Pós-graduação em Física completa 30 anos e se destaca com produção de impacto internacional
Programa forma profissionais que atuam nos diversos campi da Ufal, outras instituições de ensino superior e em escolas da rede pública de Alagoas
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Estudar a lógica que existe na natureza, dando explicações e mostrando consequências para tais processos é o que move a ciência da Física. Parece algo distante do nosso dia a dia, mas a realidade é que as pesquisas nesse campo do saber esclarecem os fenômenos naturais presentes em atividades cotidianas, tais como dirigir um carro, escutar uma música, falar ao celular, fazer exames de raio-x ou até mesmo de ultrassom.
Em 2022, o Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completa 30 anos e vem se destacando no Brasil e também em outros países por meio de pesquisas “desde áreas fundamentais da Física, bem como áreas mais interdisciplinares, como por Biofotônica, Imageamento e Armadilhamento por Ultrassom, Síntese e Caracterização de Nanomateriais, Neurociência e Fluidos Complexos”, informa o coordenador do Programa, professor Ítalo Nunes de Oliveira.
A qualidade das pesquisas realizadas refletem no conceito 5 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), considerado “muito bom”, desde o ano de 2010. Ao falar sobre o impacto positivo dos estudos para a sociedade, o coordenador cita que há projetos em “desenvolvimento de nanomateriais voltados ao imageamento de tecidos moles, investigação de nanopartículas com ação antimicrobiana, fabricação de dispositivos microfluídicos para a realização de exames ultrarrápidos e de baixo custo, bem como o desenvolvimento de algoritmos e técnicas numéricas para o uso em computação quântica”.
E destaca: “Cabe salientar que esses são exemplos pontuais e que há vários temas investigados que são de grande relevância para a sociedade. A produção científica do programa é robusta e de grande impacto internacional: são mais de 1.100 artigos publicados, com um total de mais de 20 mil citações e um fator igual a 63”.
Além de promover o desenvolvimento por meio da pesquisa científica, Oliveira ressalta que, ao longo desses 30 anos, o PPGF da Ufal tem contribuído para a formação de pessoal qualificado, tendo formado aproximadamente 200 mestres e 100 doutores. “Um dado importante é que os egressos do programa atuam como professores nos diversos campi da Universidade Federal de Alagoas e do Instituto Federal de Alagoas, bem como em escolas da rede pública do Estado. Isso demonstra a relevância do programa para a sociedade alagoana”. E acrescenta: “Há ainda egressos do programa em outros estados, tais como Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Paraíba, Piauí, entre outros. A qualidade do programa se reflete também nos egressos que estão em outros países, tais como Estados Unidos da América, Chile e Espanha”.
“Difícil imaginar a vida sem a Física”
Enquanto docente e coordenador de um programa de pós em Física, Oliveira tem consciência do quanto a Física ainda é relacionada a algo distante e inacessível, e que há necessidade de uma aproximação maior entre a academia e o público.
O Instituto de Física (IF) realiza uma série de atividades de extensão para tornar essa área de conhecimento mais próxima das pessoas. Uma dessas ações é a Expofísica, evento em que são expostas atividades de graduação e pós, envolvendo docentes, técnicos e discentes, sendo apresentadas para a comunidade universitária, alunos, professores do ensino médio e a população em geral as contribuições em termos de ensino, extensão e pesquisa realizadas no IF.
“É difícil imaginar a vida moderna sem as contribuições da pesquisa em Física. Por exemplo, todas as técnicas de imageamento usadas na Medicina são frutos diretos de pesquisas realizadas em Física. A Física é, sem dúvida, subestimada pela sociedade brasileira, em grande parte pela falta de informação e pela precária conexão entre as academias científicas e o grande público”, analisa.
E acrescenta: “Um exemplo da relevância da Física para a sociedade é a pesquisa relacionada à síntese e caracterização de nanomateriais com ação antimicrobiana. Há um apelo para o desenvolvimento de novas estratégias para o combate de cepas de fungos e bactérias resistentes aos fármacos tradicionais. No Instituto de Física, vários grupos têm investigado o uso de nanopartículas para o combate de microrganismos. Outro ponto importante diz respeito aos estudo de propriedades elétricas e magnéticas de novos materiais com potencial para aplicação em processamento e armazenamento de dados”.
Edição comemorativa do workshop
De 26 a 30 de setembro, a comunidade acadêmica do Instituto de Física (IF) da Ufal vai se reunir no 14º Workshop do Programa de Pós-Graduação do IF-UFAL (WPPGIF).
A edição de 2022 celebra os 30 anos do programa.
O evento é presencial e tem como público-alvo estudantes do programa de pós, do último ano de graduação em Física, além de discentes de mestrado e doutorado em Física e áreas afins da Ufal e de outras universidades do país. As inscrições já foram encerradas, pois atingiu o limite máximo de participantes inscritos (120).
“A expectativa é possibilitar a troca de experiências entre os alunos do próprio programa de pós-graduação do IF Ufal e estudantes e pesquisadores de outras instituições. Além disso, poderemos realizar o acompanhamento da execução dos projetos de tese e dissertação, dando maior visibilidade às atividades acadêmicas e científicas desenvolvidas no âmbito do programa de pós-graduação”, destaca o coordenador do 14º Workshop, Vinícius Manzoni, ao falar sobre as expectativas do retorno do evento ao formato presencial, após os anos de pandemia.
Ainda de acordo com o coordenador, o “evento possibilitará que nossas principais linhas de pesquisas sejam apresentadas de forma integrada para alunos da Ufal e de outras instituições do país”. E destaca: “O espaço reservado para alunos de IC [iniciação científica], certamente, será um estímulo para estes cursarem uma pós-graduação”.
Melhorar a qualidade dos trabalhos de tese e dissertação, reduzir o tempo médio de titulação, aumentar a produção científica discente, a inserção regional e nacional do programa, bem como aumentar o corpo discente do programa e promover novos projetos de cooperação científica são outros objetivos visados pela coordenação com a realização do Workshop.
Além de compartilhar conhecimento, o evento também busca ampliar as parcerias em pesquisas. “Um ponto importante é tentar potencializar novas colaborações científicas com os pesquisadores convidados. A oportunidade de maior interação entre os alunos do programa possibilita uma visão mais integrada de todos os projetos em desenvolvimento e permitirá que os próprios estudantes possam começar a traçar futuras interações científicas, o que é, de fato, o que deve existir entre alunos de doutorado”, destaca Manzoni.
Ao falar sobre os 30 anos do PPGF e a relevância do programa na produção de conhecimento, o docente ressalta que ao longo dessas décadas “as atividades de pesquisa e os projetos de dissertações de mestrado e teses de doutorado resultaram na publicação de mais de 1000 artigos científicos em periódicos de circulação internacional. Destacam-se projetos de pesquisa nas áreas de nanociências, biofotônica, ótica, novos materiais, sistemas e fluidos complexos, acústica, neurociências, física do estado sólido e física molecular”.
E ressalta: “Além de recursos para bolsas de estudos para os discentes, o programa atraiu investimentos vultosos e implementou um conjunto de laboratórios para pesquisas na fronteira do conhecimento científico que transformaram o Instituto de Física da Ufal em um centro de excelência reconhecido nacional e internacionalmente”.
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