Especialistas do HU e da Ebserh reforçam necessidade do combate ao fumo

No HU, tratamento é realizado por meio do programa para controle do tabagismo

Por Ascom HU/Ufal
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Tabagismo é causa de várias doenças e é o maior causador de mortes evitáveis do planeta
Tabagismo é causa de várias doenças e é o maior causador de mortes evitáveis do planeta

Mais de oito milhões de pessoas morrem no mundo todos os anos em decorrência de doenças provocadas pelo uso do fumo. Traduzindo esse dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele equivale à população de um país do porte do Paraguai. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado ontem (29), especialistas da Rede Ebserh e do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU) da Universidade Federal de Alagoas reforçam a importância de evitar essa droga.

O tabagismo é causa de uma série de doenças com malefícios físicos e psíquicos e prejuízos aos sistemas de saúde mundo afora, sendo responsável pela grande maioria de mortes em casos de câncer de pulmão, infarto e derrames cerebrais. O fumo é o maior causador de mortes evitáveis do planeta.

O fumo prejudica não só o usuário, mas também a quem está ao redor. Estudos indicam que 15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, as pessoas expostas rotineiramente à fumaça. O cigarro prejudica até quem ainda não nasceu. Os impactos do tabagismo na gestação são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.

O fumo na gravidez é responsável por 20% dos fetos com baixo peso ao nascer, por 8% dos partos prematuros e por 5% das mortes perinatais. O ideal é a interrupção do tabagismo antes da gestação, mas se não for possível é preciso que a gestante pare imediatamente ao saber da gestação. O tabagismo coloca em risco a saúde das mães e de seus filhos, com potenciais problemas cardíacos, alergias, distúrbios do sono e infecções respiratórias.

Cigarro eletrônico

O cigarro possui mais de 4.700 substâncias, sendo 43 delas reconhecidamente cancerígenas. “Além dos problemas relacionados a doenças pulmonares, como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e câncer de pulmão, o cigarro aumenta a mortalidade por vários outros tipos de câncer, aumenta riscos cardiovasculares e outras comorbidades como depressão, ansiedade, insônia. Assim, o tabagismo tem um comprometimento sistêmico do indivíduo”, comentou a pneumologista do HU, Miriã Silva.

Aliado ao fumo, outra fonte de preocupação da comunidade científica é o aumento significativo na quantidade de pessoas que fazem uso de cigarro eletrônico. Por não ser regulamentado, não se sabe ao certo quais substâncias estão contidas nesses dispositivos. A nicotina é uma delas, a responsável por causar a dependência, e está presente em concentração muito alta.

Além da nicotina, os cigarros eletrônicos possuem em sua fórmula metais pesados e substâncias que podem se decompor em carcinógenos. Devido à facilidade de uso, a frequência de utilização dos cigarros eletrônicos é mais alta, favorecendo a dependência e expondo as pessoas a uma maior quantidade de substâncias provavelmente tóxicas. “O consumo do cigarro eletrônico é tão maléfico quanto o cigarro convencional, por isso deve ser combatido da mesma forma”, concluiu a pneumologista.

Relação direta com vários tipos de câncer

Diversos tipos de câncer têm relação direta com o uso de cigarro, o que configura um grave e preocupante problema de saúde pública mundial. O câncer de pulmão é o mais significativo, com o fumo sendo responsável por 85% a 90% dos casos. Outros tipos de câncer provocados pelo fumo incluem os tumores de cabeça e pescoço (como boca, garganta e laringe), tumores de bexiga, rim, estômago, esôfago, colorretal, colo uterino, fígado e leucemia mieloide.

Substâncias nocivas do fumo, como aquelas presentes no alcatrão, desempenham um papel central no aumento do risco de câncer, principalmente por causar danos diretos às células. O fumo gera inflamação crônica em vários tecidos, o que, por sua vez, favorece ainda mais o desenvolvimento de células cancerígenas. Além de promover essas mutações, o fumo ainda enfraquece o sistema imunológico, diminuindo a capacidade de identificar e destruir células anormais antes que elas se transformem em tumores malignos.

Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento contra o tabagismo, a doença crônica causada pela dependência à nicotina, é gratuito. Esse cuidado ao dependente envolve uma equipe multiprofissional, composta por médicos e psicólogos, e uso de medicamentos.

No HU, o tratamento é realizado por meio do programa para controle do tabagismo. Em funcionamento desde 2006, a iniciativa já realizou o atendimento de cerca de dois mil pacientes por meio de equipe multiprofissional, composta por médico, farmacêutico, enfermeiro, assistente social, psicólogo e educador físico. O acompanhamento envolve a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), medicação, reuniões e consultas individualizadas. Os interessados podem procurar o setor de pneumologia do hospital para fazer o cadastro.

Legislação

O tema está em alta. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pautou para o próximo dia 3 de setembro um projeto de regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil, sugerindo regras, como a venda para menores de 18 anos e proibição da oferta com visual e sabores atrativos ao paladar infantil. Oitenta entidades médicas e de pesquisa científica já se posicionaram contrárias e enviaram carta aos parlamentares pedindo a rejeição do projeto, no último dia 19 de agosto.

A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. Em abril passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após novas análise científica, decidiu manter o veto a esses dispositivos.