, parceria e orientações quanto ao processo de encaminhamento para cada programa. O ministro pertence ao quadro fixo de servidores do Ministério e está como titular, desde a saída do ex-ministro Marcos Pontes, que disputa uma vaga no Senado.
Programas
Vários programas de pesquisa desenvolvidos na Ufal foram apresentados ao ministro Alvim: Expedição Científica do Rio São Francisco, Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA), Projeto Ufal – NB3 – Laboratório de Biossegurança, e os programas de pós-graduação estruturantes e em Rede – Renorbio e Profnit, criados com apoio do MCTI.
O reitor Josealdo Tonholo presidiu a reunião e agradeceu ao ministro Paulo Alvim pelo interesse em participar desse encontro e conhecer, com mais detalhes, as ações promovidas pela Ufal nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Tonholo fez um panorama sobre a importância da Ufal para Alagoas, com destaque para os quatro campi – A.C. Simões, em Maceió, Arapiraca, do Sertão e de Engenharia e Ciências Agrárias (Ceca) – e da grande contribuição que os programas em execução representam para o desenvolvimento local e para a ciência em diversas áreas.
Ao contextualizar os desafios existentes no âmbito da Ufal, Tonholo enfatizou o corte de recursos, o enfrentamento e a realidade imposta pela pandemia da covid-19 que mudou a rotina universitária: “A Ufal não jogou a toalha. Manteve-se aberta, adequou às atividades à realidade existente, como também se engajou no enfrentamento à desafiante pandemia. Sabemos da importância da Ufal para a sociedade alagoana”, destacou Tonholo, ao fazer a defesa da universidade pública, sua missão no estado e compromisso com a formação qualificada de recursos humanos, desenvolvimento social, econômico e cultural.
Parceria
A importância da luta conjunta em prol da Ufal, ao dizer que “a luta é nossa”, foi colocada pelo diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Alagoas (Fapeal), Fábio Guedes, que também é do quadro docente da instituição. Em seus cumprimentos, a senadora por Alagoas, Eudócia Caldas, agradeceu o convite recebido, colocou-se à disposição para somar esforços e disse ser de grande alegria participar de uma reunião na instituição onde se graduou em Medicina.
A reunião na Ufal teve como foco o fortalecimento aos programas de pesquisa e, além da equipe do MCTI, que acompanhava o ministro Paulo Alvim, contou com a participação do diretor técnico do Sebrae-AL, Vinícius Lages, que também faz parte do quadro docente da instituição e se colocou à disposição para o fortalecimento das parcerias.
Além da agenda na Ufal, o ministro também cumpriu em Alagoas uma pauta com o governo estadual, voltada às ações locais conectadas à execução de projetos e programas em andamento nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Sobre os programas da Ufal, Alvim, ao conhecer uma realidade exitosa, mas com muitos entraves e desafios em curso, enfatizou: “Temos um trabalho muito grande em Alagoas e coloco o MCTI à disposição, com janelas abertas de oportunidades, com possibilidades de ajustes e investimento de forma articulada e integrada”.
Ele agradeceu o convite recebido do reitor Tonholo e considerou a reunião como um importante passo para traçar novas estratégias de fortalecimento dos programas que a Ufal oferta à sociedade nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Explanação
A ampliação das atividades da Expedição Científica na Região do Baixo São Francisco foi destacada pelo coordenador Emerson Soares e reforçada pela vice-reitora Eliane Cavalcanti, que coordena, no evento, as ações promovidas na área de Saúde. Houve a exibição de um vídeo demonstrando a inserção da Ufal naquela região, por meio da pesquisa e da extensão, assim como, os desafiantes e diversificados problemas que acometem o Baixo São Francisco e as comunidades ribeirinhas.
O MCTI é um dos parceiros da Expedição, considerada o evento de maior projeção realizado em águas brasileiras. O ministro Paulo Alvim destacou a importância do trabalho da Ufal, por meio da Pró-reitoria de Extensão, para o engajamento e a consolidação de programas estruturantes.
PMGA
O coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Cana–de-açúcar (PMGCA), Geraldo Veríssimo, disse durante a apresentação que 60% dos canaviais brasileiros são de variedades RB. O Programa integra a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) e envolve dez universidades do país. A Rede é presidida, atualmente, pelo reitor Josealdo Tonholo.
A Ridesa foi criada em 1990 e, agora, conta com uma equipe de 276 profissionais e com a parceria de empresas nacionais e internacionais. É dotada de 102 bases de pesquisa e para, este ano, estão liberadas 95 variedades RB. A cana participa com 18% da matriz energética do Brasil e, segundo Veríssimo, a Ridesa contribui em 11% da matriz energética do país, representando a grande contribuição econômica da Rede nessa área.
Biossegurança
Ao apresentar o Programa do Laboratório NB3 da Ufal, o Laboratório de Biossegurança e Biocontrole Nível 3 do Estado de Alagoas, o coordenador Emiliano Barreto destacou a construção de um espaço físico adequado, cumprindo todas as exigências. O laboratório tem o objetivo de desenvolver capacidade de pesquisa e inovação tecnológica em saúde pública e diagnóstico, além de enfrentamento à ameaça de doenças por agentes infecciosos de alto risco biológico.
No contexto atual, segundo Barreto, todas as pesquisas realizadas em Alagoas limitaram-se aos aspectos epidemiológicos devido à ausência de um ambiente com o nível de biossegurança e biocontenção apropriado. Dentre as positividades está o apoio direto ao Sistema de Vigilância Epidemiológica [local e nacional] para a detecção, monitoramento, resposta e divulgação de informações sobre doenças infecciosas emergentes e reemergentes de importância para a saúde humana.
Durante a apresentação do professor Emiliano, o ministro Paulo Alvim tomou conhecimento do projeto executivo que a Ufal já dispõe para construção do Laboratório.
Renorbio
A explanação sobre o Programa de Pós-graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), ponto focal Alagoas, foi feita pela coordenadora Marília Goulart. Ela destacou as ações realizadas e em andamento, conectadas com o processo de evolução das atividades, assim como os desafios existentes, que passa, principalmente, pela falta de recursos no processo de manutenção e ampliação necessárias.
O Programa de Pós-graduação foi credenciado pela Capes em 2003, com conceito 5, e, em 2004, por meio de uma Portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), à época, foi criada a Rede Renorbio, presidida atualmente pelo reitor Josealdo Tonholo. O programa completa 16 anos em novembro deste ano, conta com a participação de 54 instituições de ensino superior e tem em seu quadro permanente, 167 professores. Deste universo, 63% são pesquisadores do CNPq.
Estão cadastrados ao Renorbio 154 laboratórios e nesse processo de evolução a positividade do programa conta com 542 alunos matriculados, criação de 30 empresas por alunos, egressos e/ou docentes; 907 patentes (de 2010 a 2020) e, nesse mesmo período, publicação de 9.304 artigos.
Segundo Marília Goulart, 94% dos egressos do programa estão no mercado de trabalho. Entre as dificuldades enfrentadas pelo programa em Rede foram apontadas pela coordenadora a falta de apoio financeiro, de continuidade nos investimentos, assim como, a dificuldade de interação com empresas, a falta de bolsas e defasagem dos valores.
Profnit
Os desafios para a execução das atividades do Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (Profnit) foram apresentados, durante a reunião, pela coordenadora Sílvia Uchôa, que também está à frente do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), que integra a equipe da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep) da Ufal. O programa surgiu a partir da criação dos NITs nas instituições de ensino envolvidas, com recursos do MCTI.
O Profnit é sediado na Ufal, tem 38 pontos focais, entre universidades e institutos federais, distribuídos em 25 estados da federação. Conta, atualmente, com mais de 400 docentes e forma agentes de inovação que podem atuar em qualquer instituição ou empresa dos sistemas de inovação.
Na positividade do programa, entre seus produtos apresentados pela coordenadora está a elaboração de trabalhos de conclusão de cursos (TCCs) contemplando temas com foco na inovação tecnológica, propriedade intelectual, transferência de tecnologia, gestão da inovação, núcleo de inovação, dentre outros.
Com mestrado profissional em rede, o Profnit é vinculado ao Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia ( Fortec). Na oportunidade, Sílvia anunciou que de 3 a 8 de outubro, o Fórum realiza mais um encontro nacional.