Ufal lidera projeto de prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis
O Quem Ama Cuida conta com várias parcerias e tem como público-alvo jovens e adolescentes da capital
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Orientar jovens e adolescentes sobre os fatores de risco dos diferentes tipos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), por meio de uma linguagem simples e acessível. Esse é o objetivo do projeto de extensão Quem Ama Cuida, coordenado pela professora Gentileza Santos Martins Neiva, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O Quem Ama Cuida também busca conscientizar os estudantes da área da saúde sobre a importância não só das atividades curativas, mas das ações preventivas por meio da realização de exames e da orientação à população. Gentileza diz que a orientação do público-alvo desse projeto a respeito do uso de preservativos e sinais clínicos das IST é importante para que se possa buscar logo de início o tratamento médico.
Professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), unidade acadêmica do Campus A.C. Simões, Gentileza Neiva informa que o projeto tem fluxo contínuo e está em desenvolvimento desde 2014. Para as diversas atividades, ela conta com parcerias de instituições de ensino superior e órgãos do poder público local.
As ações também são direcionadas a estudantes de escolas estaduais e municipais, pacientes atendidos nas unidades de saúde da capital e a jovens do Centro de Ressocialização, da Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese). O projeto contempla, ainda, associações de moradores e entidades públicas de Maceió. Tem como instituições parceiras a Faculdade da Cidade de Maceió (Facima), com a colaboração da professora Geovana Neiva e de alunos, além da participação de estudantes da Ufal, do Centro Universitário Tiradentes (Unit), Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Centro de Estudos Superior de Maceió (Cesmac) e Faculdade Estácio de Sá.
No calendário de ações, o projeto promove anualmente o evento O Dia D Contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O deste ano foi realizado nos últimos 4 e 5 de abril, no hall da Biblioteca Central (BC) da Ufal. Nesse evento, houve atividades integradas, com estímulo ao autocuidado, prevenção em saúde, informação e conhecimento como veículos para a quebra de estigmas, tabus e preconceitos, além de ter oferecido à comunidade acadêmica os serviços de testes rápidos gratuitos para HIV, Hepatites C e B e Sífilis.
A equipe do projeto deu orientações sobre profilaxia pré-exposição, profilaxia pós-exposição e levou mais informações sobre as IST, por meio de banners, distribuição de materiais impressos e camisinhas. “O projeto de extensão Quem Ama Cuida, vinculado à Ufal, é um projeto de fluxo contínuo, com etapas somente para a seleção de novos alunos a cada ano, pois tem duração de 12 meses. Todo ano, em conformidade com a Pró-reitoria de Extensão, devido à demanda ser muito grande, é lançado um edital que se destina à regulamentação do processo seletivo”, destacou a coordenadora Gentileza, doutora em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na Ufal ministra a disciplina Histologia, no setor de Histologia e Embriologia do ICBS.
As atividades do projeto abrangem diferentes faixas etárias com informações voltadas aos cuidados com a higienização íntima, sobre câncer e prevenção. “A realização de testagem para HIV, Hepatite B e C e Sífilis, além da avaliação dos cartões de vacina e a vacinação, no intuito de atualizar os esquemas de vacinação e a prevenção do HPV, são destaque no projeto, incluindo a meta de promover um evento por ano como uma jornada, palestra, minicursos e o dia D contra as IST”, enfatizou Gentileza sobre a importância da atividade de extensão executada em prol da saúde de jovens e adolescentes de Maceió.
Aprendizado
A professora Gentileza enfatiza que as ações do projeto Quem ama cuida promovem aprendizado que vai além do currículo obrigatório. “É uma excelente maneira de enriquecer a bagagem de conhecimento dos estudantes de qualquer faixa etária, bem como incentivar o envolvimento dos graduandos da saúde com a comunidade por meio da realização de projetos de extensão na escola, abertos aos alunos e às pessoas da comunidade externa”, reforçou, ao acrescentar: “Nas universidades, os projetos de extensão constituem um dos três pilares institucionais - ensino, pesquisa e extensão. Para a educação básica, é possível adaptar essa proposta à realidade da escola e trazer iniciativas frutíferas para todos os envolvidos direta ou indiretamente com a instituição”.
Segundo o Plano Nacional de Extensão Universitária (Brasil, 2001), na universidade, as ações de extensão são executadas por inúmeras áreas de conhecimento, com diferentes objetos e assuntos e enfoques distintos. “É de suma importância realizar essas atividades, pois é notória a relação de reciprocidade com a comunidade, onde é estabelecida uma aliança entre o saber empírico e o acadêmico, integrando a produção e a sistematização do conhecimento como um processo de aprendizagem significativo. Assim, essa interação entre os acadêmicos e a sociedade, tem que ser determinante no que tange à capacidade de instigar nos indivíduos uma consciência mais crítica, quanto às atitudes relacionadas à prevenção de inúmeras doenças, fomentando, dessa maneira, transformações na comunidade”, disse Gentileza.
A professora acrescenta que, embora, no Brasil, as campanhas educativas promovidas pelos órgãos de saúde pública enfatizem a prevenção das IST, suas incidências não têm diminuindo nos últimos anos. “Como essas doenças representam um grande desafio para as autoridades das áreas da Saúde e da Educação do mundo atual e estão presentes em todos os grupos etários e sociais, nosso projeto tem o intuito de disseminar o conhecimento acadêmico e social, dando enfoque na prevenção das IST, Hepatites Virais, Sífilis e também em outras doenças que acometem inúmeras pessoas, como o câncer de colo uterino e de próstata, além de orientar a população sobre a importância da higiene íntima e da realização dos exames de rotina”, lembrou.
Ao reforçar a importância do projeto de extensão e sua conexão com a sociedade, Gentileza destaca que ele possibilita a integração da Ufal com a comunidade. “O projeto atua de forma interativa, proporcionando saberes a respeito das citadas doenças, capacitando jovens, adultos e idosos para a prevenção, diagnóstico precoce, vacinação e testagem de algumas IST e tratamento oportuno”, pontuou.
A pesquisadora também chama a atenção para outro fator positivo do projeto: “Ainda forma multiplicadores do conhecimento e possibilita o levantamento de dados que possam subsidiar ações futuras. Além da sua importância como geradora de políticas públicas, a extensão universitária deve servir como instrumento de inserção social, aproximando a academia das comunidades e instituições adjacentes”.
Extensão
A professora Gentileza Neiva afirma que a participação em ações extensionistas impacta significativamente na formação acadêmica dos estudantes, dando oportunidade de vivências e situações que não seriam possíveis somente em discussões teóricas da sala de aula, tornando-os mais críticos acerca da realidade e dos contextos locais, mais atuantes e participantes. “A extensão possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes, como prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino”.
A professora acrescenta que o grupo de extensão também criou o perfil @quem.ama_cuida no Instagram, por considerar ser uma das redes sociais mais expressivas do mundo. A ideia é alcançar um maior número de pessoas e orientar o público sobre IST.
“Cada vez é mais perceptível o poder de influência que as redes sociais têm sobre as interações e, consequentemente, sobre o comportamento da população. Com isso, a distribuição das informações on-line consegue alcançar números expressivos de pessoas”, considerou a professora Gentileza.