Projeto prevê a restauração e a reestruturação do Museu Théo Brandão
Iniciativa está em fase de orçamento e captação de recursos para que haja definição de um cronograma de trabalho
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Guardião da cultura popular de Alagoas, o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore deve chegar revitalizado ao seu cinquentenário. Um projeto prevê a restauração e a consequente reestruturação do espaço criado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no ano de 1975. Atualmente, a iniciativa está em fase de orçamento e captação de recursos para que haja definição de um cronograma de trabalho.
O projeto de restauração é liderado pela professora Adriana Guimarães, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufal, e pela arquiteta e urbanista Cynthia Fortes. A proposta, de acordo com as responsáveis pelo projeto, tem como principal premissa a conservação e a preservação do edifício histórico, que fica localizado na Avenida da Paz, em Maceió, e é um bem tombado pelo estado de Alagoas desde o ano de 1983.
“A proposta [de restauração] buscou garantir as condições físicas adequadas para o correto funcionamento dos espaços museológicos, administrativos e de serviços gerais, seguindo os manuais do Ibram [Instituto Brasileiro de Museus] e todas as normas técnicas vigentes, com destaque para a norma de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, explicou a professora Adriana Guimarães.
Conforme a docente e autora do projeto, o edifício onde funciona o Théo Brandão é considerado um bem cultural de grande estima para a comunidade. “O palacete guarda registros do modo de morar, de construir e de fazer, criados com determinada intenção plástica para atender necessidades de épocas diferentes. Conta histórias de pessoas e ajuda a desvendar a nossa própria história”, observou.
O projeto arquitetônico de restauração já está finalizado e se encontra na Superintendência de Infraestrutura (Sinfra) da Ufal para elaboração de planilha orçamentária e captação de recursos.
Além da restauração, o Museu Théo Brandão também deverá ser beneficiado com a construção de um anexo. O projeto para esta nova edificação está sendo desenvolvido pela professora da Ufal e arquiteta Thaisa Sampaio, que atua na Universidade desde 2006 e tem em seu currículo a experiência de ter participado do plano diretor do Campus Arapiraca, entre 2006 e 2008, que contou com a colaboração de professores e estudantes.
“O projeto do anexo conta com quatro pavimentos, que se distribuem em: praça de acolhimento, espaços para exposições, loja-café, biblioteca, laboratórios de tratamento e conservação de acervo, um novo e mais moderno auditório, um setor para a pós-graduação e um restaurante com vista para a Avenida da Paz”, detalhou Thaisa Sampaio.
A proposta do anexo, segundo a arquiteta, é criar um espaço funcional, simples e eficiente, voltado a complementar a expressão do casarão tombado, sem chamar atenção para sua arquitetura, assim como outros anexos de museus nacionais e internacionais que foram pesquisados pela equipe na fase de levantamento de dados.
“Além disso, o projeto foi pensado de modo a ser totalmente acessível, com acesso específico para pessoas com deficiência, desde a calçada frontal da Avenida da Paz. Hoje, por se tratar de uma edificação tombada, a acessibilidade existente foi adaptada. No anexo, podemos trazer a acessibilidade como um dos focos principais do projeto”, acrescentou Thaisa Sampaio, destacando que o projeto se encontra na fase de elaboração de desenhos técnicos finais, com previsão de conclusão para o mês de janeiro de 2024.
Para Hildênia Oliveira, diretora do Museu Théo Brandão, a restauração do espaço e a reestruturação do local, com a construção de um anexo, vão possibilitar não apenas o fortalecimento das atividades culturais desenvolvidas no prédio histórico, como a ampliação dos serviços disponibilizados e do acervo que existe atualmente.
“A ideia é ter um espaço com grande qualidade para manter os acervos que temos e para receber novos. Esperamos continuar a constituir o acervo do Museu Théo Brandão com novas doações e aquisições. Não há data para início dos trabalhos, porém a restauração deve sair primeiro e, em seguida, a gente sonha, para que Maceió tenha um grande museu, com um novo espaço”, frisou ela.
A diretora do Théo Brandão conta que, apesar das limitações impostas por questões estruturais, a equipe técnica que compõe o museu tem buscado alternativas para levar a cultura popular até a população, por meio de parcerias.
“Se o museu está fechado, a gente leva nosso acervo para outros espaços: para o shopping, para a CBTU [Companhia Brasileira de Trens Urbanos] em Maceió, e para a cidade de Penedo. O Museu Théo Brandão, a gente diz, ele não tem paredes. Ele é móvel. O museu é o fazer museológico. Nós o levamos para perto das pessoas. Nós tentamos unir a tríade da museologia: o homem e o objeto dentro de um cenário, mas esse cenário não precisa ser dentro de muros”, expôs a diretora.
Hildênia Oliveira segue: “Nós temos uma inquietude trazida pela arte e pela cultura. Dentro dessa inquietude, criamos a nossa primeira pós-graduação em Práticas Culturais Populares. A primeira na região Nordeste”, ressaltou a diretora, ao se referir à pós-graduação lançada em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal.
Por fim, a diretora pontua que o Museu Théo Brandão é, hoje, um elo entre a Ufal e a sociedade e destaca a importância da reforma: “Somos um museu universitário ligado à Pró-reitoria de Extensão e fazemos extensão da forma mais genuína que conseguimos, desde transformar pesquisas em ações para a comunidade até trazer as manifestações culturais e as linguagens para o museu. Por isso, entendemos que a restauração desse espaço é fundamental para a cultura popular do nosso estado.”
Matéria publicada na Revista Saber Ufal de 2023. Veja aqui essa e outras matérias.