Neabi da Ufal amplia parceria com a Fundação Cultural Palmares

Iniciativas fortalecem a promoção da cultura afro-brasileira, valorização da memória dos Quilombos dos Palmares e o desenvolvimento de pesquisas históricas e culturais em Alagoas

Por Jessyka Faustino - jornalista
- Atualizado em
Representantes da Ufal e da Fundação Palmares ampliam parcerias que fortalecem a promoção da cultura afro-brasileira
Representantes da Ufal e da Fundação Palmares ampliam parcerias que fortalecem a promoção da cultura afro-brasileira

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), vem ampliando sua parceria com a Fundação Cultural Palmares (FCP), fortalecendo o compromisso institucional com a promoção da cultura afro-brasileira, a valorização da memória dos povos quilombolas e o combate ao racismo estrutural no país.

Entre as iniciativas apoiadas pela Fundação, destaca-se o projeto ‘330 anos de Imortalidade dos Quilombos dos Palmares’, integrado à programação do Novembro Negro, com foco na promoção de atividades culturais e comemorativas alusivas ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, em Alagoas. O projeto visa estimular a reflexão crítica e o reconhecimento da importância histórica de Zumbi e dos Quilombos dos Palmares, bem como fortalecer a identidade e a cultura afro-brasileira. As ações propostas dialogam diretamente com a preservação e difusão do patrimônio cultural negro, reafirmando o papel da universidade pública como espaço de memória, resistência e transformação social.

Outro destaque dessa parceria é a cooperação entre a Ufal e a Fundação Cultural Palmares para a seleção de profissionais especializados em cultura afro-brasileira, de diferentes linguagens artísticas e regiões do país, que irão compor a comissão avaliadora do edital ‘Sementes da Ancestralidade – Fomento à Cultura Afro-brasileira’. Esses especialistas serão responsáveis por analisar e selecionar as propostas de projetos culturais submetidos ao edital, contribuindo para o fortalecimento e a visibilidade das expressões artísticas afro-brasileiras no cenário nacional.

“Quando a FCP convida os Neabis e a ABPN para serem avaliadores dos projetos inscritos no edital Sementes da Ancestralidade isso tem um impacto e significado inestimável para a luta social no Brasil primeiro, porque fortalece e estreita a parceria entre governo e ativistas negras e negros, integrantes dos diversos movimentos negros brasileiros, populares, acadêmicos, culturais, religiosos; em segundo lugar, aumenta o poder político e social destas maiorias minoritárias, ampliando seus acessos e espaços de dizibilidades dentro do governo”, destacou a vice-coordenadora do Neabi, Rosa Correia, que atua como parecerista no edital.

E acrescenta: “Essa ação reconhece a importância da participação social e da plena representatividade no desenvolvimento das políticas públicas, em especial das ações de fomento à cultura, essa categoria que formata e expressa tão bem as diversas dimensões da nossa brasilidade, e reforça, assim, as bases da democracia”.

A parceria contempla ainda o projeto ‘Pesquisa de mapeamento e prospecções arqueológicas dos Palmares durante a ocupação neerlandesa do Brasil’, que tem como responsáveis o Núcleo de Arqueologia e o Neabi do Campus Sertão. A iniciativa busca aprofundar o conhecimento histórico e arqueológico sobre os territórios quilombolas que compuseram o complexo dos Palmares. O objetivo da pesquisa é mapear a localização efetiva dos mocambos e de suas estruturas por meio de métodos arqueológicos, garantindo materialidade e precisão à história desses espaços de resistência. Além de identificar com maior exatidão os locais onde se estabeleceram os quilombos, a investigação permitirá a recuperação de bens móveis, como objetos da vida cotidiana dos aquilombados, possibilitando novas interpretações sobre o modo de vida e as estratégias de resistência desenvolvidas por essas comunidades.

“A gente está muito feliz de poder retomar isso, esperando obter resultados. Esse trabalho é o início de uma caminhada. Indica também uma sensibilidade grande da Fundação Palmares sobre a temática e a disponibilidade em fazer parcerias conosco. É importante registrar que esse projeto não será realizado apenas por pesquisadores da Ufal, mas também de outras instituições. É um projeto multidisciplinar que conta com a participação de geógrafos, historiadores, cartógrafos, tendo como foco a arqueologia que se utiliza de todas essas áreas como parceiras”, enfatizou o professor Flávio Moraes, coordenador do projeto.

O professor Danilo Luiz Marques, coordenador do Neabi Ufal, ressalta a importância dessas iniciativas como parte de um movimento contínuo de integração entre a universidade e as instituições que atuam na defesa da cultura negra: “Pelo terceiro ano consecutivo, a Universidade Federal de Alagoas, junto à Fundação Palmares, coordenará a celebração do 20 de novembro na Serra da Barriga, bem como a programação durante todo o mês. Este ano, incluindo a participação das secretarias estaduais de Cultura e dos Direitos Humanos, além da Prefeitura de União dos Palmares”, afirmou Danilo.

Ainda conforme o coordenador, a programação comemorativa já começou no dia 1º de novembro, com a entrega do título de Doutor Honoris Causa para o professor Zezito Araújo, figura fundamental para o processo de tombamento da Serra da Barriga e consolidação do Dia Nacional da Consciência Negra, e passa pela programação do Vamos Subir a Serra em União dos Palmares e na Pajuçara.

“O grande ápice será no 20 de novembro, na Serra da Barriga, onde já temos a primeira atração nacional confirmada que é a cantora Rita Benedito, bem como os grupos culturais de temática afro que, tradicionalmente, já se apresentam, assim como os religiosos e capoeirista”, informou.

Essas parcerias reafirmam o compromisso da Universidade Federal de Alagoas com a promoção da diversidade, a valorização das identidades afro-brasileiras e o fortalecimento das políticas afirmativas, consolidando o papel da instituição como agente ativo na construção de uma sociedade mais justa, plural e antirracista.