Desertificação já atinge 15% dos municípios alagoanos, aponta estudo do Lapis Ufal

Ouro Branco, Maravilha e Mata Grande são os que possuem maiores áreas desertificadas

Por Ascom Lapis
Observe no mapa que já há registro do processo de desertificação em áreas de 16 municípios do estado.
Observe no mapa que já há registro do processo de desertificação em áreas de 16 municípios do estado.

O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Lapis/Ufal) divulgou recentemente um mapeamento atualizado da situação da desertificação no estado alagoano. De acordo com o estudo, baseado em dados de satélites, os municípios de Ouro Branco, Maravilha e Mata Grande são os que possuem maiores áreas desertificadas.

“São áreas onde os solos já estão degradados de forma grave ou muito grave e se tornaram imprestáveis para a agricultura. Mesmo com chuvas suficientes, a vegetação da caatinga não consegue mais se recuperar nesses locais”, explica o professor Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis e responsável pela pesquisa.

O mapeamento aponta que todos os municípios com áreas desertificados se localizam no Sertão Alagoano. Isso significa que cerca de 15% das localidades do estado já apresentam áreas que se tornaram desérticas, principalmente pela ação humana, agravada pela severidade climática, como intensas secas.

No último dia 28 de abril, foi celebrado o Dia Nacional da Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro. Cerca de metade desse bioma apresenta algum nível de degradação. Em Alagoas, não é diferente. O bioma Caatinga é muito importante para o clima do Semiárido brasileiro, incluindo o equilíbrio hidrológico e ambiental da bacia do rio São Francisco.

“É preocupante observar o ritmo de degradação dos municípios alagoanos próximos da Bacia do rio São Francisco, onde a vegetação da Caatinga está cada vez mais impactada pela seca e desmatamento. Essa vegetação apresenta alta vulnerabilidade às altas temperaturas e às secas-relâmpago”, pontua Humberto.

As secas-relâmpago é uma nova categoria de seca de curta duração, combinada com altas temperaturas, com impactos severos sobre a vegetação e a umidade do solo. Na América Latina, o Laboratório Lapis inaugurou as pesquisas sobre essa nova tipologia de seca, decorrente do processo de mudança climática. O estudo concluiu que em média, as secas-relâmpago duram 30 dias em áreas do Semiárido brasileiro.

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