Docentes do curso de Enfermagem se tornam professoras eméritas da Ufal

Conselho Universitário concedeu o título para Regina Maria dos Santos, Célia Rozendo e Maria Cristina Trezza

Por Izadora García – relações públicas / Fotos Renner Boldrino
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Reitor Josealdo Tonholo, com a homenageadas Regina Maria do Santos, Célia Rozendo e Maria Cristina Trezza e a vice-reiotora Eliane Cavalcanti
Reitor Josealdo Tonholo, com a homenageadas Regina Maria do Santos, Célia Rozendo e Maria Cristina Trezza e a vice-reiotora Eliane Cavalcanti

A cerimônia de outorga dos títulos de Professora Emérita da Universidade Federal de Alagoas para as docentes Regina Maria dos Santos, Célia Alves Rozendo e Maria Cristina Soares Figueredo Trezza foi um momento de muita emoção e reconhecimento. O evento, realizado no auditório da Reitoria, na quinta-feira (8), reuniu servidores, estudantes e familiares para prestigiar a trajetória das mestras que fizeram a diferença no ensino da Enfermagem no estado de Alagoas.

O título de Professor Emérito é uma honraria concedida a docentes que se destacaram em suas áreas de atuação. Com isso, a Ufal, por meio do Conselho Universitário (Consuni), reconhece a contribuição notável dos profissionais para a instituição e para o desenvolvimento do conhecimento. O Consuni aprovou a concessão dos títulos às docentes da Escola de Enfermagem (Eenf), de acordo com as resoluções nº 92/2023, 93/2023 e 94/2023.

O cortejo da lâmpada, tradição das festividades relacionadas à Enfermagem e que representa a transmissão do conhecimento e a responsabilidade com os enfermos e com o cuidado, marcou o início da cerimônia. Posteriormente, houve a outorga dos títulos pelo reitor, Josealdo Tonholo, seguido dos discursos panegíricos de apresentação e das falas das novas professoras eméritas.

A primeira docente a receber o título foi Célia Rozendo. “Fico honrada pelo reconhecimento do que fiz como trabalhadora da educação por mais de três décadas. Dediquei parte significativa da minha vida à Ufal: aqui ajudei a formar trabalhadores, aqui desenvolvi minha própria formação, aqui ensinei e aqui aprendi”, afirmou.

“De menina que nasceu no sertão e cresceu no semiárido, que experimentou a dureza do cotidiano daqueles que sofrem pelas desigualdades sociais, vi, assumi e vivi a educação como única oportunidade de vencer o ciclo da pobreza. E por isso defendo que ela deve ser acessível a todos. Sou, então, fruto, exemplo e confirmação do poder da educação para mudar vidas”, finalizou.

Memória e Resistência

Em seguida, Maria Cristina Trezza iniciou seu discurso com um relato bem-humorado sobre o dia em que veio se apresentar ao então reitor da Ufal, Nabuco Lopes, para tomar posse, junto com a professora Regina Maria, há exatos 50 anos, em 8 de maio de 1975. De acordo com a docente, após serem surpreendidas por uma tempestade que inundou o carro no qual se dirigiam a Maceió, tiveram que tomar posse com roupas emprestadas.

Depois, da fala em tom descontraído, a professora, emocionada, se dirigiu aos alunos e ex-alunos, que formou em seus quase 50 anos de dedicação à docência.

“Eu queria cumprimentar a quem eu chamo de herdeiros: são os alunos, ex-alunos, que eu tive o prazer de conviver. Nada é melhor para um trabalhador, para um professor, que ser reconhecido. Às vezes, a gente se pergunta se conseguiu, mas quando a gente olha para vocês, para tudo que nós vivemos: as primeiras aulas, as primeiras formaturas, o reconhecimento do curso, o reconhecimento da profissão... enxergamos o resultado do processo de luta ao longo desses últimos 50 anos”, afirmou.

A docente também relembrou sua trajetória e sua dedicação à Instituição. “Eu amo a Ufal. Foi aqui que eu cresci como trabalhadora, como professora, como profissional, que eu me relacionei com as pessoas que eu mais amo: os alunos e os doentes. É muito bom saber que algo que você fez continuou, perpetuou. Esse título reconhece, mais que qualquer coisa, que você é sempre partícipe daqui, que você é reconhecida como parte da Universidade para sempre. E que orgulho tenho de deixar o meu legado: do cuidado e da cientificidade da Enfermagem”, concluiu.

A docente Laís de Miranda Crispim Costa relembrou a trajetória da professora Regina Maria dos Santos, última emérita a ser homenageada na noite.

“A Universidade existe para formar cidadãos, trabalhadores e trabalhadoras, pensadores críticos, pessoas dispostas a lutar pelos seus ideais. E a professora Regina reúne a capacidade de ensinar tudo isso tudo”. Laís seguiu relembrando a trajetória de Regina como estudante, militante e profissional. “É uma honra pra Escola de Enfermagem sacralizar na imagem e na memória quem é Regina Maria dos Santos”.

A cerimônia de outorga dos títulos de professora emérita foi finalizada com a fala da professora Regina. “Exatos 50 anos depois da minha posse, eu sinto o reconhecimento. É o reconhecimento dos esforços de uma enfermeira, de uma professora, que veio de onde eu vim, para estar onde estou. Fiz tudo que pude e em alguns momentos, fiz mais do que podia”, iniciou.

E completa: “Lutamos juntos, de uma ou de outra maneira, por melhores condições para universidades públicas. Passei muitas dificuldades, mas me mantive do lado do serviço público. Juntinho com as mais maravilhosas enfermeiras que já conheci, algumas delas gurus para mim. Dediquei 50 anos da minha vida à Escola de Enfermagem e à Ufal, uma instituição sólida que eu sempre espero que esteja no rumo certo”.

Para fechar sua fala, finalizou com um conselho: “Agora, eu falo aos alunos. Tenham muito cuidado com o que vocês vão fazer com a Enfermagem, com o nome da Universidade Federal de Alagoas e, principalmente, com a vida de vocês. Porque gente é pra ser feliz, gente não é pra passar fome. E educação é direito, não é mercadoria”.

A solenidade continuou com a outorga do título de Doutora Honoris Causa às professoras Bárbara Allen Pinto de Campos, Heloísa Helena Lima de Moraes e Francisca Lígia Sobral Garcia.

“O tempo nos convoca não apenas a homenagear, mas também a agradecer a essas mulheres. Essa homenagem, na realidade, nos leva a mergulhar no entendimento de que a Enfermagem tem a capacidade de transformar a sociedade”, afirmou Cícera Albuquerque, diretora da Escola de Enfermagem, que fez a proposição das homenagens ao Consuni.

“Na fala de cada, uma ficou a expressão do que é ser um cuidador, do que é ser uma militante, do que é acreditar e transformar. Essas mulheres não passaram pela história, elas escreveram a história. E, neste Dia das Mães que se aproxima, é uma justa homenagem a essas mulheres que gestaram esse curso de Enfermagem e que constroem uma história de saúde pública diferenciada nesse estado”, complementou a vice-reitora, Eliane Cavalcanti.

O reitor encerrou a cerimônia falando sobre o orgulho de trabalhar com pessoas tão dedicadas e comprometidas. “Já que a palavra da noite é cuidado, nós podemos dizer que essas mulheres honraram, cuidaram e mudaram a história não só da Enfermagem e da Escola de Enfermagem, mas também da saúde pública de Alagoas”.

Conheça as professoras eméritas

Célia Rozendo possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Alagoas (1989), mestrado (1995) e doutorado (2000) em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo. Realizou pós-doutorado/estágio sênior (2015) na Faculty of Nursing, University of Alberta, Canadá, como bolsista da Capes.

Maria Cristina Figueredo Trezza é Enfermeira Obstétrica formada pela Universidade Federal da Bahia (1975), mestre em Ciências da Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e doutora em Enfermagem (2002). Concluiu o pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). É também vice-líder do Grupo de Pesquisa Procuidado, que tem como linhas de pesquisa os estudos que contribuem para ampliar as possibilidades de cuidar/confortar no seu contexto e circunstâncias de vida.

Regina Maria dos Santos é graduada em Enfermagem Obstétrica pela Universidade Federal da Bahia (1974), mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1984), doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). Tem pós-doutorado em Metodologia da Pesquisa em História Comparada (2016). Foi superintendente do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (2017-2020) e gerente de Ensino e Pesquisa do mesmo hospital (2016-2017).

Confira as fotos da solenidade aqui



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