Reitores e pesquisadores aprovam pauta para garantir continuidade da Ridesa
Rede vai recorrer ao governo federal para reposição de quadros e também quer ampliar tempo de proteção das cultivares de cana-de-açúcar
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Durante a reunião anual Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), realizada em Maceió, reitores e pesquisadores das dez Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) participantes colocaram como prioridade a contratação de docentes e pessoal técnico para continuidade do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar (PMGCA). Outro ponto defendido é a ampliação do tempo de proteção das cultivares, dos atuais 15 anos para 25 anos.
Como resultado dos últimos 30 anos de pesquisas, as universidades da Ridesa já entregaram ao setor produtivo 95 variedades de cana-de-açúcar RB (República do Brasil). Essas cultivares representam mais de 65% da área plantada com cana-de-açúcar no país, contribuindo para a elevação da produtividade e da qualidade das empresas produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade.
Por isso, uma das preocupações do grupo que compõe a Ridesa é sobre a renovação do quadro de pesquisadores e professores envolvidos nas pesquisas do PMGCA. O motivo dessa preocupação é que muitos dos melhoristas, como são chamados os pesquisadores, estão com tempo de aposentadoria e, por isso, a necessidade de as universidades da Ridesa buscarem apoio do governo federal para contratar novos docentes e pessoal técnico-administrativo.
As universidades da Ridesa também vão buscar apoio para aprovação de um Projeto de Lei com a finalidade de alterar o tempo de proteção das cultivares de cana-de-açúcar, de 15 para 25 anos. Outro ponto considerado de fundamental importância é uma ação conjunta para divulgar o programa, tanto dentro de cada universidade participante, como nas esferas governamentais e comunidade em geral. O que se busca, a partir de agora, é que as Ifes da Ridesa também estejam mais envolvidas nas questões relacionadas ao tema descarbonização e biocombustíveis do futuro.
Esses foram os pontos definidos pelas dez Ifes que compõem a Ridesa: as universidades federais de Alagoas (Ufal), Rural de Pernambuco (UFRPE), de Viçosa (UFV), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do Paraná (UFPR), de São Carlos (Ufscar), de Goiás (UFG), do Piauí (UFPI) e do Mato Grosso (UFMT).
Fazendo a diferença
Na reunião, realizada na sexta-feira (18), no Centro de Inovação de Jaraguá, o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, atual presidente da Ridesa, e a vice-reitora Eliane Cavalcanti receberam os demais integrantes da Rede e convidados: a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima; o reitor da UFV, Demétrius David da Silva; a vice-reitora da Ufscar, Maria de Jesus Dutra dos Reis; o reitor da UFRRJ, Roberto Rodrigues; o ex-reitor da UFG, Edvar Madureira; e pesquisadores, professores e técnicos das dez instituições que integram o PMGCA.
Também participaram da reunião o diretor executivo de Ciência e Tecnologia da Fapeal, João Vicente Ribeiro; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Ufal, Iraildes Assunção; o diretor do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias, Gaus Silvestre de Andrade; a vice-presidente da Fundepes, Taciana Melo; representantes do Sebrae-AL; o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira; além de pesquisadores e técnicos ligados às dez Ifes que integram a Ridesa.
No dia 19, todos os participantes da reunião anual foram visitar a Estação de Florescimento e Cruzamentos Serra do Ouro, localizada em Murici/AL.
O reitor Josealdo Tonholo destaca a importância da Ufal realização da reunião da Ridesa, que aconteceu em paralelo à programação da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, única no país promovida por uma universidade pública. “Nos reunimos com todos os integrantes da Ridesa, os reitores parceiros do programa, os melhoristas e a equipe técnica envolvida. Esse programa está fazendo a diferença na balança nacional. Foi um prazer recebê-los aqui para discutir questões cruciais para a continuidade do PMGCA”, declarou.
O orgulho de participar dessa rede também foi corroborado pelo reitor da UFV e vice-presidente da Ridesa, Demétrius David. “Como o reitor Tonholo e professor Edvar já mencionaram, a Ridesa é o maior case de sucesso de rede de cooperação universitária do país. Estamos falando do setor mais pujante do Brasil que é o agronegócio, que precisa da Ridesa porque 65% da área plantada de cana no Brasil são variedades RB. Nós da Universidade Federal de Viçosa temos um orgulho muito grande participar dessa Rede. Recentemente, lançamos duas variedades desenvolvidas na UFV que estão hoje disponíveis para o agronegócio nacional”, anunciou, ao agradecer a toda equipe técnica que trabalha nas dez universidades que formam a Ridesa.
Retrospectiva
O coordenador da Ridesa na Ufal, Geraldo Veríssimo, fez uma retrospectiva dos 50 anos de variedades de cana-de-açúcar RB (República do Brasil) e dos 30 anos da Ridesa. Também mostrou números que fazem parte da Rede e do PMGCA. São dez universidades federais envolvidas, 275 profissionais [92 pesquisadores, 57 técnicos, 19 administrativos e 107 operacionais], além da formação contínua de alunos de graduação e pós-graduação, parceria com mais de 320 empresas [nacional e internacional], 102 bases de pesquisa no Brasil e 95 variedades RB liberadas.
Desde a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em 1990, o Planalsucar – criado com a finalidade de desenvolver e transferir tecnologias para a melhoria da cana-de-açúcar no campo e na indústria – foi absorvido por sete universidades [Ufal, UFRPE, UFS, UFV, UFRRJ, UFPR e Ufscar], incluindo estruturas físicas, tecnológicas e de recursos humanos. A partir daí, as universidades criaram a Ridesa, que incluiu mais três Ifes: a UFG, a UFPI e a UFMT, com o objetivo comum de desenvolver ações, projetos, programas e inovações para o fortalecimento do setor canavieiro brasileiro.
O PMGCA é desenvolvido em parceria com a maioria das empresas do setor canavieiro brasileiro e tem como base os bancos de germoplasma da Serra do Ouro, em Murici-AL, e Devaneio, em Amaragi-PE. Segundo o professor Geraldo, o programa tem importância estratégica porque, além de transferência de tecnologia, as universidades que integram a Ridesa também formam recursos humanos, tanto na graduação quanto na pós-graduação.