Laboratório da Ufal tem análise de previsão climática sazonal até abril
Lapis tem vários estudos em andamento na área de desastres naturais, inclusive faz monitoramento de eventos climáticos extremos durante todo o ano
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O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já tem divulgada a análise da previsão climática sazonal para as regiões brasileiras, até abril, que englobou também o mês de fevereiro. O Lapis faz o monitoramento dos eventos climáticos extremos durante todo o ano e essa é uma forma de contribuir para a independência tecnológica dos usuários na recepção, na análise e na disseminação de dados e produtos de satélites pelo Sistema Eumetcast.
Recentemente, em parceria com o sistema Planetscope da Polícia Federal, divulgou imagens e informações analisando o caso das chuvas fortes que acometeram o litoral de São Paulo em fevereiro. De acordo com o pesquisador Humberto Barbosa, o Planetscope é o mais avançado sistema de monitoramento por satélite usado no Brasil e as imagens sobre o evento climático ocorrido em São Paulo foram obtidas com exclusividade junto ao Lapis da Ufal.
Barbosa é coordenador do laboratório e pertence ao corpo docente do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat), da Ufal, localizado no Campus A.C. Simões, em Maceió, onde o laboratório está instalado. O pesquisador explica que a previsão climática é baseada em informações do modelo climático do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF).
Os dados correspondem às anomalias da precipitação total mensal ou da temperatura do ar, ou seja, a uma estimativa da média de chuva e temperatura durante cada mês analisado. O termo “anomalia”, segundo Barbosa, é usado na meteorologia para se referir ao quanto o atual dado de chuva ou temperatura se desviou, para mais ou para menos, em relação à média histórica.
“O La Niña ainda predomina no oceano Pacífico, influenciando o clima no atual verão no Brasil pelo terceiro ano consecutivo. Todavia, em fevereiro, o fenômeno entrou em fase de enfraquecimento, com chances de dar lugar a uma condição de neutralidade climática do fenômeno El Niño Oscilação Sul (Enos).
A partir de março, são maiores as chances de que um El Niño já comece a se configurar, embora a atmosfera continue respondendo às características do La Niña, até abril ou início de maio”.
De acordo com Humberto, o monitoramento realizado pelos sistemas Eumetcast e Planetscope, apontou que o mês de fevereiro seria favorável às chuvas, em grande parte do Brasil, com destaque para a área central e norte do Nordeste, bem como no leste da região Sul. Nas demais áreas do país, com o predomínio de chuvas em torno da média histórica, em fevereiro.
Já a previsão da temperatura média do ar para esse mês seria mais quente que o normal no Centro-Sul e mais frio no extremo norte do Brasil.
Neste mês de março, segundo o pesquisador, são esperadas chuvas bem acima da média, na região Centro-Norte do Brasil, com destaque para a porção norte do Nordeste brasileiro. Já no extremo sul e no extremo norte do país, haverá chuvas levemente abaixo da média.
A previsão de temperaturas no mês de março segue padrão parecido com fevereiro.
Em abril, a previsão climática sazonal é que as chuvas continuem acima da média no Nordeste brasileiro e em parte da região Norte, além do norte do Mato Grosso. De modo geral, as temperaturas devem ficar em torno da média, na maior parte do Brasil, no mês de abril, com exceção da região Sul, que pode ficar mais quente que o normal.
Porém, o meteorologista Humberto Barbosa, chama atenção para a condição do oceano Atlântico, com temperaturas mais quentes que o normal, o que muito favorável para as chuvas na maior parte do Brasil. E adianta que, provavelmente, o El Niño só passará a influenciar no clima brasileiro a partir da metade de 2023.
“O fenômeno La Niña é caracterizado pelo resfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial. Já o El Niño corresponde ao aquecimento dessas águas. A situação de neutralidade climática do Enos ocorre quando não se forma nem La Niña e nem El Niño no Pacífico.
Nordeste, Alagoas e Pernambuco são os estados em que suas zonas costeiras estão sujeitas a enchentes e deslizamentos, como as ocorridas em 2010, sobretudo em Alagoas. Nesses próximos dias, há previsão de chuva para todo o estado, variando de fraca a moderado, com o destaque para o litoral norte, sem previsão de eventos climáticos extremos, até o presente”, destacou o pesquisador.
Para mais informações sobre previsão climática sazonal, basta acessar este link .
Nas competências do Lapis estão a de processar, armazenar e disseminar, de forma operacional, imagens e produtos dos satélites Meteosat Segunda Geração; manter e aperfeiçoar os sistemas de processamento de dados e produtos dos satélites Meteosat Segunda Geração; estabelecer relacionamento com usuários dos satélites Meteosat Segunda Geração, a fim de garantir a disponibilidade de dados de interesse do País; e participar ativamente na capacitação da comunidade universitária para a autonomia tecnológica nacional na recepção e no processamento das imagens dos satélites Meteosat Segunda Geração.
Sobre como andam os estudos na área desastres naturais nas regiões do Brasil, a exemplo de tempestades de chuvas, Barbosa diz que as previsões da intensidade de eventos climáticos extremos estão sendo aprimoradas e já houve avanços, permitindo que as agências governamentais integrem informações para identificar áreas de risco de desastres climáticos.
“Todavia, os alertas precisam chegar à população local, de forma eficiente e rápida. Precisa construir esta estrutura comunitária de alerta à população, sensibilizando as pessoas para a percepção de risco para aumentar resiliência de longo prazo.
As falhas nesse quesito são alarmantes. Não é só avisar sobre evento hidrometeorológico de alta intensidade de risco climático, é necessário popularizar esse conhecimento científico com a população. Popularizar ciência é envolver a comunidade local, com as questões que a afetam diretamente. Por exemplo, o que foi feito no bairro do Pinheiro, treinamento, evacuação e alertas, etc”, ponderou.
Pesquisas em andamento
Dotado de uma equipe formada por alunos de graduação e pós-graduação na área de ciências atmosféricas, o Lapis da Ufal tem várias pesquisas em andamento para o mapeamento e o monitoramento de secas, áreas degradadas, desertificação, relação entre clima e covid-19, eventos climáticos extremos e capacitação de agentes governamentais. Também trabalha com divulgação científica de eventos climáticos para diversos segmentos sociais.
“Recentemente, divulgamos os resultados do mapeamento das áreas degradadas para todas as regiões brasileiras, utilizando o sistema PlanetScope e dados da NASA que são as informações mais avançadas em sensoriamento remoto por satélites para mapear áreas degradadas com alta resolução espacial”, informou Humberto Barbosa.
Mais sobre os estudos aqui
Entre as ações do Laboratório também está a realização de cursos de capacitação e treinamento, focados em análise e monitoramento ambiental, por meio de produtos de satélites, no Brasil e no exterior. Dentre os países onde esses cursos de difusão e disseminação já foram realizados estão China, Alemanha, Chile, Peru, Argentina, Cuba e Colômbia.