Comissão da Memória descerra placa em homenagem aos estudantes da Ufal
O momento solene reuniu a comunidade acadêmica, familiares dos homenageados e militantes políticos
Mais um momento solene, promovido pela comissão da Memória, Verdade, Justiça e Reparação (CMVJR), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), reuniu familiares dos estudantes homenageados, representantes da comunidade universitária e militantes de organizações políticas, na Reitoria, na manhã da última sexta-feira (5).
A frente de honra foi composta pela vice-reitora, no exercício da reitoria, professora Eliane Cavalcanti; pelo secretário estadual dos Direitos Humanos, Marcelo Nascimento; e pela presidente da CMVJR da Ufal, professora Emanuelle Rodrigues. A atividade integra a Semana Estadual de Direitos Humanos promovida pelo Governo de Alagoas e pela Assembleia Legislativa. A placa, com os nomes de José Dalmo Lins, Gastone Beltrão e Manoel Lisboa, fecha o ciclo de reconhecimento a esses estudantes, que foi iniciado em 1º de abril deste ano, quando o Conselho Universitário (Consuni) aprovou a diplomação póstuma, reconhecendo que a formação acadêmica deles foi interrompida pela perseguição política, tortura e assassinato, durante a Ditadura MIlitar (1964-1985).
No dia 9 de novembro, durante a Bienal Internacional do Livro de Alagoas, numa solenidade emocionante, os três estudantes foram diplomados in memorian. A placa que foi afixada no hall da Reitoria, no Campus A. C. Simões, finaliza esse ciclo de reparação histórica. “É um passo importante no processo de justiça e reparação, sobretudo a esses familiares, a quem ficou, a quem não está mais aqui. Sobretudo às mães e pais desses estudantes que foram e continuam sendo referência para nós”, declarou Emanuelle Rodrigues.
O secretário de Direitos Humanos, Marcelo Nascimento, destacou a importância do reconhecimento institucional dos crimes cometidos pelo Estado Brasileiro. “Parabenizamos a Universidade pelo empenho e dedicação na busca da verdade, da memória e da reparação, que nós estamos fazendo hoje aqui. Muito tempo se passou desde o desaparecimento desses três estudantes, mas é importante fazer Justiça à memória deles”, ressaltou Marcelo. Ele registrou também que, nesse mesmo período, foi realizado em Brasília o 2º Encontro Nacional de Familiares de Pessoas Mortas e Desaparecidas Políticas durante a Ditadura Militar Brasileira (II Enafam). “Olga Miranda, nossa companheira aqui de Alagoas, está participando, para dar visibilidade à presença de nosso estado nesse seminário nacional”, destacou o secretário.
Em sua fala, a reitora em exercício, Eliane Cavalcanti, enfatizou a importância histórica do processo de reconhecimento aos estudantes da Ufal. “Não existe a reparação da dor, não existe a reparação de uma atrocidade. Existe aquilo que a atrocidade fez e deixou naquelas famílias, naquela história, naquela vida. E foi isso que a Ditadura Militar fez com esses três estudantes. Não só tirou a vida deles, mas também tirou parte das suas famílias, parte da história dessa Universidade”, disse ela.
E enfatizou a importância histórica da solenidade. “Esse é um momento em que a gente busca deixar registrado nos anais desta casa quem foram eles três, para inspirar outros jovens, para inspirar as outras pessoas. Porque a luta de Manoel, de Dalmo e de Gastone não era de forma alguma um projeto próprio ou em benefício próprio. Eles lutaram pelas pessoas, pelos nossos direitos”, finalizou.