Pesquisa investiga Síndrome de Burnout entre médicos residentes do HU
Estudo é orientado pela professora Ana Paula Nogueira de Magalhães, pesquisadora da área de Saúde Coletiva
- Atualizado em 22/04/2025 19h48

Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvido por estudantes de Medicina do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), busca compreender a prevalência da Síndrome de Burnout entre médicos residentes do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU). O estudo é orientado pela professora Ana Paula Nogueira de Magalhães, doutora em Enfermagem e docente da área de Saúde Coletiva.
A pesquisa é conduzida pelos estudantes Darlisson Rodrigues Duarte e Philippe Oliveira Lima, ambos do curso de Medicina da Ufal, Campus Arapiraca. O trabalho surgiu a partir de discussões no âmbito do Programa de Pesquisa e Extensão de Saúde do Trabalhador e Emancipação Humana (Prosateh), com foco nos impactos do trabalho sobre a saúde mental dos profissionais da saúde.
Segundo a professora Ana Paula, o adoecimento mental relacionado ao trabalho é um problema crescente e de grande relevância social. “A frequência de doenças mentais associadas ao ambiente laboral tem aumentado de forma preocupante. A Síndrome de Burnout, em especial, merece atenção por ser uma consequência direta de ambientes de trabalho estressantes e desumanizados”, afirmou.
Reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Síndrome de Burnout está na 11ª edição da Classificação Internacional das Doenças (CID) sob o código QD85. Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, ela é caracterizada por sintomas como exaustão emocional, despersonalização e sensação de baixa realização pessoal.
Embora possa afetar diversas categorias profissionais, sua incidência é mais expressiva entre profissionais da área da saúde, como médicos e enfermeiros, e em profissões ligadas ao cuidado humano, como assistentes sociais e professores. No caso específico dos médicos residentes, a literatura científica tem apontado uma crescente incidência de Burnout.
Fatores como longas jornadas de trabalho, privação de sono, baixa remuneração e limitação de tempo para estudo são apontados como agravantes do quadro. “A residência médica, apesar de ser uma fase essencial para a formação profissional, também pode representar um período de intenso sofrimento psíquico. Precisamos compreender melhor essa realidade para transformar esse cenário”, destacou a docente.
A pesquisa utiliza o instrumento Copenhagen Burnout Inventory (CBI), que permite avaliar três dimensões do esgotamento: o Burnout pessoal, o relacionado ao ambiente de trabalho e o relacionado à interação com pacientes. O levantamento está sendo feito por meio de formulário on-line, com preenchimento simples e totalmente anônimo.
O objetivo do estudo é traçar um panorama fiel da saúde mental dos médicos residentes da instituição e, a partir dos dados obtidos, propor estratégias que promovam o bem-estar e a qualidade de vida desses profissionais. “Nosso propósito é contribuir para que os espaços de formação e trabalho na saúde sejam também espaços de cuidado com quem cuida”, finaliza a docente.
