HU atua como mediador na realização de transplantes de fígado
Pacientes recebem suporte do pré até o pós-operatório
- Atualizado em
O Estado de Alagoas celebrou, em maio, mais precisamente no dia 13, dois anos do primeiro transplante de fígado. Após a descompensação da doença hepática causada pela ascite refratária, e várias internações para a realização de paracentese (punção de líquido acumulado) no Hospital Universitário, o educador físico, Jorge Ricardo Andrade, conseguiu ter uma vida normal graças ao procedimento realizado na Santa Casa de Maceió pelo cirurgião Oscar Ferro.
De maio de 2021 até agora foram realizados 12 transplantes hepáticos, e o HU acompanha esses pacientes nas etapas pré e pós-operatórias.
No período que precede o transplante, o Hospital Universitário avalia os pacientes com indicação de realizar o procedimento e faz os exames necessários: avaliação de quadros infecciosos associados, de exames de coagulação, verificação de alterações metabólicas, avaliações cardiológica e renal, encaminhando assim um prontuário o mais completo possível às equipes transplantadoras.
Já no pós-operatório, o HU verifica evidências de rejeição do órgão e outras complicações, fazendo ajustes nas medicações. Segundo a hepatologista do HU, Leila Tojal, uma das manifestações pós-transplante mais frequente é a alteração renal causada por imunossupressores (medicações tomadas para que não haja rejeição). “Diante da avaliação clínica feita no HU, caso seja constatado que o paciente está evoluindo com alteração renal, são feitas modificações nos imunossupressores por medicamentos que não sejam tóxicos para os rins, em conjunto com as equipes transplantadoras. Quanto mais recentes o transplante e o pós-operatório, mais cuidados são necessários”, detalha.
O acompanhamento dos pacientes é feito no Ambulatório de Hepatologia do Hospital Dia, no qual é avaliada a indicação para o transplante, reunindo os materiais necessários para inclusão em lista, que vão desde exames do tipo sanguíneo até laboratoriais, sorologias, exames de imagem e avaliação cardiológica. A partir daí o usuário é encaminhado para o Centro Transplantador.
A jornada do paciente rumo a uma nova vida é acompanhada pela equipe multidisciplinar composta por profissionais da área de hepatologia, nutrição, odontologia, serviço social e enfermagem. O HU dispõe ainda de cirurgiões responsáveis pelo aparelho digestivo, que podem realizar cirurgias hepáticas e a esplenectomia (retirada do baço), um dos procedimentos mais frequentes nos portadores de doença hepática e esquistossomótica.
“MATRIMÔNIO”
“O portador de doença hepática crônica tem um “casamento indissolúvel” com o HU”, resume Leila Tojal, pois quando esses usuários apresentam quadros de descompensação hepática, ainda que com o tratamento clínico instituído e se este não livrá-lo de tal quadro e houver a necessidade de transplante, o HU funciona como mediador de um renascimento. “Colocamos o paciente de volta para sua vida de trabalho, familiar, trazendo normalidade não apenas para ele, mas à família, ciclo de amigos e trabalho”, acrescenta.
Outro prisma elencado pela hepatologista é a oneração no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há uma série de situações que representam dispêndios consideráveis, a exemplo dos quadros de encefalopatia hepática (que necessita internação em UTI), descompensação por ascite refratária (com reposição de medicamentos de albumina – uma proteína de alto custo), hemorragia digestiva, que precisa ser submetido à ligadura elástica por endoscopia (outro procedimento de custo elevado).
“O transplante não apenas tem o papel de retomar a vida normal do paciente, como também representa um grande ganho para o SUS, porque há um investimento, e, a partir da realização do procedimento, ocorrem menos gastos, como em consultas médicas esporádicas e exames laboratoriais, que não se comparam às internações mensais anteriores”, conclui Leila Tojal.