Educação Física acelera recuperação de doentes renais crônicos do HU

O setor de Nefrologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas (HU/Ufal), passou por uma reforma no final de 2023 para ampliar o atendimento aos pacientes portadores de doenças renais de diversas origens. O centro de diálise conta com o atendimento de várias especialidades, como: nefrologistas, nutricionistas, psicológicos, assistentes sociais, enfermeiras e urologia.

Mas o professor Filipe Caetano, do Instituto de Educação Física (Iefe) da Ufal, percebeu que não havia um acompanhamento do profissional de Educação Física. A partir desta constatação, ele propôs ao coordenador do curso, professor Bráulio César Mendonça, a criação de um Ambulatório de Ensino e Pesquisa de Educação Física na Unidade de Atendimento Renal. O projeto foi apresentado em 2021 e, em 2023, o ambulatório começou a funcionar.

O ambulatório serve como experiência de Pesquisa, Ensino e Extensão para os alunos da graduação e pós-graduação em Educação Física. “O comportamento sedentário aumenta o risco de agravo das doenças renais, portanto, a atuação do profissional de Educação Física torna-se essencial para colaborar com a qualidade de vida e respostas ao tratamento dos pacientes”, justificou o professor Filipe.

O coordenador explica que, no âmbito da pesquisa, o ambulatório  capta e acompanha pacientes atualmente em três projetos de mestrado e doutorado sobre os efeitos do exercício físico em vários parâmetros dos pacientes, como: qualidade de vida, sarcopenia, capacidade funcional, adequação dialítica, força muscular, hemodinâmicas, bioquímicas.

No âmbito do ensino, o ambulatório tem sido utilizado como campo de estágio supervisionado dos graduandos do curso de Educação Física-Bacharelado. “Assim os estudantes podem vivenciar a experiência profissional no campo da saúde durante sua formação inicial”, ressalta o professor.

Já no âmbito da extensão, o trabalho consiste na oferta à comunidade de um atendimento em serviços de Educação Física, com acompanhamento, avaliação e intervenção para a comunidade atendida na Unidade do Sistema Urinário do Hospital. “Inicialmente o foco do ambulatório são pacientes com doenças renais em tratamento conservador ou hemodiálise”, informa o professor.

Atendimento

 Felipe reforça que “no atendimento realizamos uma avaliação da história do paciente com a atividade física; e avaliamos parâmetros físicos: força dos membros superiores, força dos membros inferiores, flexibilidade; hemodinâmicos, como: pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigênio; metabólicos: Índice de Massa Corporal e Relação Cintura/Quadril; e rastreamos risco de sarcopenia, dores e fadiga”.

De acordo com diagnóstico destas variáveis e do nível de atividade física, são prescritos exercícios como caminhadas ou corridas e exercícios de força em casa. “Também encaminhamos para nosso projeto de extensão RIMS (Ritmo, Intensidade, Movimento e Saúde em Pacientes Renais Crônicos) com aulas de hidroginástica com regulação de exercícios voltados especificamente para esta população. As aulas de hidroginástica são realizadas pelos alunos da Atividade Curricular de Extensão (do curso de Educação Física Bacharelado”, informa.

No ambulatório são atendidas de três a cinco pessoas por dia. Nas aulas de hidroginástica, atualmente, são 14 pacientes no fluxo das aulas. “Ainda no ambulatório também realizamos palestras sobre promoção da saúde, importância da atividade física e como realizar atividade física na sala de espera da unidade, momento em que pacientes esperam atendimento e familiares aguardam seus parentes que estão em hemodiálise. E, na hemodiálise, temos contribuído com exercícios de alongamento e mobilidade para diminuição de dores, fadiga e desconforto durante as sessões dos pacientes”, destaca o coordenador.

Ele ressalta que, para os estudantes, tem sido um importante momento de aprendizado simbiótico entre ensino, pesquisa e extensão dentro da própria instituição. “Assim, eles podem se relacionar com a atuação multiprofissional, tendo em vista o ambulatório de Educação Física estar integrado com os serviços de Nutrição, Nefrologia, Urologia, Psicologia e Enfermagem realizados no mesmo setor. De fato, ocorre um ambulatório multiprofissional”, ressalta o professor.

 O professor alerta ainda que a Doença Renal Crônica vem aumentando sua incidência de forma acelerada na sociedade brasileira e no âmbito mundial. “Dado perceptível relaciona-se ao aumento da busca por Hemodiálise, que é uma etapa de tratamento final da doença. De todo modo, o estilo de vida, que inclui a prática de atividade física e exercício físico, é um dos comportamentos que devem ser adotados pelos sujeitos em busca de uma melhora na função renal”, orienta Antônio Filipe.

Serviço:

O ambulatório funciona às segundas, de 8h às 12h, provisoriamente até final de março, e às terças, de 13h às 17h. O agendamento pode ser realizado diretamente no balcão da Nefrologia ou pelos sistemas reguladores do Hospital (especialidades).