Artigo apresenta processo de validação de instrumento de pesquisa usado na pandemia

Voltado aos estudantes de nível superior, questionário foi usado para identificar perfil de alunos que acessam tecnologias digitais

Por Diana Monteiro - jornalista
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Fernando Pimentel coordena grupo de estudos com foco em comunidades virtuais
Fernando Pimentel coordena grupo de estudos com foco em comunidades virtuais

No início da pandemia de covid-19, um grupo de pesquisadores desenvolveu e aplicou questionário para identificar o perfil dos estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no que diz respeito à familiaridade e ao acesso às tecnologias digitais. Agora, essa investigação científica resultou na publicação de umartigo em inglês e português na revista Debates em Educação, um periódico especializado e vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação do Centro de Educação (Cedu) da Ufal.

Segundo o professor Fernando Pimentel, coordenador do grupo de estudos com foco em comunidades virtuais, o trabalho vai além das perspectivas qualitativas e apresenta, inclusive, todo o processo de validação do instrumento. “Acreditamos que esteja nessa ação a grande contribuição do estudo, pois há um costume de se criar questionários para pesquisas, mas sem o devido processo de validação”, esclareceu.

Pimentel destaca que, para a coleta de dados, como a Ufal não tinha informações concretas sobre o tópico em foco, assim como não havia um instrumento projetado e validado para o fim específico, o grupo de pesquisadores construiu, validou e aplicou um novo instrumento para entender o acesso às tecnologias digitais e à Internet por estudantes de nível superior. “Os dados coletados revelaram o perfil do aluno, permitindo a discussão e o planejamento de ações eficazes, analisando a possibilidade (ou não) de substituir aulas presenciais no campus pela educação a distância”, acrescentou.

Os investigadores que desenvolveram o questionário pertencem ao Grupo de Pesquisas das Comunidades Virtuais e ao Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees), do Instituto de Computação (IC). A pesquisa, liderada pelo professor Pimentel, contou com o apoio do Grupo de Trabalho Educação Mediada por Tecnologias, criado pelo Gabinete da Reitoria no início da pandemia da covid-19, e teve também a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UNB).

De acordo com Pimentel, a pandemia da covid-19 trouxe mudanças radicais na vida das pessoas em todo o mundo e como estratégia para combater a propagação do vírus SARS–CoV- 2, o distanciamento foi recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Nas mudanças, houve a suspensão de aulas presenciais e algumas delas foram substituídas por atividades a distância proporcionadas pelas tecnologias digitais.

O pesquisador reforça que a pesquisa para a projeção do questionário ocorreu em um momento singular para a humanidade, quando nenhum registro histórico mostra o fenômeno de uma pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2. Ele salienta que a maior motivação para a investigação científica foi a de elaborar e validar um instrumento que fosse fiel à realidade, à medida que a necessidade mundial e local exigia uma perspectiva concreta, com dados reais, para que ações fossem tomadas a partir de evidências mensuráveis.

O grupo de pesquisadores envolvidos nessa proposta é formado pelos docentes da Ufal, Fernando Pimentel, Alan Pedro da Silva e Diego Dermeval, além do doutorando Adilson Rocha Ferreira. Como convidados externos, o pós-doutorando Geiser Chalco Challco, da USP, e a graduanda Maria Fernanda de Sousa Pimentel, da UNB.

A pesquisa em Educação com dados quantitativos tem se tornado cada vez mais um desafio, à medida que pensamentos e direções metodológicas, privilegiando abordagens qualitativas com foco na análise subjetiva de dados, são considerados”, afirmou Pimentel, que também é gestor da Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied) e está como coordenador-geral da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na Ufal.

Outras finalidades

Pimentel afirma que o questionário pode ser utilizado para outras finalidades, já que suas questões permitem a identificação do perfil de estudantes e sua relação com as tecnologias digitais e a internet e enfatiza que isso pode ser verificado a qualquer tempo. Ele diz que o destaque está no processo de validação, que outros pesquisadores poderão implementar para a validação de seus próprios questionários.

E complementa: “Outro destaque são os resultados da aplicação do questionário, que foram subsídios para elaboração de relatórios, já apresentados para a gestão da Ufal e que serviram para a tomada de decisões diante da pandemia”.

Ações na Cied

À frente da Cied desde fevereiro deste ano, o professor Fernando Pimentel informa que várias atividades estão em desenvolvimento na Coordenadoria. A exemplo do acompanhamento da revisão dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação e especialização, que terão novas turmas em 2023, além da elaboração dos editais de seleção. As viagens de visita aos polos de Educação a Distância (EaD) no interior de Alagoas, considerado por ele como um momento ímpar para as relações institucionais, foram retomadas este mês.

Outra ação em andamento é a organização da 1ª Jornada Alagoana junto com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

Dentro do cronograma de atividades da Cied, está sendo realizado um estudo de um novo design educacional para o Moodle da Ufal [já em teste piloto]. Dentre as ações em desenvolvimento, Pimentel destaca também a produção de uma série de entrevistas que estão sendo veiculadas no canal oficial da Ufal no Youtube.

“Nesse ano estamos reforçando a participação da Cied nos espaços institucionais internos e externos, buscando retomar a visão de que essa Coordenadoria também é um espaço formativo e de produção de pesquisas. Algumas ações estão sendo desenvolvidas nesse sentido, para que estudantes, tutores, professores, gestores e o público em geral possam entender como as tecnologias digitais podem colaborar com os processos de ensino, pesquisa, extensão e gestão”, afirmou Fernando Pimentel, mostrando o trabalho empreendido nessa área pela Ufal em conexão com as demandas locais.