Ufal vai participar de abraço simbólico em área de restinga na praia do Francês
Evento com ambientalistas será no próxima sábado (7), a partir dass 8h30
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A Universidade Federal de Alagoas vai se unir a uma grande mobilização ambiental marcada para o próximo sábado (7), a partir das 8h30, na praia do Francês, situada no município de Marechal Deodoro . Várias instituições ambientalistas, movimentos da sociedade civil organizada e moradores da região farão um abraço simbólico na Restinga para reivindicar ao Governo do Estado a criação de uma Unidade de Conservação da Natureza (UC).
Gestores da Ufal e estudantes dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e Geografia estão se mobilizando para participar do ato. A concentração será na tenda montada na área de surf da praia. De acordo com a professora Aliete Machado, do Campus Arapiraca, o objetivo é chamar a atenção das autoridades para a emergência de ações que impeçam a destruição da área que se estende desde o povoado da praia do Francês até a Barra de São Miguel.
A docente alerta que a região tem sido frequentemente cobiçada pelo setor de construção civil. “Atualmente a gente entrou no Ministério Público Federal e conseguiu o embargo de um condomínio de luxo que, pelo projeto, vinha de um lado a outro da pista e tinha até um túnel que iria passar por baixo da AL- 101 Sul para que os condôminos tivessem pé na areia. É surreal, é muito absurdo! Quem deveria proteger, são os primeiros que contribuem para a agressão ao meio ambiente”, relatou, sobre as brigas que os ambientalistas travam em relação às licenças concedidas pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA).
Aliete contextualiza que, ao longo dos anos, muitos projetos de hotéis, resorts, condomínios de luxo e loteamentos já tentaram aprovação junto aos órgãos ambientais. Mas a luta pela preservação da restinga é porque o ecossistema de vegetação e fauna é importante para o litoral do Estado, além de ser ambiente de pesquisas e trabalhos acadêmicos da Ufal. “A sociedade civil organizada não vai, simplesmente, ficar de braços cruzados e vendo destruir tudo, não! Nós vamos à luta. Então, esse abraço simbólico à restinga é apenas um dos primeiros passos que nós daremos para forçar a criação da Unidade de Conservação da Natureza”, enfatizou Aliete.
Para apoiar a causa e participar do abraço, basta chegar vestindo uma camisa branca, levar água e protetor solar.
Urgência de proteção
A restinga situada entre Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos tem uma extensa vegetação que funciona como fixadora de dunas, que é fundamental para conter o avanço do mar, protegendo a costa litorânea. A professora da Ufal, Aliete Machado, explica também que ao longo dessa costa ocorre desova e nascimento de tartarugas marinhas, espécie ameaçada de extinção.
Outro alerta é para o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental realizados desde a época do projeto de duplicação da AL-101 Sul, que apontam duas espécies de aves no local incluídas na lista oficial do Ibama como espécies ameaçadas de extinção. A criação de duas UCs já estava prevista como medida compensatória pelas áreas de mangue e de restinga que foram destruídas para a realização da obra. Mas a ação nunca foi concretizada.
“Alagoas é um estado abençoado, riquíssimo em belezas naturais. E é isso que atrai o turista, é isso que gera fonte de emprego e renda no Estado. Mas as pessoas não estão pensando nem nesse lado”, frisa e reflete: “A gente está vivendo uma realidade que é de aquecimento global, de mudanças climáticas. A previsão da ciência é catastrófica, com aumento no nível dos mares. Então, como é que a gente vai deixar destruir a proteção natural?”
Abraço pela UC de Proteção Permanente
O abraço simbólico do próximo sábado vem junto ao pedido da efetivação de uma Unidade de Conservação da Natureza, do tipo Proteção Integral. É o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) que organiza as diferentes categorias de manejo e estabelece as bases atuais para a criação, implantação e gestão de UCs no Brasil.
O grupo das Unidades de Proteção Integral tem como objetivo preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, exceto nos casos previstos na própria lei. A professora Aliete explica que essa área de restinga em Alagoas se enquadra na categoria Refúgio da Vida Silvestre, cujo objetivo é proteger ambientes naturais e assegurar a existência ou reprodução da flora ou fauna. Com isso, o uso do espaço é apenas para pesquisa científica e visitação pública.