Ufal participa de pesquisa sobre acúmulo de microplásticos em placentas
Estudo é o primeiro no mundo a apontar aumento do material em órgãos de seres humanos
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Num mundo onde quase tudo é feito de plástico, tem uma parte específica desse material que é alvo de muitas pesquisas: os microplásticos. As partículas já foram encontradas nos oceanos, nos animais marinhos, na água potável, nos alimentos e até no corpo humano. Professores da Ufal estão entre os pesquisadores que publicaram um artigo na conceituada revista Enviroment International mostrando o aumento dos microplásticos encontrados em placentas humanas.
O estudo do professor Alexandre Borbely, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS-Ufal) e dos docentes Uéslen Silva, Eduardo Fonseca e Samuel Souza do Instituto de Física (IF-Ufal) foi feito em parceria com pesquisadores da University of Hawai’i at Manoa, dos Estados Unidos. Eles apontam no artigo disponível no link, que microplásticos estão se acumulando mais em placentas de seres humanos com o passar dos anos.
A pesquisa analisou placentas do estado do Havaí (EUA) congeladas em 2006, 2012 e coletadas frescas em 2021, mostrando que 100% das placentas analisadas em 2021 tinham microplásticos, enquanto 90% em 2013 e 60% em 2006. De acordo com o estudo, as placentas coletadas em 2021 também apresentaram um aumento na quantidade de microplásticos acumulados por placenta, assim como partículas de maior tamanho e maior diversidade de polímeros e aditivos do que as placentas de 2006 e 2021.
“A diferença é muito grande, encontramos média de 4 microplástios a cada 50 gramas das placentas de 2006, enquanto as de 2021 tem média de 15,5 microplásticos por 50 gramas, quase o dobro. E as placentas costumam pesar em média 600 gramas, então a quantidade é absurda. E ainda não sabemos o quanto pode passar pela placenta e se acumular no feto em formação, podem ser números ainda maiores”, alerta o professor Alexandre.
O docente da Ufal ressalta, ainda, que esse é o primeiro artigo no mundo a mostrar aumento no acúmulo de microplásticos em órgãos de seres humanos e, por se tratar da placenta, um órgão essencial para a vida da mãe e do feto em desenvolvimento durante o período de gestação, o impacto na saúde humana ainda é desconhecido.
Colaboração e novos estudos
Alguns alunos da Ufal também participaram do estudo que resultou no artigo publicado na revista Enviroment International. A pesquisa contou com o apoio de Mariana Lima Dutra, do curso de Enfermagem, a aluna do mestrado em Ciências da Saúde Aldilane Lays Xavier Marques, o aluno do mestrado em Física da Matéria Condensada Flávio de Oliveira Silva D’Amato e a bolsista de apoio técnico para laboratórios multiusuários Laís Farias Azevedo de Magalhães Oliveira.
O grupo liderado pelo professor Alexandre Borbely e seus colaboradores agora investigam a presença de microplásticos nas placentas e cordões umbilicais das gestantes de Alagoas. O estudo faz parte de um projeto fomentado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), e verifica também a correlação dos microplásticos com eventuais desfechos materno-fetais.
O projeto conta ainda com pesquisas no Laboratório de Biologia Celular do ICBS-Ufal para entender o que esses microplásticos podem estar causando nas placentas humanas e, potencialmente, nos fetos em desenvolvimento.