Campus de Rio Largo celebra 50 anos de ensino, pesquisa e inovação

O Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completa, em 2025, meio século de existência. Criado oficialmente pela Resolução nº 05/75 do Conselho Universitário, em 21 de maio de 1975, o então Centro de Ciências Agrárias nasceu a partir da Escola Superior de Agronomia, instalada na Fazenda São Luiz, em Viçosa. 

Desde então, consolidou-se como referência no ensino, na pesquisa e na extensão no campo das ciências agrárias e engenharias, hoje instalado em Rio Largo. A comemoração dos 50 anos será marcada por uma manhã de homenagens, palestras e confraternização, reunindo professores, estudantes e servidores.

O diretor Gaus Silvestre explica a proposta da celebração. “A ideia é fazermos um café da manhã de boas-vindas, seguido de uma cerimônia no auditório. Vamos contar a trajetória do Ceca desde Viçosa, passando pelo Campus A.C. Simões, até chegar em Rio Largo. Para animar, teremos um trio de forró formado por integrantes da própria comunidade acadêmica, entre alunos, ex-alunos e servidores”, destacou o professor.

Crescimento acadêmico e novos cursos

Atualmente, o Ceca reúne cerca de 1,6 mil estudantes em nove cursos de graduação, entre eles Agronomia, Zootecnia, Agroecologia, Engenharia Florestal e Engenharia de Energia. O campus também se consolidou na pós-graduação, com três programas stricto sensu, incluindo o mestrado e doutorado em Proteção de Plantas, criado em 2011, e o novo Programa em Energias Renováveis, que abriu processo seletivo em 2025.

Nos últimos anos, o Ceca protagonizou avanços que reforçam sua importância nacional. Entre eles, a coordenação do Programa Nacional de Residência Profissional Agrícola para engenheiros florestais, desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura e empresas locais, fortalecendo a inserção dos jovens profissionais no mercado. Além disso, a oferta de residências profissionais em Zootecnia e áreas afins amplia a integração entre universidade, setor produtivo e comunidades rurais.

Melhoramento Genético da Cana

A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) chegou ao Ceca em 1991, quando a universidade aderiu à rede nacional que coordena o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA). Desde então, o campus se tornou referência em pesquisas voltadas para a cultura da cana, desenvolvendo variedades adaptadas às condições edafoclimáticas do Nordeste.

A atuação da Ridesa no Ceca proporciona uma ambiente acadêmico com forte integração entre ensino, pesquisa e extensão, unindo professores, técnicos e estudantes em projetos voltados à inovação tecnológica e à sustentabilidade do setor sucroenergético. Ao longo das décadas, a Ridesa consolidou parcerias estratégicas com usinas, cooperativas e órgãos de fomento, ampliando o impacto de suas pesquisas na economia alagoana e nacional.

As atividades incluem desde o melhoramento genético e manejo sustentável até ações de formação de recursos humanos especializados, oferecendo estágios e capacitações. Com essa trajetória, a Ridesa contribuiu para o Ceca reafirma seu papel essencial na geração de conhecimento aplicado e na contribuição direta para o fortalecimento de uma das principais cadeias produtivas do estado.

Genética Molecular

O Laboratório de Genética Molecular é um centro de excelência em pesquisa aplicada, com destaque nacional e internacional. Com mais de 20 anos de atuação, o laboratório tem sido fundamental na formação de recursos humanos e no desenvolvimento de tecnologias inovadoras, especialmente nas áreas de genética de plantas e animais de interesse agropecuário. Além disso, possui infraestrutura avançada e parcerias com agências de fomento como a Fapeal e CNPq, fortalecendo seu papel como polo de inovação científica no estado.

Entre as contribuições mais significativas do laboratório, destaca-se o desenvolvimento de um teste molecular de DNA para detecção do Papilomavírus Humano (HPV), que, após 30 anos de pesquisa, foi aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS como alternativa ao exame de Papanicolau. Esse avanço coloca a Ufal na vanguarda da saúde pública no Brasil. Além disso, o laboratório lidera pesquisas em áreas como melhoramento genético de culturas agrícolas e desenvolvimento de repelentes naturais, impactando positivamente a saúde pública e o setor agropecuário.

Formando

O curso de Agroecologia oferecido em parceria com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), visa formar profissionais capacitados para atuar na agricultura familiar com base nos princípios da agroecologia. Criado pela Resolução nº 38/2018 do Conselho Universitário da Ufal, o curso adota a pedagogia da alternância, combinando atividades acadêmicas presenciais com vivências nas comunidades, e é reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) com conceito 4.

O curso de Agroecologia tem se destacado pela implementação de projetos inovadores. Um exemplo é o Programa Global Doutores do Solo (PGDS), parceria entre a Ufal, Aliança Mundial do Solo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Pronera. Lançado em agosto de 2024, o programa selecionou 20 agricultores e estudantes do curso para promover o uso sustentável do solo e enfrentar as mudanças climáticas, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Aquicultura, Energias Renováveis e muito mais

O Ceca destaca-se em áreas estratégicas como aquicultura e energias renováveis, com infraestrutura e projetos que promovem inovação e sustentabilidade. O Laboratório de Aquicultura (Laqua) e o Núcleo de Piscicultura são fundamentais na formação de profissionais e no desenvolvimento de pesquisas aplicadas, como estudos sobre o impacto de pesticidas em tilápias e tratamentos de efluentes da piscicultura.

Na área de energias renováveis, o Ceca promove a transição energética por meio de projetos de pesquisa e extensão. O mestrado em Energias Renováveis, oferecido no campus de Rio Largo, capacita profissionais para atuar em fontes como solar, biomassa e energia eólica. Além disso, iniciativas como a instalação de sistemas fotovoltaicos no campus e projetos que integram energia solar à produção de cana-de-açúcar demonstram o compromisso da Ufal com a sustentabilidade e inovação tecnológica.

Reconhecimento institucional

O legado do Ceca foi reafirmado em 5 de dezembro de 2024, quando o Conselho Universitário aprovou a Resolução nº 158/2024, que transformou oficialmente o Centro em Campus de Engenharias e Ciências Agrárias. A decisão fortaleceu a autonomia acadêmica e administrativa da unidade, colocando-a ao lado dos campi Arapiraca e Sertão.

Para os próximos anos, a expectativa é de expansão da infraestrutura e consolidação de novas linhas de pesquisa em energias renováveis, agroecologia e tecnologias aplicadas ao agronegócio. Com meio século de trajetória, o Ceca reafirma seu compromisso com a formação de profissionais qualificados e com o desenvolvimento sustentável de Alagoas e do Brasil.