Medalhistas destacam gosto pela matemática por meio da Obmep

Cerimônia de entrega das medalhas reuniu estudantes, familiares, educadores e gestores

Por Thamara Gonzaga - jornalista, Fotos: Renner Boldrino e Alexandre Teixeira/Seduc
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Gabriel de Melo Martins, com o pai, para receber medalha de bronze da OBMEP
Gabriel de Melo Martins, com o pai, para receber medalha de bronze da OBMEP

Foi dia de pódio para medalhistas da 18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), na quinta-feira (25), no auditório da Reitoria da Ufal. Assim como para os atletas dos esportes olímpicos, as medalhas de ouro, prata e bronze da Obmep também representam a conquista por meio do esforço, da dedicação, da força de vontade para superar limites e dificuldades.

Considerando os dados do estado de Alagoas, ao todo, foram 740 alunos premiados, sendo 75 medalhistas e 665 menções honrosas. Cerca de 350 mil estudantes foram inscritos, com participação de 862 escolas dos 102 municípios alagoanos. As provas foram aplicadas no ano passado e reuniu, no Brasil todo, 18 milhões de alunos inscritos. Números grandiosos tais quais os do evento esportivo que reúne pessoas de diversas partes do mundo.

Estudante da Escola Estadual Rocha Cavalcante, localizada no município de União dos Palmares, Gabriel de Melo Martins foi receber a medalha de bronze na categoria regional da Obmep. Acompanhado do pai orgulhoso, ele conta que não esperava pelo resultado, pois já tinha feito em outros anos e não tinha recebido nenhuma premiação. Da turma dos que gostam da matemática, os resultados anteriores não o fizeram desistir e, assim como os atletas olímpicos, continuou a participar das provas do projeto, pois acredita que a atividade poderá ajudá-lo no momento de escolher a profissão.

“Eu gosto bastante da olimpíada porque ela envolve raciocínio lógico, faz você, realmente, pensar, entrar na questão. Normalmente, as pessoas veem a matemática como algo muito difícil, um bicho de sete cabeças, que é horrível, mas comigo é o contrário. Gosto muito”, disse ele.

E Gabriel, de fato, compreendeu a proposta das olimpíadas de matemática. Projeto nacional na área de educação, o objetivo da Obmep não é só premiar, mas estimular o gosto dos estudantes pela disciplina, descobrir talentos da área que poderiam passar despercebido pela falta de apoio, além de auxiliar no processo formativo de professores por meio de didáticas que promovam um ensino atualizado e dinâmico.

“A Obmep, na verdade, é um estender de mãos para a educação brasileira. Descobrimos alunos que têm vocação em matemática, bem como ajudamos aos que apresentam alguma dificuldade a entenderem melhor e a usarem em suas respectivas áreas, pois a matemática está em tudo, podendo ser aplicada em todas as áreas do conhecimento”, destacou o coordenador da Olimpíada em Alagoas e professor do Instituto de Matemática (IM) da Ufal, Adelailson Peixoto. O coordenador ainda avalia que quando o aluno reconhece que a matemática pode ser vista de uma maneira interessante, diferente, ele acaba desenvolvendo habilidades, raciocínios e interpretações melhores em relação à disciplina.

E complementou: “A Obmep não só descobre vocações, mas também ajuda a melhorar a base dos alunos da educação básica. Além disso, ajuda o ensino nacional a se desenvolver de acordo com a BNCC [Base Nacional Comum Curricular], a preparar alunos para avaliações. É um leque de opções que a olimpíada favorece”.

Premiados

A cerimônia de entrega das medalhas reuniu cerca de 300 atletas da matemática. Acompanhados de familiares, amigos ou professores, o sentimento entre os presentes era de emoção e orgulho por receber a premiação.

Laís Gabriela Santos Silva veio da Escola Municipal Ceci Cunha, localizada no município de Porto Calvo, para buscar a medalha de bronze conquistada na categoria regional. “Gosto muito de matemática. Eu chorei de felicidade quando soube do resultado”, contou ela.

De São Miguel dos Campos, veio uma equipe de premiados animada e uniformizada da Escola Municipal Luzinete e Lindalva Jatobá. Entre eles, Adjar Pessoa da Silva Neto que recebeu duas medalhas conquistadas em uma só edição: uma de bronze na categoria nacional e uma de prata, na regional.

“Matemática é a área que mais me destaco. Meu professor Cícero me apresentou e falou sobre a possibilidade de participar. Minha família ficou muito orgulhosa”, disse ele já planejando etapas futuras, como cursar engenharia “por envolver cálculos”.

Participação dos professores

O auxílio em sala de aula e no ambiente escolar, no sentido de estimular os estudantes, é uma etapa muito importante. É o que contou o estudante do Colégio da Polícia Militar Tiradentes (PMAL), Nycolas Almeida. Ele destacou o apoio que recebeu do professor Messias. “Eu sempre gostei de matemática, de fazer cálculos. E o Messias é um bom professor, ajudou muito na disciplina, mostrando que não é um bicho de sete cabeças”, disse o jovem que foi buscar a medalha de bronze regional e pretende seguir o exemplo de seu “treinador”, lecionando na área.

Professora da Escola Estadual Artur Ramos, cidade de Arapiraca, Thainnã Sena também reforçou o papel do docente no processo de acreditar, estimular e apresentar oportunidades. “É muito gratificante! A gente faz a nossa parte em sala de aula e eu sempre gosto de ficar de olho naqueles alunos que, realmente, gostam da matemática. Essas premiações abrem portas, novas oportunidades. Então, são de grande valia”, comentou ela na companhia de dois alunos medalhistas de bronze regional.

Cícero Silvestre, da Escola Municipal Luzinete e Lindalva Jatobá, de São Miguel dos Campos, complementou a opinião da colega de profissão. “Nosso papel caminha muito na direção de também fazer com que eles acreditem neles”, destacou. Ele ainda ressaltou que receber apoio dos gestores locais também faz a diferença. Orgulhoso e feliz pelos seus alunos, Cícero enxerga que a conquista deles também é sua e não poupou elogios. “Esses meninos são demais. Uma turma excepcional, alunos fora da curva”, falou entusiasmado.

Novas oportunidades por meio da Obmep

Como pontuou a professora Thainnã, a participação nas olimpíadas de matemática abre portas para uma série de oportunidades.

Nicolas Lima, do município de União dos Palmares, mudou-se, junto com a mãe e a irmã, para estudar em Maceió por causa de seu desempenho na Obmep. Os resultados obtidos deram a ele a chance de participar do Novo Ensino Suplementar (NES), um projeto gratuito vinculado ao IM da Ufal.

Com professor Krerley Oliveira como coordenador-geral, professora Ana Carvalho, coordenadora acadêmica, e professor Wagner Ranter, coordenador adjunto, o NES tem a missão de criar um centro de excelência na formação de talentos para as áreas de exatas, envolvendo alunos do ensino médio de Alagoas.

“O NES foi que abriu as minhas asas, porque dá uma bolsa de 100 até 1.500 reais. Com ele, estou conseguindo me manter aqui em Maceió”, disse o jovem de apenas 15 anos e cheio de planos. “Eu pretendo passar no IMPA [Instituto de Matemática Pura e Aplicada] ou fazer um concurso para o ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica]”, planeja.

Nicolas, que atualmente estuda o primeiro ano do ensino médio na Escola Estadual Onélia Campelo, conquistou duas medalhas de ouro: uma nacional e outra regional.

Almir Sérgio, estudante do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) no município de Murici, foi receber a medalha de bronze regional. Ele também participa do NES e comentou como a experiência tem sido valiosa. “A gente vê muitos conteúdos que nunca serão vistos em escola, pois já é conteúdo de graduação”, destacou.

Cerimônia de abertura

A cerimônia de entrega das medalhas foi marcada pelo rito solene, sendo prestigiada por familiares dos medalhistas, membros da comunidade escolar, gestores da Ufal, autoridades e dirigentes do Estado e dos municípios.

Representando o reitor Josealdo Tonholo, o pró-reitor de Graduação (Prograd), Amauri Barros, que também é docente do IM, falou sobre a alegria de encontrar o auditório lotado de estudantes que gostam de matemática.

O coordenador Adelailson Peixoto apresentou dados nacionais que demonstraram a dimensão de uma premiação da Obmep. Segundo o professor, as chances de receber uma menção honrosa na 18ª Obmep foram de uma em cada 340 alunos. Já para a medalha de bronze, a chance foi de uma em cada 2.770; para a de prata, uma em cada 9.000 e para a de ouro, uma em cada 36.000.

“Foram 18 milhões de inscritos em todo o Brasil. Então, a conquista de vocês é muito valiosa!”, concluiu o coordenador, evidenciando que, assim como no tradicional evento esporitvo, todo resultado obtido na Obmep é importante e merece ser reconhecido, pois representa tempo, dedicação e esforço a algo que se quer conquistar.